CIIR oferece atendimento global para autistas
Difundir informações para a população sobre o autismo e, assim, reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas por Transtorno do Espectro Autista (TEA), foi o que motivou a criação do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado anualmente, em 2 de abril.
De acordo como a Organização Mundial de Saúde, os transtornos do espectro autista (TEA), como o próprio nome sinaliza, englobam uma série de diferentes apresentações do quadro, que têm em comum, maior ou menor limitação na comunicação e na interação social, além de comportamentos característicos e com gama restrita de interesses.
O paciente Filipe Ataíde de Assunção, 20, foi diagnosticado com Asperger, um dos transtornos do espectro autista, aos 7 anos de idade. Segundo a mãe de Filipe, Silvânia Assunção, no primeiro momento, a notícia foi impactante para toda a família, por causa da falta de informações sobre a síndrome e por existirem pouco profissionais e Unidades de Saúde à época habilitados no tratamento.
“Iniciamos a busca de informações e de profissionais, que naquele tempo eram poucos, que pudessem nos ajudar a potencializar o Felipe, dentro do que seria possível para a melhoria do seu quadro. Atualmente, existem muitos profissionais habilitados para o atendimento de pessoas com espectro autista, mas, ainda enfrentamos muito preconceito e desconhecimento sobre o assunto”, disse Silvânia.
No Estado do Pará, em Belém, os pacientes com TEA são atendidos no Centro Integrado de Inclusão e reabilitação (CIIR) e submetidos a tratamentos para habilitação/reabilitação para estimulação das consequências que o autismo implica, como dificuldade no desenvolvimento da linguagem, interações sociais e capacidades funcionais. Essas características demandam cuidados específicos e singulares, com acompanhamento ao longo das diferentes fases da vida.
Filipe é paciente do CIIR desde a sua inauguração, em 2018. No Centro, Filipe é atendido por uma equipe multidisciplinar, que inclui psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicopedagogo, assistente social, educador físico, fisioterapeuta, nutricionista, musicoterapeuta, além de especialidades médicas e odontológicas que forem necessárias, conforme necessidade de cada paciente.
“O CIIR tem possibilitado às pessoas com deficiência, bem como aos seus familiares, uma melhoria na qualidade de vida. Com um ambiente saudável e alegre, dispõe de profissionais habilitados, além da Escuta Ativa, que possibilita sanar os possíveis problemas que podem surgir”, destacou a mãe de Filipe.
Conforme a médica neuropediatra do CIIR, Regina Célia Brandão Duarte, o autismo não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética para a sua ocorrência. Sobre o grau de gravidade do Autismo, Regina disse que "varia entre pessoas que serão dependentes para as atividades de vida diárias (AVDs), ao longo de toda a vida e as que apresentam um quadro leve e com total independência e discretas dificuldades de adaptação, como a exemplo de autistas de alto funcionamento, como é o caso dos pacientes com um dos transtornos de espectro autista, a Asperger”, informou a especialista.
Filipe é uma das pessoas com quadro leve autismo, que a médica descreveu. Ele mostra que deficiência não é antônimo de eficiência. O paciente, que é estudante do último ano do ensino médio, "é muito independente, organizado, vai à escola, sozinho e as suas atividades diárias são iguais as de pessoas sem autismo", ressaltou Silvânia.
O terapeuta ocupacional é um dos envolvidos na reabilitação dos pacientes com autismo, responsáveis pelo bom desempenho de suas Atividades de Vida Diária (AVD's). O profissional realiza o atendimento visando a autonomia do paciente frente à demanda do seu cotidiano, fazendo uso de abordagens que favorecem com que o usuário alcance independência no cotidiano, a exemplo das AVD's, (que é uma competência exclusiva do terapeuta ocupacional, atender esta demanda), a modulação dos estímulos sensoriais, estimulando a generalização do repertório experienciado nas terapias, e também com as demandas de estimulação cognitiva, todas voltados para o cotidiano.
Segundo uma das terapeutas ocupacionais do CIIR, Grazielle Santos, “quando se fala na atuação do terapeuta ocupacional, junto à pessoa com TEA, é importante compreender as principais áreas acometidas com possíveis prejuízos. A maioria dos pacientes atendidos pelos profissionais terapeutas são crianças e adolescentes com demandas voltadas para: as AVDs (atividades da vida diária), atividades relacionadas à escola e ao ato de brincar. O objetivo global da terapia ocupacional é ajudar a pessoa com autismo a melhorar a qualidade de vida em casa e na escola. O terapeuta ajuda a introduzir, manter e melhorar as habilidades para que eles consigam chegar ao seu máximo de independência", disse.
Sobre inclusão das pessoas com autismo na sociedade, a mãe de Filipe disse que ainda há um grande desafio para as organizações e para a sociedade. “Apesar de uma significativa evolução, ainda falta mecanismos para entender que devemos ter um olhar equânime para todas as deficiências, respeitando as diferenças e integrando e interagindo no mundo do trabalho”, finalizou.
Programação pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo – O CIIR participou da Caminhada pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo - Juntos somos mais fortes, organizada pela ONG Amora e com a participação de várias instituições públicas e privadas. A ação foi realizada na manhã do sábado (30).
Na próxima terça-feira (2), a partir das 8h30, o Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) promove um café da manhã, seguido de uma roda de conversa conduzida pela psicóloga Haila Merabet com acompanhantes de usuários autistas assistidos pelo Centro. Haverá ainda distribuição e repasse de informações sobre a importância nutricional da pessoa autista.
Os usuários podem ter acesso aos serviços do CIIR por meio de encaminhamento das unidades de saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município.
Serviço: o CIIR funciona em um complexo localizado na rodovia Arthur Bernardes, 1.000. Mais informações: 4042-2157/2158/2159.