Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
FESTA LITERÁRIA

Emoção e troca de experiências marcam encontro com a escritora Wanda Monteiro

Por Ailson Braga (IOE)
25/09/2019 19h54

Cercada de abraços, carinho e muita "tietagem", a escritora Wanda Monteiro, do Rio de Janeiro, emocionou alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio Anísio Teixeira, em Marabá, no sudeste paraense, durante uma Roda de Conversa promovida pelo Portal do Conhecimento, projeto da Imprensa Oficial do Estado (Ioepa), nesta quarta-feira (25). A escritora, filha do também escritor paraense Benedicto Monteiro, cantou, declamou, contou histórias, reviveu memórias, se emocionou e provocou emoção na plateia de jovens, falando sobre literatura e amor à humanidade, à Terra, à Amazônia e às letras.

A questão das queimadas na Amazônia e o futuro das próximas gerações foram alguns dos muitos assuntos abordados pela autora, conhecida por sua preocupação com a preservação ambiental. “Tudo ao nosso redor deve nos interessar. Não podemos nos levar por falsas notícias sobre a nossa floresta, notícias que, na verdade, encobrem interesses escusos de grupos que querem lucrar com a devastação das florestas. E vocês, jovens, são realmente o futuro. São vocês que vão viver neste planeta. Qual o lugar que vocês querem viver?”, questionou Wanda Monteiro.

A Roda de Conversa da ação Portal nas Escolas faz parte da programação paralela da 1ª Festa Literária de Marabá, que integra a 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em Belém. O Portal nas Escolas leva escritores que participaram da 1ª Festa Literária de Marabá para um diálogo com o público estudantil, a  fim de fomentar o interesse pela literatura.

Linguagem sensorial - Wanda Monteiro leu vários poemas e declamou/cantou o “Soneto de Separação”, de Vinícius de Morais, para chamar a atenção do público para o uso subjetivo da linguagem. “A linguagem também pode ser entendida e absorvida de forma sensorial, corporal. Sensações podem descrever emoções, que são a matéria prima de quem escreve”, definiu a escritora, recebendo os aplausos da plateia.

Ela também abordou a ligação afetiva que tem com Marabá por meio da memória do pai. “Marabá era a segunda casa do Bené (Benedicto Monteiro). Ele tinha um carinho enorme por essa terra. Vocês devem preservar não só a natureza, mas as memórias ancestrais de vocês, sua cultura, sua arte, porque isso é o que nos forma como cidadãos e nos dá nossa identidade. Não percam isso nunca, e nem deixem que tirem de vocês essas marcas culturais milenares”, enfatizou a escritora.

Sobre a rotina de trabalho, Wanda Monteiro sugeriu a quem quiser começar a escrever a buscar referências em leituras, em sua vivência, na contemplação e no silêncio. “O ato de escrever é solitário. É preciso estar um pouco quieto para se ouvir os pensamentos e deixar as emoções e memórias fluírem. E leiam, mas leiam muito. Nunca deixem de ler, porque cada autor, cada livro, cada ideia, leva-nos a novas concepções, nos dá amadurecimento e conhecimento”, afirmou.

A alegria da escritora motivou muitos alunos, que perderam a timidez e declamaram poesias, falaram de suas experiências com a escrita e fizeram muitas perguntas. A estudante Talita Valério deu um depoimento ao lado de Wanda Monteiro, contando sobre sua vida acadêmica, o esforço, a obstinação e a busca por um resultado mais satisfatório em sua vida estudantil. “Eu tenho esperança de que, um dia, teremos uma vida melhor. Eu sonho com isso. Gosto de me expressar. Então, não consigo vir a um evento como este e não falar nada. Estou vivendo aqui um momento muito importante, que é ter conhecido a senhora (Wanda Monteiro) e ter experimentado essa troca de vivências, falando de arte. Porque eu acredito que a vida é regida pela arte”, ressaltou Talita Valério.

Momento único - Como foi uma Roda de Conversa marcada pela interatividade, ao final todos fizeram um círculo, deram-se as mãos e se despediram da escritora com muitos aplausos. Para Wanda Monteiro, a oportunidade de compartilhar suas memórias e conhecimentos foi ímpar e oportuna. “A Imprensa Oficial nos proporcionou aqui um momento único, maravilhoso. Ver esses jovens ávidos por nos ouvir e por falar, me emocionou demais. Não tenho palavras para agradecer por essa oportunidade”, declarou a escritora.

Para Elanna Fiama, coordenadora do Projeto Portal do Conhecimento da Ioepa, e responsável pela ação Portal nas Escolas, cada experiência com autor é única e carrega uma energia diferente, trazendo um nível de interação diferente. “Aqui, o que percebemos foi uma troca de experiência no sentido mais subjetivo do termo, na qual Wanda Monteiro deixou os alunos tão à vontade que eles falaram um pouco de suas trajetórias de vida, do ser amazônida e desse contato mais próximo com a natureza. Acho também que eles saíram daqui mais convencidos disso. A secularidade do mundo moderno faz com que a gente esteja no meio da floresta e não se aperceba disso; faz que a gente tenha riquezas culturais tão próprias, tão diversas, que não consiga compreender que a oralidade, que a história passada pelos nossos avós e pais, as lendas, que todo esse imaginário, é uma forma de dar significado a nossa existência”, disse Ellana Fiama.

O Portal nas Escolas será encerrado nesta quinta-feira (26), com a presença da escritora paraense Claudia Vidal na Escola Estadual Walkise Lima.

Serviço: A 1ª Festa Literária de Marabá faz parte da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, e ocorre até o próximo dia 29 (domingo), das 10 às 22 h, no Carajás Centro de Convenções, em Marabá. O estande da Ioepa oferece espaço lúdico para crianças e vende lançamentos e livros do acervo da editora. O site da Imprensa Oficial do Estado é www.ioepa.com.br.