Semana enfatiza necessidade de prevenção ao escalpelamento nos municípios do Pará
A Coordenação Estadual de Mobilização Social da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) realizará, a partir da próxima segunda-feira, 21, a 3ª Semana Paraense de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com Escalpelamento, nos municípios que historicamente registram casos desse tipo de acidente, como Abaetetuba, Limoeiro do Ajuru, Curralinho, Breves, Portel e Bagre. A abertura será realizada às 9h, na Feira do Açaí, próximo ao Mercado do Ver-o-Peso, no Porto do Açaí e Porto da Palha, em Belém.
Com o tema “Defesa da vida e sensibilização para a segurança do transporte em nossos rios, furos e igarapés paraenses”, o encerramento da campanha será no dia 27 (domingo), na Praça da República, com uma ação em parceria com a Coordenação Estadual de Hepatites Virais, oferecendo testes de Hepatites B e C, teste de HIV/Aids e Sífilis. A programação terá a participação especial do Arraial do Pavulagem.
Ainda dentro da campanha, nos dias 23 e 24, no município de Abaetetuba, serão realizados o I Encontro de Educação, Saúde e Prevenção e o II Colóquio do Atendimento Escolar Hospitalar da Fundação Santa Casa do Pará e Espaço Acolher. “É um momento significativo para reafirmarmos compromissos entre gestores estaduais, municipais, barqueiros, profissionais de saúde e sociedade civil para a integração coletiva em ações de saúde e educação”, frisou Socorro Silva, coordenadora estadual de Mobilização Social.
Prevenção contínua
Dez municípios participarão da campanha, que tem como objetivo reforçar a necessidade contínua de convencer a população a adotar estratégias para evitar o acidente com escalpelamento, causado pelo eixo exposto dos motores das embarcações que, ao enroscar e puxar os cabelos de meninas e mulheres adultas, arranca parte ou todo o couro cabeludo, podendo levar à morte.
Na programação haverá roda de conversa com trabalhadores de saúde, cobertura de eixo de motor, abordagem aos barqueiros e curso de Capacitação em Tecnologias em Saúde no uso de curativos industrializados para atendimento de Urgência e Emergência de Lesões das Vítimas. A secretária adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães, também participará da abertura.
A secretaria vem desenvolvendo um trabalho intensivo de conscientização para prevenir acidentes provocados por eixos sem proteção de motor de barco - ainda um dos principais meios de transporte utilizado por ribeirinhos -, com o reforço de campanhas e ações realizadas pela Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com Escalpelamento.
Redução
“Ao longo do ano são realizadas seis campanhas pontuais contra o escalpelamento e os resultados têm sido positivos. As estatísticas apontam para uma redução expressiva desse tipo de acidente, que este ano ainda não gerou nenhum registro”, acrescentou Socorro Silva.
A redução dos casos de escalpelamento resulta de um trabalho integrado feito pela Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE), composta pela Marinha do Brasil, Fundação Santa Casa de Misericórdia, Defensoria Pública do Estado, Secretaria de Estado de Transportes (Setran), Capitania dos Portos, Ministério Público do Estado, Sindicato dos Médicos do Estado, Sociedade Paraense de Pediatria e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), entre outras entidades parceiras.
Atualmente, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará coordena o processo de implante de orelhas em vítimas desse tipo de acidente, que entre 2006 e 2017 somaram 129 casos atendidos. As vítimas de escalpelamento também recebem um apoio fundamental no Espaço Acolher, mantido pela Fundação Santa Casa, que desde 2003 hospeda vítimas desse tipo de acidente oriundas de municípios do interior, que precisam dar continuidade ao tratamento médico em Belém.
O Arquipélago do Marajó e o oeste paraense são regiões que lideram as procedências das vítimas de escalpelamento. A lista é composta por 42 municípios. Mas o balanço dessas ocorrências mostra a eficácia do trabalho que vem sendo feito: de 1982 até dezembro de 2014 foram registrados 409 casos de escalpelamento, contra 11 em 2015, seis em 2016 e nenhum até a primeira quinzena de agosto 2017.