Internos comemoram São João em unidades socioeducativas
A quadra junina pediu passagem à socioeducação para levar a alegria, descontração e novas vivências pedagógicas a adolescentes e jovens privados de liberdade custodiados no Estado. Os profissionais que atuam nas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), em parceria com os professores da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), promoveram, nesta quarta-feira (19), uma vasta programação em comemoração a data.
Além de músicas, danças folclóricas e comidas típicas, que são elementos simbólicos característicos da festividade junina, a data comemorativa tem como objetivo trabalhar as diversas nuances educativas com os internos, como valores e princípios, direito e deveres, exercitar o protagonismo, escolhas e consequências, contextualizando a temática em sala de aula, a partir da interdisciplinaridade.
"É bom viver esse momento aqui dentro, ter a nossa família por perto, mas gostava mais de quando participava da festa em liberdade", comentou, reflexivo, um jovem de 14 anos, que está no Centro Juvenil Masculino (CJM). "Aprendi várias coisas que eu não sabia sobre a festa junina e espero que todos, assim como eu, possamos seguir outros caminhos quando saí daqui", ressaltou o rapaz, que participou da ornamentação do espaço.
Participação – Cinco das onze unidades socioeducativas localizadas na Região Metropolitana de Belém realizaram, nesta quarta (19), sua programação junina: Centro Socioeducativo Feminino (Csef), Centro Feminino de Internação Provisória (Cfip), Centro juvenil Masculino (CJM), Unidade de Atendimento Socioeducativo de Ananindeua, Centro Socioeducativo Masculino (Csem).
Em meio a bandeirinhas, balões, fogueiras e trajes característicos, os jovens participaram de forma lúdica das brincadeiras, como corrida de saco, pescaria, esporão de galo (com balões), quadrilha maluca, música ao vivo e atrações culturais com performance do grupo da terceira idade, entre outros.
O juiz da 3º Vara da Infância e Juventude, Vanderlei de Oliveira, disse que todos os aspectos sociais que ocorrem dentro de uma unidade socioeducativa precisam estar conectados dentro de um projeto político pedagógico, que diz respeito a um planejamento estratégico da socioeducação.
"Qualquer evento que se faça dentro do plano cultural, educacional, relacional onde estejam presentes a família, a comunidade de modo geral e todos os eixos previstos pelo ECA e pela lei Sinase, precisam estar interconectados com a meta a ser alcançada, com uma visão consistente da socioeducação, para produzir os devidos resultados", esclareceu o magistrado.
O calendário das unidades socioeducativas da Fasepa é realizado ao longo de todo o mês de junho, levando em consideração o potencial vocacional artístico e cultural dos jovens e servidores na elaboração da programação, sensibilização com as famílias e a mobilização junto a Rede Intersetorial da Política Socioeducativa, como Tribunal de Justiça, Ministério Público, Secretaria de Saúde e Defensoria Pública.
Está previsto para os dias 27 e 28 desse mês, as comemorações juninas da Nova Semiliberdade CAS II e o Centro de Adolescente em Semiliberdade (CAS), respectivamente.
Para a gestora do Csem, Helennice Rocha, "o mês de junho é de grande expectativa para os rapazes. Eles gostam muito por conta da festa, das quadrilhas, das comidas e não podemos perder de vista porque esses momentos trazem integração, e isso é socioeducação", comentou ela.
Para a mãe de um adolescente que é do município de Capanema, nordeste do Estado, onde seu filho está internado na Uase Ananindeua, "a programação permite que a família tenha um momento, mesmo que por alguns instantes, a gente não lembre que ele está privado de liberdade e não vai poder voltar para casa comigo. Ajuda a descontrair e nos aproximar mais das pessoas", declarou a genitora.
Reviver as tradições e ensiná-las de forma responsável as novas gerações é algo que os organizadores levam em conta no momento do planejamento organizacional. "Comemorar o São João em uma unidade socioeducativa é algo que faz a diferença na vida desses jovens, pois possibilita que as tradições sejam relembradas e transmitidas de forma educativa por meio do trabalho que é desenvolvido com eles e por eles", pontuou o gestor da Uase Ananindeua, Alan Lima.