Classe hospitalar de unidades do Estado iniciam atividades do segundo semestre
Projeto garante que crianças internadas por longos períodos continuem estudando
Crianças continuam os estudos dentro dos hospitaisO início do segundo semestre letivo não é restrito apenas às escolas regulares em todo o país. No Pará, as atividades também ocorrem em hospitais públicos que desenvolvem projetos de escolarização para pacientes pediátricos internados.
Na segunda-feira (5), a classe hospitalar do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua retornou às aulas. Na capital paraense, as atividades do Hospital Oncológico Infantil Otávio Lobo recomeçaram nesta terça (6). Já na quarta-feira (7) será a vez do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém. Os hospitais pertencem ao Governo do Estado do Pará, e realizam atendimento público gratuito.
No HMUE, dos seis pacientes internados na Clínica Pediátrica e no Centro de Tratamento de Queimados, apenas dois puderam comparecer na volta às aulas. Os motivos são justificáveis, na escolarização hospitalar, as atividades pedagógicas dividem a atenção dos pacientes com os procedimentos assistenciais necessários a cada caso.
Diariamente, as professoras do projeto, desenvolvido nos hospitais pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), circulam pelas enfermarias para verificar o estado de saúde e as possibilidades de locomoção dos pacientes para às aulas. O perfil é de crianças com fraturas que necessitaram de alguma intervenção cirúrgica ou envolvidas em acidentes com queimaduras.
"Precisamos fazer isso porque entram pacientes novos, outros recebem alta. É importante mobilizar para despertar o interesse deles em ir para a classe", explicou Maria Odenir Félix, professora do projeto.
É preciso muita força de vontade para superar a dor e persistir para continuar a aprender. É o caso de Matheus Souza, de 9 anos, que sofreu uma queda e está internado há um mês. "Gostei da classe, dos quadros. Hoje pintei, escrevi, lembrei de matemática e português que aprendo no 3º ano na minha escola em São Miguel do Guamá", contou.
Em média, a Classe Hospitalar do HMUE atende 50 pacientes por mês. O compromisso é com a manutenção do vínculo com a escola, por isso os conteúdos são multidisciplinares e focados no nível de aprendizagem de cada aluno. Não são aplicadas avaliações, como nas escolas regulares, mas já houve caso em que uma prova precisou ser aplicada em parceria com a escola de origem do pequeno paciente, para que o estudante não perdesse o ano letivo.
Recomeço
Em funcionamento desde 2015, quando o hospital foi inaugurado, a Classe Hospitalar do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo oferece atendimento para as crianças em sala de aula e nos leitos, o que para muitos é um recomeço após a descoberta do câncer.
Foi o que aconteceu com o pequeno Leonardo Barreto, de 9 anos, que precisou se afastar dos estudos por um ano depois da descoberta de um tumor cerebral. Hoje, com o tratamento em fase de manutenção e a liberação da equipe médica para o retorno às aulas, é a mãe de Leonardo, Luanny Barreto, que fala sobre a importância da classe hospitalar para o filho.
"Eu tinha essa preocupação dele perder mais um ano letivo e fui conheci a classe hospitalar. É um projeto brilhante. Ele está amando, se esforça para acordar cedo e rever os amigos", conta a mãe. "Falo para ele que não será uma limitação na fala ou a doença que vai impedi-lo de alguma coisa no futuro. Ele é uma criança e a escola faz parte da vida dele", complementa Luanny.
Com aulas marcadas para esta terça-feira (6), a classe do Hospital Oncológico Infantil em 2019 já recebeu a visita de representantes da Seduc e, ao mesmo tempo em que comemora um aumento no número de matrículas, celebra também os alunos que tiveram alta e retornaram para as escolas regulares.
"Esse ano tivemos um aumento de alunos inscritos e isso é muito significativo. A tendência é só aumentar porque as famílias estão entendendo que a educação faz parte desse cuidado", destaca o professor Roberto França. "Ao mesmo tempo, para esse segundo semestre, tivemos três alunos que receberam alta e voltaram para suas cidades e escolas, o que nos deixa muito feliz", complementa a professora da classe, Elvira da Silva.
Santarém - Em 2014, o projeto Escolarização Hospitalar do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), foi criado para atender os alunos que estão em tratamento de longa permanência e que não podem frequentar uma sala de aula. Por meio dessa iniciativa, as crianças internadas no Hospital são matriculadas em uma escola municipal e acompanham o processo educacional nos próprios leitos.