Artesã atendida pela Emater cria 'açaí de crochê'
Com orientações científicas e técnicas, Antônia Silva parte para uma nova etapa: o registro do produto
Antônia e sua rasa de açaí feita de crochê. Decoração criativa inovadora usa verdadeiros do frutoA artesã Antônia Silva, atendida há cinco anos pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Ananindeua, na região metropolitana de Belém, está registrando nos órgãos competentes a exclusividade de uma decoração criativa e inovadora que, segundo ela, “tem a cara do Pará”: uma rasa de açaí feita de crochê. O objetivo é evitar cópias e concorrência, protegendo o direito autoral.
A estrutura do paneiro é feita de crochê de barbante endurecido com resina industrial e recheado com caroços verdadeiros de açaí. Cada artigo tem sido vendido por ela em feiras e outros eventos, sobretudo os promovidos pela Emater, por R$ 10. Só na semana do Círio, ela vendeu cerca de 40.
Antônia Silva recebe acompanhamento regular da equipe da Emater, que reforça orientações científicas, sobre novas técnicas e tecnologias, além da valorização da cultura amazônica. São visitas técnicas, capacitações e participação em eventos.
Criadora da marca Crochê da Mamãe, que representa um grupo de seis artesãs de Ananindeua dissidentes de um anterior, Mãos que Criam, Antônia Silva, que mora no bairro Distrito Industrial, se diz “artesã desde sempre”. “Minha mãe era costureira e eu fui engatinhando da costura até os bordados e pontos mais sofisticados, em um ritmo autodidata”, explica.
O grupo Mãos que Criam existe até hoje, também com assistência da Emater, porém é generalista. O Crochê da Mamãe reúne exclusivamente mulheres que fazem crochê.
Entretanto, um dos apoios mais destacados da Emater vem sendo o fortalecimento das artesãs como “organização social”, na perspectiva da independência financeira e autoestima da mulher rural. “Antes éramos artesãs cada uma no seu isolamento, periurbanas, ou mesmo donas-de-casa, sem nenhuma capacitação específica. Agora somos um grupo, que planeja, executa e expõe junto”, explica.
Para a presidente da Emater, Cleide Amorim, o produto da Antônia é resultado do grande esforço dela e também do trabalho efetivo e direto, até a ponta, que o governo do Estado presta à população. "A sociedade precisa perceber que a gestão pública não se visualiza somente nas grandes obras materiais, mas também nas grandes obras humanas. A Antônia é um exemplo de superação e de talento - e nosso extensionista também é um exemplo de que a assistência técnica e extensão rural são fundamentais no processo de cidadania", diz Cleide.
O nome Crochê da Mamãe remete, ainda, à filha Débora, assassinada aos 34 anos, em 2017, em um assalto na loja da qual era proprietária. “Minha filha era a pessoa no mundo que mais valorizava meu trabalho, ajudava a divulgar e me incentivava. Não digo que o artesanato tenha me salvado da morte em vida, porque perder uma filha é uma dor inenarrável, mas o artesanato me ajudou a me levantar e a seguir em frente”, conta.