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DIREÇÃO SEGURA

Hospitais públicos alertam sobre impactos sociais e econômicos de acidentes de trânsito

Por Rafaela Palmieri (SESPA)
24/07/2019 18h32

Na semana em que se comemora o Dia do Motorista (25 de Julho) e o do Motociclista (27), hospitais públicos que são referência em atendimento de vítimas de acidentes de trânsito reforçam a necessidade da direção segura. No Pará, duas unidades prestam atendimento a vítimas de acidentes de trânsito, atuando de acordo com a complexidade e necessidade de cada caso. O Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), no município de Ananindeua, atende os casos mais graves e urgentes, enquanto o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) - também na Região Metropolitana de Belém - atua como retaguarda.

Hospital Galileu garante retaguarda para vítimas de acidentes de trânsitoPedestres e ciclistas, que não possuem a obrigatoriedade de carteira de habilitação, são as vítimas mais graves nos casos de colisão ou atropelamento, pois ficam mais expostos. Por isso, o papel dos condutores de automóveis e motocicletas na direção preventiva é crucial.

Natanael Costa, 27 anos, está internado no Hospital Galileu há alguns dias, após passar por um procedimento cirúrgico. O paciente quebrou uma das pernas em um acidente de moto, em Castanhal, nordeste paraense. "Eu estava trafegando na preferencial quando um carro apareceu, de surpresa, em uma das vias que cruzavam a rua, fazendo com que eu batesse nele", contou. Casos como o de Natanael não são exceção. O desrespeito à preferencial contraria o Código de Trânsito Brasileiro, e é um exemplo de imprudência, quando a atitude indevida é tomada sem a cautela e o zelo necessários.

Outra situação comum nas cidades do interior, e também na capital, é a falta de capacete durante o tráfego. Os condutores habilitados devem conhecer as regras e a necessidade do equipamento, mas não colocam em prática, o que configura negligência do motociclista.

Há ainda casos de condutores que não possuem carteira de habilitação e, mesmo assim, trafegam livremente - principalmente em localidades onde a fiscalização não é intensa. Nessas situações, as causas dos acidentes estão relacionadas à imperícia - quando o condutor não tem o conhecimento técnico, teórico ou prático necessários para dirigir.

Consequências - Acidentes de trânsito podem ter várias consequências, como fraturas, deformações de membros, amputações, traumatismos cranianos e óbitos. "Temos uma grande demanda de pacientes polifraturados (com mais de uma fratura) e politraumatizados, que passaram por cirurgias no Hospital Metropolitano, e que posteriormente são encaminhados ao Galileu, para fazermos o tratamento definitivo e a recuperação. Em sua maioria, as fraturas são de tíbia e antebraço. Em casos raros, de fêmur", informou o ortopedista Marco Antônio Damasceno, do HPEG.

O acidente desencadeia uma série de atendimentos, desde urgência e internações, até cirurgias e exames, e não se encerra no pós-operatório. "A reabilitação é um processo importante, que envolve fisioterapia, terapia ocupacional e, quando a vítima não se restabelece, gera um custo social muito grande, pois ela não volta a trabalhar e compromete até o sustento da família", ressaltou o coordenador de Reabilitação do Metropolitano, Rafael Araújo.

Balanço - Das quase 16 mil pessoas atendidas no HMUE, em 2018, mais de 4.100 casos (25% do total) foram em decorrência de complicações causadas por colisões de automóveis (40%), acidentes de moto (38%), atropelamento (17%) e acidentes com bicicletas (5%).

No primeiro semestre de 2019, das mais de 7.700 pessoas atendidas até junho, quase 2 mil casos foram relacionados à insegurança no trânsito. Foram registradas 801 ocorrências de colisões de automóveis (41%); 692 acidentes com motocicletas (35%); 352 atropelamentos (18%) e 94 envolvendo bicicletas (5%). Ainda foram registrados 13 acidentes náuticos, frente à nenhuma ocorrência em 2018, alertando que os cuidados com o trânsito não devem ser restritos às vias terrestres.

Controle de infecções - Na área da saúde, uma das preocupações é o controle de infecções nas fraturas expostas, que podem levar à morte. As seis primeiras horas pós-trauma são decisivas no tratamento, por isso há necessidade de uma conduta padrão de uso de antibiótico no atendimento inicial. Este trabalho pode ser dificultado, uma vez que cada instituição adota os próprios protocolos e não há uniformidade na rede.

Para reverter esse quadro, a direção do HMUE apresentou uma proposta para a Rede de Atenção de Urgência e Emergência (RUE), que reúne hospitais, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e secretarias de Saúde do Estado e de municípios paraenses. Enquanto o procedimento não é padronizado, tratamentos específicos são adotados no Galileu. "Nos usuários que possuem fraturas expostas contaminadas, utiliza-se um fixador externo de ilizarov, pois a inserção de placas internas se torna inviável. Com o fixador, a fratura é tratada mesmo externamente, na tentativa de minimizar as sequelas", acrescentou o ortopedista.

Prevenção - Várias unidades da rede pública de saúde, sob o comando da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), desenvolvem o Programa "Direção Viva: Você Consciente, Trânsito mais Seguro!". O objetivo é promover ações de conscientização sobre as sequelas oriundas de traumas por acidentes de trânsito.

Na próxima sexta-feira (26), funcionários do Hospital Metropolitano voltarão à Rodovia BR-316 - principal via de entrada e saída de Belém - para uma atividade que utiliza maquiagem para simular ferimentos. A proposta é apontar as áreas do corpo humano mais atingidas nesse tipo de ocorrência, e chamar a atenção para os perigos da desatenção no trânsito.