Acusada de tráfico interestadual de drogas é presa em Belém
A Polícia Civil cumpriu nesta quarta-feira (24), em Belém, o mandado de prisão por sentença condenatória de Marcela Oliveira O'reilly. Ela foi condenada à pena de 14 anos e oito meses de reclusão, em sentença prolatada pelo juiz Eduardo Freire, da Vara de Combate ao Crime Organizado de Belém. A prisão foi efetuada por policiais civis da Polinter (Serviço de Polícia Interestadual de Buscas e Capturas), na capital paraense, comandados pelo delegado Eloi Nunes e investigador Hilário Junior.
Marcela ficará presa para cumprir pena pelos crimes de tráfico interestadual de drogas, associação para o tráfico, adulteração, falsificação e uso de receitas médicas falsas. Ela foi recolhida ao Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua (Região Metropolitana de Belém). A acusada se apresenta como empresária, e atualmente atuaria no ramo de recrutamento de pessoas para seleção de empregos.
O processo criminal que resultou na condenação de Marcela foi iniciado em 2009, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa em que ela vivia com o então companheiro, Fábio Alvarez Tenorio, no bairro do Jurunas, em Belém. Na época, uma operação foi realizada por policiais civis do Pará e do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos de Maringá (PR), que vieram a Belém cumprir mandado judicial decorrente de processo criminal instaurado naquele Estado. Os presos, na ocasião, eram investigados por suspeita de participação em associação criminosa para o comércio ilegal de drogas (medicamentos de uso restrito, entre eles, anorexígenos) em todo o País.
Falsificação - Os dois foram processados por utilização de receituários médicos, carimbos e assinaturas falsas para adquirir os medicamentos em estabelecimentos farmacêuticos e suspeitos de venderem receitas falsas. Tudo era negociado, em especial, por meio de uma rede social, de páginas pessoais na internet e por e-mail. As investigações realizadas, na época, apontaram que o casal enviava receitas médicas falsas a dois comparsas residentes na cidade de Ituiutaba (MG), para que fossem providenciados os medicamentos enviados aos compradores por todo o País. Além disso, Marcela (que se identificava como Giovana ou Gi) e Fábio vendiam receitas falsas a diversos compradores, e se utilizavam de contas correntes de outras pessoas para o recebimento dos pagamentos, lucro da venda dos medicamentos e das receitas falsas.
Na casa dos acusados, na época, foram apreendidos medicamentos de uso controlado, receitas médicas em branco e assinadas, carimbos de médicos, guias médicas do tipo B2, cartões de conta poupança e de conta corrente de terceiros. No local também foi apreendida uma embalagem lacrada dos Correios (Sedex), com o medicamento "Cloridrato de Sibutramina". Diante dos fatos, na época os policiais civis deram voz de prisão ao casal, que foi conduzido à sede da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), em Belém, para os procedimentos legais.
Os acusados também tinham receituário de controle especial em branco e receituários carimbados com os números de registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) de sete médicos, além de blocos de notificação de receitas para remédio controlado, carimbos diversos, caixas de vários medicamentos e talões de cheques próprios. Além da medida cautelar de busca domiciliar e apreensão, a Justiça de Maringá (PR) determinou a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos dos presos.
Foram feitas as quebras dos sigilos dos e-mails "atendimentobela@bol.com.br" e "estouforadeforma@bol.com.br" e do blog "estouforadeforma.blogspot.com", por meio dos quais as receitas falsas e os remédios controlados eram comercializados pelo casal. As investigações concluíram ainda que Marcela e Fábio usavam contas bancárias de uma instituição da qual Fábio era funcionário na época, e contas correntes em nome da própria Marcela.
Os correntistas das agências eram abordados por meio de telefonemas e cartas, por um funcionário da instituição bancária, sob alegação de que determinados valores teriam sido creditados em suas contas de forma equivocada, e os donos das contas eram convencidos a fazer saques de valores e "devolvê-los ao banco". Em apenas 15 dias, R$ 13 mil foram depositados nas contas dos envolvidos no esquema. Fábio Tenório está foragido.