Carteiras de identidade são emitidas para vítimas de incêndio na Pedreira
Em dois dias de força-tarefa, em torno de 50 carteiras de identidade foram emitidas na unidade da políciaA Polícia Civil do Pará (PC) montou uma força-tarefa para ajudar as vítimas do incêndio que deixou um total de 49 famílias - cerca de 170 pessoas - desabrigadas no bairro da Pedreira, em Belém. Desde a tarde desta sexta-feira (13), a Seccional Urbana do bairro está sediando um mutirão para agilizar a emissão de documentos de identidade, necessários para obtenção de diversos benefícios às pessoas que perderam praticamente tudo no incidente.
O incêndio ocorreu por volta de 2h da manhã de sexta, na área da passagem São Benedito, entre as avenidas Visconde de Inhaúma e Marquês de Herval. A ação de cidadania da PC atende à determinação do governador Helder Barbalho e do vice-governador, Lúcio Vale, para prestar atendimento humanitário a todas as vítimas do incêndio.
Estão na força-tarefa servidores públicos da Diretoria de Identificação Enéas Martins (DIDEM), Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM), Assessoria de Relações Interinstitucionais (ARIN), Projeto Polícia Comunitária e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE). AS equipes atuam na prestação de apoio ao atendimento na Seccional. A meta é atender todas as vítimas.
Em dois dias de força-tarefa, em torno de 50 carteiras de identidade foram emitidas na unidade da polícia, localizada na avenida Pedro Miranda, entre travessas Mauriti e Barão do Triunfo. As pessoas podem registrar boletim de ocorrência na Seccional, para informar os documentos perdidos ou queimados no incêndio e, imediatamente, seguem para outra sala, onde dão entrada ao pedido pela nova carteira de identidade. O atendimento é gratuito.
A orientação do delegado-geral Alberto Teixeira é intensificar as ações de cidadania para que as vítimas do incêndio tenham acesso à nova documentação e, assim, sejam beneficiados por outros serviços prestados pelo Governo do Estado e pelo Município. Entre os serviços está a inclusão no programa Cheque-Moradia, da Companhia de Habitação do Estado (Cohab), visando a reconstrução das casas destruídas pelo fogo.
A meta é atender todas as vítimas dos incêndios no bairro da Pedreira.
A Polícia Civil está em contato com a equipe da Cohab responsável em cadastrar as pessoas no programa, mediante a expedição dos RGs. "Vamos seguir na missão de garantir o direito de nossa população atingida por este triste sinistro. O presidente da Companhia, José Scaff, não mede esforços para que nossa parceria seja estendida para todas as situações que estivermos ombro a ombro", ressaltou Alexandre Baena, assessor especial da Cohab.
A Cohab está em contato permanente na sala de situações do Corpo de Bombeiros montada para gerenciar o atendimento às vítimas do incêndio.
Mobilização – Responsável pela mobilização das vítimas do incêndio para obtenção dos novos documentos de identidade, a delegada Claudilene Maia, do Projeto de Polícia Comunitária da Polícia Civil, estabeleceu contato direto com as pessoas que se encontram, em maioria, abrigadas no bairro. Muitas delas foram levadas até a Seccional pela delegada para dar entrada na nova documentação. A emissão dos documentos é realizada por servidores da DIDEM e ARIN, em salas da Seccional.
Para emitir duas fotos tipo 3 por 4 usadas na confecção de cada carteira de identidade, a titular da ARIN, Cristina Rocha, firmou parceria com a loja Casa do Fotógrafo, para imprimir gratuitamente as fotos. Duas salas da Seccional foram disponibilizadas para registrar os boletins de ocorrências das vítimas do incêndio. Todo trabalho conta com a coordenação do diretor de Polícia Metropolitana, delegado Marco Antonio Duarte, suporte da equipe da Seccional, coordenada pelo delegado Daniel Castro, e apoio do diretor da Seccional da Sacramenta, delegado Fernando Pitton. Os três delegados estiveram no local do incêndio para ver de perto as necessidades da comunidade.
Pessoas atendidas – A realização da força-tarefa da Polícia Civil foi elogiada pelas pessoas que já procuraram o atendimento na Seccional da Pedreira. É o caso do motorista autônomo João Monteiro Farias, 45 anos, um dos mais antigos moradores da área. Residente em uma das primeiras casas atingidas pelas chamas, João conta que estava acordado em casa, assistindo a um filme na televisão, quando sentiu um forte cheiro de fumaça.
Morador na casa que fica aos fundos de outro imóvel, no qual moram 7 pessoas de duas famílias, ele detalha que só teve tempo de correr para avisar aos outros moradores sobre o incêndio. "É uma sensação inexplicável perder tudo dessa forma. A 'ficha' ainda não caiu", avaliou João Farias, que está em um abrigo no bairro. Ele conta que as chamas se propagaram muito rápido, pois ventava muito na área na ocasião.
A mesma sensação teve a estudante do curso de Técnico em Enfermagem, Regiane Mendes da Silva Assunção, 36 anos, moradora da Passagem Otília. A rua cruza a passagem São Benedito, onde algumas casas foram atingidas pelo fogo. No momento do incêndio, Regiane estava sozinha com o filho de 18 anos no imóvel, que é alugado e foi totalmente destruído pelo fogo. "Perdi tudo. Só tive tempo de sair correndo para a rua, pois o fogo já estava consumindo a casa", conta, lembrando que havia acabado de se mudar para o local na véspera do incêndio.
Outro incêndio – Além das vítimas do incêndio nesse local, pessoas que foram vitimadas por outro incêndio ocorrido na área do canal da rua Antonio Baena, por volta de 15h, foram atendidas na ação de cidadania realizada pela Polícia Civil na Seccional da Pedreira. É o caso da aposentada Raimunda Rodrigues Ferreira, 65 anos, que perdeu a casa no incidente, e de seu genro, Marcelo Silva, 32 anos, que também aproveitou a oportunidade para emitir um novo documento. Além dela, três residências de outras famílias foram atingidas pelo fogo nesse local.
Marcelo Silva conseguiu dar entrada no novo documento de identidade.