Pessoas privadas de liberdade realizam provas do Enem no Pará
Setecentos e cinquenta e quatro detentos participaram, nesta terça-feira (12), do primeiro dia de provas do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) 2017, no Pará. O exame começou às 13h pelo horário de Brasília. Em todo o Brasil, mais de 30 mil pessoas privadas de liberdade farão o Exame Nacional do Ensino Médio, que prossegue amanhã (13), em mais de mil centros de detenção do país de 577 municípios.
O Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), em Belém, e o Centro de Recuperação Mariano Antunes (CRAMA), em Marabá, foram as unidades prisionais do Estado que tiveram o maior número de inscritos, com 51 e 75 candidatos, respectivamente. Mais de 100 presos custodiados em centrais de triagem no Pará também participaram do Enem PPL 2017.
No primeiro dia do exame foram aplicadas provas de Ciências Humanas e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, além de Redação que teve como tema as "Consequências da busca por padrões de beleza idealizados".
A detenta Rosa Maria Leoncio diz ter feito uma boa redação. "Eu gostei bastante do tema porque é muito atual. Com as redes sociais, as pessoas estão muito preocupadas com a questão da beleza e buscam, cada vez mais, um padrão ideal sem medir as consequências. Eu acredito que vou tirar uma boa nota na redação. Já as demais questões da prova exigiram bastante concentração e análise. Espero que amanhã seja mais fácil", confessou a detenta.
A coordenadora de Educação Prisional da Susipe, Aline Mesquita, diz que a expectativa é grande para o resultado das provas e avalia o Enem PPL como excelente ferramenta de reinserção social no cárcere.
"A Susipe tem cada vez mais investido na educação prisional. Em 2016, mais de 1.000 detentos participaram das provas e tivemos 58 aprovados para certificação do ensino médio e 36 para cursos de nível superior. É uma grande conquista pra nós. A educação é a principal ferramenta de reinserção social. Em parceria com o Pro Paz realizamos aulões nesta reta final e temos certeza que com o esforço de cada um deles teremos bons resultados", garantiu Aline Mesquita.
Além do acesso ao ensino superior, quem faz o exame ainda pode receber remição da pena. Quem for aprovado terá direito a 800 horas de remição, o que equivale a 133 dias, de acordo com recomendação aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nesta quarta-feira, no segundo dia do exame, os participantes entram em sala às 13h15 pelo horário de Brasília para fazer as provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 197 mil pessoas presas e jovens sob medida socioeducativa já participaram do Enem PPL entre 2011 e 2016.
Encceja - Nos dias 19 e 20 de dezembro serão realizadas ainda as provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para pessoas privadas de liberdade e também jovens sob medida socioeducativa. De acordo com o Depen, mais de 74 mil presos vão prestar o exame em todo o país.