Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
COMBATE À VIOLÊNCIA

Delegacia de Atendimento à Mulher de Ananindeua completa um ano de atuação

Por Carol Menezes (SECOM)
25/10/2019 19h39

“A dependência que eu tinha não era econômica; era mais emocional. Por isso, o apoio que recebo me ajuda muito, e é fundamental para a minha recuperação. Foi uma luz na minha vida e na vida da minha família”. O depoimento de D.S.M., 62 anos, vítima de violência doméstica do companheiro com quem viveu por 19 anos, ilustra um dos quase 800 casos atendidos em um ano de funcionamento da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, que com o apoio integral do Programa ParaPaz Mulher busca ir além do atendimento e encaminhamento policial, oferecendo acolhida a quem precisa, como nunca, acreditar que é possível se livrar de um problema que acomete milhares de mulheres em todo o mundo.

Na contabilidade da Deam Ananinedua, inaugurada em outubro de 2018, as ocorrências variaram entre violência física, psicológica, patrimonial, moral e sexual. A equipe do Setor Psicossocial do ParaPaz Mulher, que funciona no mesmo prédio da Delegacia, atende ainda a região das ilhas do Curuçambá (bairro de Ananindeua) e os municípios de Santa Bárbara do Pará, Marituba e Benevides.

D.S.M., por exemplo, participa de rodas de conversas promovidas no local, onde há troca de experiências e lições de valorização e melhoria de autoestima.

"O trabalho é de extrema importância, porque é feito de forma integrada", destaca a delegada titular da Deam, Adriana Norat. "A equipe do Psicossocial, quando atesta a violência praticada, faz a sugestão e o encaminhamento para a Deam, com a diferença do tratamento mais sensibilizado à questão", acentua, lembrando que toda e qualquer delegacia ou seccional é obrigada a registrar uma queixa de violência contra mulher.

Assistência - Pela experiência acumulada à frente da Deam, Adriana Norat confirma que o crime de ameaça ainda é o mais frequente. Uma característica que diferencia as Delegacias de Ananindeua e Belém é que, na primeira, há muitas apresentações - os flagrantes chegam a 177, de um total de 794 registros. Para a delegada, a atuação presente da Deam tanto estimula a denúncia quanto inibe o homem à prática violenta.

"O fato de haver uma Delegacia em Ananindeua, que era uma demanda antiga, faz toda a diferença. Havia muita reclamação sobre a necessidade de um deslocamento tão longo quando a mulher, já agredida, vulnerável, queria recorrer à delegacia especializada", ressalta Adriana Norat. "E os homens, ao ver que as denúncias, os procedimentos judiciais são feitos, ou seja, que não ficaram impunes, ficam inibidos. É uma forma de prevenção", acrescenta.

A psicóloga Laura Marques integra a equipe do ParaPaz Mulher que recebe as mulheres em busca de atendimento. Na triagem, é identificado o tipo de violência sofrida, e entra em ação a equipe do Psicossocial, para definir o melhor encaminhamento e sugerir a formalização da denúncia.

Orientação - "Elas buscam de forma espontânea ou são referenciadas por outros órgãos, na maioria das vezes bastante fragilizadas. Em alguns casos, há a dependência econômica, e em outros a necessidade de solicitação de medida protetiva, e até de acolhimento em abrigos. Em todos os casos, orientamos e estimulamos o registro do boletim de ocorrência, nunca obrigando, porque muitas se sentem receosas em fazê-lo. Por isso, é tão importante esse momento de conversa, de reflexão", destaca a psicóloga.

Não é incomum que o abalo cause transtornos mentais - depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia etc. - nas mulheres, e também atinja seus filhos. Nesses casos, há ainda o encaminhamento, respectivamente, para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). "Nosso objetivo é tentar cercar, de todas as formas, essa mulher, para que ela possa superar essa situação e sair da condição de vulnerabilidade", reforça Laura Marques.

A mulher vítima de violência doméstica ou crime sexual deve procurar qualquer delegacia. Ela não é obrigada a buscar somente a Deam. No entanto, o atendimento na Delegacia da Mulher funciona 24 h, tanto em Belém como em Ananindeua, além de ser diferenciado e especializado.

Serviço: A Deam Ananindeua fica na Cidade Nova V, Travessa WE-31, nº 1.112, no bairro do Coqueiro. Há um número funcional que também fica 24 h no ar: (91) 98435-2596.