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Escritor Paulo Nunes conversa com estudantes sobre criação literária

Por Ailson Braga (IOE)
24/09/2019 18h53

A Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa), por meio do Projeto Portal do Conhecimento, apresentou na manhã desta terça-feira (24) o escritor paraense Paulo Nunes aos estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Rio Tocantins, em Marabá, no sudeste paraense. O encontro fez parte da ação Portal nas Escolas, dentro da programação paralela da 1ª Festa Literária de Marabá, que ocorre até o dia 29 deste mês, no Centro de Convenções Carajás – Eventos e Feiras.

A coordenadora do "Portal do Conhecimento", Ellana Fiama; o representante da Secretaria Municipal de Cultura, Luciano Gomes, e a vice-gestora da Escola Rio Tocantins, Walglene Ferreira Gomes da Paz, também participaram da mesa da roda de conversa, organizada pela Ioepa em parceria com a Prefeitura de Marabá, por meio da Secult.

Em um bate-papo animado, o escritor Paulo Nunes falou sobre seu amor à palavra, sua atividade como escritor e professor, e da importância de os jovens conhecerem a poesia e as letras para se tornarem pessoas melhores e com opiniões mais seguras e embasadas. “Adoro o que eu faço. Vivo da palavra, seja como professor ou como escritor. Uma ajuda na outra. Então, quando eu discuto um grande autor ou autora em sala de aula, isso faz com que minha literatura seja alimentada”, definiu Paulo Nunes.

Perguntado por uma aluna sobre como se inspira em seu trabalho para o público infantil, Paulo Nunes ressaltou a importância das referências pessoais para o ato de escrever. Ele citou as obras de sua autoria, “Banho de Chuva”, “Mosquito que Engoliu o Boi” e “Baú de Bem Querer” para descrever seu processo criativo. “São várias as inspirações, e elas podem vir de vários lugares e, literalmente, de qualquer coisa. No caso desses três livros que eu citei, trata-se de uma trilogia que escrevi sobre a cidade de Belém do Pará. Muito preocupado com o abandono, o destino, com a forma como a população e, sobretudo, como os governos a maltratam, decidi escrever poemas sobre a Belém que eu vivi, para mostrar que ela foi uma cidade mais amena e menos ácida do que é hoje. Então, a cidade de Belém foi a inspiração”, explicou o escritor, ressaltando que o motivo de uma obra pode ser qualquer um. “Já escrevi para uma mulher, para meus netos e homenageei uma gama de gente diferente”, acrescentou.

"No meio do caminho" - Ainda sobre a inspiração vir de qualquer canto, Paulo Nunes citou o poeta Carlos Drummond de Andrade, quando escreveu “No Meio do Caminho”. “No início do século 20, entre os anos 20 e 30, a poesia era dominada basicamente pelos parnasianos, sobretudo pelas obras do poeta Olavo Bilac, que escrevia coisas como ‘Última flor do Lácio, inculta e bela...’. Drummond veio e disse que no meio do caminho havia uma pedra, e que ele nunca esqueceria aquele acontecimento na vida de suas retinas tão fatigadas. Perguntado qual o sentido existencial daquela pedra, ele respondeu que tropeçou nela e, na impossibilidade de escrever o palavrão, ele fez o poema. E com essa poesia, Drummond mudou a história da literatura brasileira”, disse Paulo Nunes, recebendo aplausos dos estudantes.

A plateia fez uma série de perguntas sobre a vida e a obra de Paulo Nunes. Uma delas foi sobre o que ele diria aos escritores iniciantes. “A primeira coisa que eu diria é que a literatura exige um pouco de isolamento e muito silêncio. Vivemos em um Estado, em cidades onde há muito barulho; como se o silêncio incomodasse. A segunda é escreva, perca o medo de mostrar a alguém e, depois, busque mecanismos para imprimir ou divulgar sua obra. Hoje, a tecnologia oferece inúmeras possibilidades de você levar sua obra ao público. No caso do livro impresso, a Imprensa Oficial do Estado acaba de lançar um edital para obras inéditas e, muito importante, voltado para a nossa região, para os escritores paraenses. A Fundação Cultural do Pará também tem editais, na internet vocês encontrarão outros tantos pelo Brasil. Com a facilidade de imprimir que as tecnologias oferecem, os escritores podem, eles mesmos, produzir suas obras”, informou.

Paulo Nunes agradeceu a oportunidade de participar da Roda de Conversa e destacou a iniciativa do Portal do Conhecimento e da Ioepa em aproximar escritores do público estudantil. A aluna Maiane Evelin subiu ao palco e agradeceu à Ioepa, à organização da 1ª Festa Literária de Marabá e à direção da escola por proporcionar aos alunos um momento importante como a Roda de Conversa. “Fiquei muito emocionada e agradecida por ter a oportunidade de ver um autor com uma visão tão bonita sobre a vida e sobre o ofício de escrever”, disse a estudante.

Saber e experiência - Segundo Ellana Fiamma, o projeto trabalha com a doação de kits, livros e materiais didáticos para escolas e centros comunitários, o que ajuda na promoção do conhecimento. “O conhecimento, o saber, se dão também além do ensino formal. A leitura, a troca de experiências, assim como a oportunidades de aumentar nossa cultura”, observou.

A coordenadora do Portal do Conhecimento também elogiou a organização da Escola Rio Tocantins e da Secult na condução da Roda de Conversa com Paulo Nunes. “Foi muito bonito ver a integração dos alunos com o autor. Essa é a maior satisfação, a maior alegria que a gente pode ter nesse trabalho. É conseguir por meio da leitura, da conversa, tocar a alma dos estudantes e abrir possibilidades. Porque a leitura é um universo que proporciona viagens inesquecíveis por meio dos livros”, frisou Ellana Fiama.  

Nesta quarta-feira (25), alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Anísio Teixeira receberão a escritora Wanda Monteiro, para uma Roda de Conversa sobre a obra da autora paraense radicada no Rio de Janeiro.

Serviço: A 1ª Festa Literária de Marabá faz parte da programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, e ocorre até o dia 29 (domingo), das 10 às 22 h, no Carajás Centro de Convenções, em Marabá.