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OPERAÇÃO SENTINELA

Polícia Civil prende grupo que praticava extorsões na Região Metropolitana de Belém

Por Redação - Agência PA (SECOM)
02/05/2019 13h31

A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (2), a operação "Sentinela" para cumprir mandados de prisão contra envolvidos em um grupo responsável por práticas de extorsão na região metropolitana de Belém. Foram seis presos na ação: quatro policiais civis (sendo um delegado, um escrivão e dois investigadores) e duas pessoas não policiais. A operação foi coordenada pela Divisão de Crimes Funcionais (Decrif), órgão da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, em parceria com o Núcleo de Inteligência Policial (NIP), Diretoria de Polícia Especializada (DPE) e Grupo de Pronto-Emprego (GPE). 

Na casa de um dos presos, de nome Izac da Silva Haick, localizada na Passagem São Sebastião, no bairro  do Marco, em Belém, a operação apreendeu uma gandola da PM do Pará; duas jaquetas da Polícia Civil; sete capas de coletes balísticos; uma pistola calibre 380; uma balança de precisão; uma máquina fotográfica; um binóculo; um tablete de material não identificado; duas carteiras com identificações de policial civil; um distintivo; um coldre; uma arma falsa tipo simulacro; um alicante de pressão; 25 Dólares e 130 Bolívares (dinheiro boliviano); uma algema, nove celulares e um carro modelo Ford KA. O outro preso é o traficante Fernando Jorge Martins da Silva, conhecido como Bigu. Outros três estão foragidos (um policial militar, um policial civil e um falso policial). 

As investigações mostraram que as extorsões tinham como vítimas pessoas envolvidas com tráfico de drogas, estelionato, falsários, entre outros. O grupo investigado identificava criminosos nos mais diferentes bairros da Região Metropolitana e solicitava auxílio de policiais para que, em conjunto, realizassem falsas “batidas policiais” para flagrar pessoas em práticas criminosas para então passarem a exigir dinheiro para não prendê-las. Além de extorquir, o grupo de falsos policiais se apoderava de drogas como forma de pagamento e na sequência repassava as drogas a traficantes que revendiam os entorpecentes.   

Em entrevista coletiva presidida pelo delegado-geral da Polícia Civil, Alberto Teixeira, na sede da Delegacia Geral, em Belém, o diretor da Decrif, delegado João Ricardo Inácio, explicou que a investigação teve início em janeiro do ano passado, após a unidade policial receber informações de que supostos policiais civis estariam praticando crimes de extorsão. De início, uma família foi ouvida e ajudou na identificação de policiais civis e de pessoas não policiais, mas que se identificavam como policiais civis. No total, as investigações apontaram 12 pessoas envolvidas no esquema criminoso. Destas, foram identificados cinco policiais civis, um policial militar, cinco "bate-paus" (falsos policiais) e um traficante de drogas. 

Durante as investigações, três investigados (falsos policiais) morreram. Dois deles - Antonio Lisboa e Ricardo Carlos Souza - foram assassinados, e o terceiro teve morte natural. Com base nas investigações, a equipe da Decrif solicitou à Justiça os mandados de prisão dos acusados, cujas ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares da Comarca de Belém.

Segundo o delegado João Inácio, as investigações apontaram que Antonio, Ricardo e Izac eram os líderes do grupo. "Eles eram responsáveis em entrar em contato com os informantes e, após ter as informações (sobre pessoas que seriam extorquidas), chamavam os policiais para participar com eles das extorsões", explica. Após as mortes de Antonio e Ricardo, Izac tomou a posição de líder do grupo. 

As investigações mostraram que os policiais atuavam no grupo para dar um "ar de legalidade" às ações criminosas. "O grupo de falsos policiais os convidavam para participar de uma falsa batida policial. Os falsos policiais, muitas vezes, agiam trajando uniformes de policiais, armas e distintivos. A associação criminosa conta com apoio de um delegado de Polícia que, muitas vezes, acobertava a situação", detalha. O delegado apontado por envolvimento no esquema já estava preso, no Complexo de Santa Izabel do Pará, por envolvimento em outro crime e teve a ordem de prisão apresentada na cadeia. Os presos irão responder, entre outros crimes, por concussão (extorsão cometida por servidor público), extorsão praticada pelos não policiais e associação criminosa. 

Segundo o delegado Raimundo Benassuly, corregedor-geral da Polícia Civil, os policiais civis presos irão responder, além do processo criminal, a um processo disciplinar que pode resultar na demissão a bem do serviço público. "Vamos reunir provas para abrir aos acusados o direito ao contraditório e ampla defesa, garantias existentes no processo, e após essa apuração, se for caracterizada a infração penal ou infração administrativa, eles serão demitidos", salienta.

O delegado destaca ainda a importância do serviço telefônico Disque Denúncia, pelo Fone 181, cujas informações de denúncias anônimas repassadas por pessoas da comunidade, ajudaram nas investigações da prática criminosa. "É natural que as pessoas tenham receio de denunciar um policial, mas temos uma ferramenta importante, que é o 181, no qual você poderá fazer a denúncia e não será identificado. Muitas das investigações são bem sucedidas com denúncias do 181", ressalta Benassuly. 

O delegado-geral, Alberto Teixeira, ressaltou que é determinação do Governo do Estado agir para combater crimes praticados por policiais. "Hoje, estamos cortando na carne. Se nossos policiais continuarem a praticar crimes fatalmente a Polícia Civil do Estado, por meio de seus órgãos, irá responsabilizar aqueles que optam por praticar crimes", afirmou. Ele ressalta ainda que é inadmissível que um servidor público possa praticar crimes. "Temos reiterado a necessidade de agirmos dentro da legalidade, no estrito cumprimento do dever, para que não demos margens para sermos questionados por quem quer que seja", salienta. Teixeira destaca ainda que, da mesma forma que policiais civis são investigados e podem ser presos, os policiais civis que se destacam no exercício de suas atividades têm sido homenageados e condecorados pela Instituição Policial.