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SERVIÇO DO OPHIR LOYOLA

Próteses faciais ajudam pacientes a superar sequelas de cirurgias

Por Leila Cruz (HOL)
06/12/2019 17h24

O saxofonista Sidinei Ribeiro foi um dos beneficiados e recebeu uma prótese obturadoraA música, uma das maiores paixões do estudante Sidinei Ribeiro, 20 anos, foi interrompida por um nasoangiofibroma, um tipo de tumor benigno que ocorre na região posterior do nariz de pessoas jovens do sexo masculino. A obstrução e os sangramentos nasais impediram Sidinei de tocar saxofone, instrumento do qual se tornou inseparável desde os 16 anos. Devido aos riscos, por ser um tumor muito invasivo que poderia se espalhar para a base do crânio, foi encaminhado ao Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, onde foi submetido à cirurgia.

Algumas estruturas também foram removidas durante o procedimento, e para substituir o espaço aberto e impedir a comunicação entre a boca e o nariz, Sidinei recebeu uma prótese obturadora. Em setembro, ele voltou a tocar o instrumento normalmente e a se apresentar em bandas no município de Abaetetuba (Região do Baixo Tocantins), onde reside.

A conquista foi possível devido à atuação do Serviço de Reabilitação Protética Facial do HOL com a equipe multidisciplinar. “Voltar a tocar foi umas das melhores emoções da minha vida”, disse Sidinei Ribeiro, que fez questão de fazer uma demonstração no consultório.

Pessoas que sofreram alguma intervenção cirúrgica mutiladora na face em decorrência de câncer de cabeça e pescoço ou tumores benignos de crescimento mais agressivo são atendidas pelo Serviço. Isso ocorre porque as técnicas cirúrgicas deixam sequelas anatômicas e funcionais.

Uma situação vivenciada por Rutelene Silva, 71 anos, que pensava ter um simples abscesso no céu da boca (palato). Um dia abaixou a cabeça e teve uma hemorragia nasal com odor muito forte. Já era câncer. Em tratamento no Hospital Ophir Loyola - Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Pará -, a idosa foi atendida pela equipe de prótese bucomaxilofacial, para fazer um molde da arcada dentária.

Rutelene Silva colocou a prótese logo após a retirada de um tumor, ainda no bloco cirúrgico A prótese foi colocada logo após a retirada do tumor, ainda no bloco cirúrgico. Isso evitou uma série de complicações, como a ingestão de líquidos e alimentos saindo pelas narinas, e amenizou a voz devido à falha da comunicação bucosinusal, uma das sequelas ocasionadas pela ressecção tumoral. Sem a peça, é quase impossível compreender a fala de Rutelene. “Um dia meu marido brincou, dizendo que eu estava falando inglês. Tentar se comunicar e não ser compreendida é constrangedor”, disse.

Reabilitação - O Serviço de Prótese Bucomaxilofacial é o único especializado do SUS (Sistema Único de Saúde) no Pará. Atende, em média, de 10 a 15 pacientes por dia, nas quintas e sextas-feiras. Os pacientes oncológicos são encaminhados pelo setor de cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia plástica e demais especialidades do HOL.

Marcelo Carneiro, cirurgião que atua no HOLA prótese pode ser auricular, obturadora, ocular, nasal ou extensa, que é a prótese facial associada a algum outro tipo de prótese, dependendo da deformidade. “A reabilitação traz benefícios estéticos, emocionais e funcionais, e impacta a qualidade de vida das pessoas. Elas sofrem com o preconceito e a discriminação da sociedade devido às deformidades faciais”, explicou o cirurgião e protesiólogo bucomaxilofacial Marcelo Carneiro.

Tanto as próteses intraorais (obturadoras), que fecham a comunicação entre cavidades, quanto as oculares, são feitas de resina acrílica. As próteses faciais são feitas de silicone e instaladas com colas específicas ou implantes osseointegrados, por meio de cirurgia. Após a cicatrização, em torno de quatro meses, é feita uma prótese implanto-suportada, que será fixada por implante.

Convívio social - A perda parcial ou total de estruturas como o assoalho da boca e o palato deixam espaços abertos, que interferem na qualidade da fala do paciente e impedem uma alimentação segura por via oral. Nesse caso, são utilizadas as próteses obturadoras. Já as próteses faciais e as oculares devolvem a estética dos pacientes, protegem a cavidade de poeira e também de miíase (afecção parasitária provocada pela infestação na ferida cirúrgica de larvas de insetos) e resgatam a autoestima. Assim, eles conseguem conviver em sociedade.

“Muitos relatam que não saem mais de casa e não mantêm o convívio social por conta da deformidade. Após serem reabilitados, já não sofrem com alimentos saindo pelas narinas e conseguem ir aos restaurantes. Eles compareciam ao consultório com um curativo extenso ou até mesmo com um capuz para cobrir a deformidade. Agora, conseguem sair de casa sem serem discriminados”, contou Marcelo Carneiro.