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Santa Casa utiliza nova técnica para cirurgia em recém-nascidos

Por Helder Ribeiro (SANTA CASA)
16/09/2019 16h30

Esse é o terceiro procedimento realizado com esta técnica no Hospital.Antônia Lima, 29 anos, teve seu primeiro filho em uma cirurgia na maternidade da Fundação Santa Casa do Pará, no primeiro semestre deste ano. A cirurgia ocorreu por meio da técnica Simil-EXIT, quando o procedimento intraparto extra útero foi utilizado pela primeira vez na instituição.

“A cirurgia foi feita na hora do parto, com o bebê ainda no cordão umbilical. Tive alta em três dias, mas meu filho ficou internado por uma semana na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e depois mais três dias na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários), ele recebeu alta e agora venho fazendo seu acompanhamento com o cirurgião para ver se está tudo bem mesmo”, disse Antônia.

Durante o pré-natal, a paciente soube que seu bebê tinha uma anomalia congênita denominada gastrosquise, uma patologia grave em que a criança possui uma falha na parede abdominal deixando as vísceras exteriorizadas, o que aumenta o risco de morte no nascimento quando não existe o diagnóstico no pré-natal.

O chefe do serviço de cirurgia pediátrica da Santa Casa, Eduardo Amoras, explicou que existe uma lista com mais de 30 complicações relacionadas à gastrosquise e que, nos três casos tratados pela Santa Casa, se conseguiu uma recuperação muito rápida das crianças, uma vez que no procedimento Simil-EXIT, o índice de mortalidade ainda é alto.

De acordo com o Amoras, esse é o terceiro caso do Hospital. Os dois primeiros bebês seguem em bom estado de saúde. O médico afirmou que este tipo de investimento deve ser feito tanto na instituição quanto em outros serviços de retaguarda de cirurgia de neonatologia pediátrica.

Antônia Lima, 29 anos, teve seu primeiro filho em uma cirurgia na maternidade da Fundação Santa Casa do Pará, no primeiro semestre deste ano. “O sucesso das cirurgias é mérito de toda a equipe multiprofissional, que passou a se reunir para fazer protocolos e estabelecer fluxos (que inclusive poderão ser melhorados), que envolve também o nosso ambulatório de medicina fetal coordenado pelo médico ginecologista Fernando Bastos. Para conseguirmos cuidar desses casos da forma adequada utilizamos os diagnósticos feitos nesse ambulatório”, diz Amoras.

Esses são os primeiros casos do procedimento em hospital público no Norte do Brasil, o que requer uma expertise de toda a equipe multiprofissional e o envolvimento da família junto ao biopsicossocial, para que sejam todos os pontos analisados previamente, uma vez que são crianças que serão acompanhadas por profissionais de saúde por um longo período de tempo.

Neste mês de setembro, a equipe médica da Santa Casa realizou a terceira cirurgia utilizando a técnica Simil-EXIT. Desta vez, a mãe foi Kelly Pereira Gonçalves, 21 anos. Ela iniciou seu pré-natal próximo à sua casa, na Unidade de Saúde da Providência, em Belém, e já na primeira ultrassonografia obstétrica foi identificada uma suspeita de gastrosquise. Imediatamente, ela foi encaminhada à Santa Casa, onde o diagnóstico foi confirmado, dando início ao acompanhamento multiprofissional.

“Estou feliz porque deu tudo certo, foi bem mais rápido do que eu esperava, e agora só estou aguardando a minha recuperação e a da minha filha. A minha é só o pós-operatório, mas a minha bebê ainda vai ficar um tempo na UTI e depois ela vai à amamentação direta na UCI onde irá aprender a mamar sozinha”, diz Kelly.            

Técnica Simil-EXIT – Essa técnica foi idealizada pelo professor e cirurgião argentino Javier Svetliza, em que se aborda uma criança ainda ligada ao cordão umbilical e a placenta dentro do útero materno, quando a mãe é submetida a uma anestesia raquimedular associada a uma sedação que passa pela placenta e vai até o bebê.

Por isso, quando a criança nasce, ela não chora, logo, não deglute ar e não enche o intestino. O momento é o ideal para colocar todo o intestino para dentro em um ambiente estéril com menor risco de perfuração e infecção, o que dá uma possibilidade de alta e sobrevida melhor. Esse procedimento é tecnicamente novo (cerca de 10 anos), ainda com poucos casos dentro e fora do Brasil.