Não existem obstáculos! Alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) focam no Enem

Entrar para a universidade é o sonho de quase todos os estudantes, não importa a classe social ou a idade. Na rede estadual de ensino os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ignoram as dificuldades e focam no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A primeira prova acontece neste domingo (3) e no Pará, cerca de 10% dos candidatos de escolas estaduais já são da meia idade. Para esta turma nunca é tarde para aprender e a idade não é problema para quem nunca deixou de sonhar com o futuro.

Na Escola Estadual Aldebaro Klautau, no bairro do Tapanã, em Belém, os candidatos inscritos no Exame vivem um momento de grande expectativa com a prova. Dona Dionísia dos Santos tem 67 anos e passou mais de 20 anos sem estudar. Quando voltou para a escola, em 2018, decidiu não apenas concluir a educação básica, mas também cursar o nível superior. A aposentada diz que a decisão de retornar à sala de aula foi motivada pela vontade de ter mais conhecimento e dar exemplo aos filhos que, ao contrário dela, optaram por não prosseguir nos estudos. “Quando estudamos, a gente aprende muitas coisas, fica sabendo do que está acontecendo no mundo e eu sentia falta de saber dessas coisas”, afirma.

É justamente para ter mais conhecimento que dona Dionísia vai fazer o Enem e tentar entrar para o curso de Direito. “Quero ser advogada de família porque tem muita gente que não sabe dos seus direitos e eu quero ajudar essas pessoas”, diz a estudante.

Assim como dona Dionísia, o colega de turma João Brito, de 47 anos, também está ansioso para realizar a prova. “Quero ser nutricionista e cuidar da alimentação hospitalar. O Enem vai me ajudar a ser um profissional dessa área e ter um emprego melhor”, diz o aluno. O João lembra da infância quando teve que parar os estudos ainda na quarta série do ensino fundamental para ajudar no sustento da família. Após 40 anos afastado da escola resolveu voltar para ter o diploma, realizar concursos e lutar por um futuro melhor. “Já consegui muitas coisas na vida, passei no processo seletivo, mas se eu não tivesse voltado a estudar não teria alcançado nada disso. Agora quero muito mais”, comenta. Aplicado na sala de aula, ele garante que tira notas boas e está preparado para a prova de domingo.

Passar no Enem e no vestibular é mais difícil para quem passou tantos anos fora da escola, mas os educadores percebem que os alunos estão se interessando mais pelo curso superior. “As escolas têm feito um trabalho de motivação e tentamos mostrar que eles também são capazes. Toda vez que um aluno da EJA entra na universidade é a nossa felicidade que se renova”, diz Vânia Moraes, professora de Filosofia das turmas de EJA da Aldebaro Klautau.