Mais de 600 indígenas realizam pela primeira vez assembleia no Pará
Num momento em que as discussões sobre os direitos humanos são uma constante na sociedade, indígenas de todas as regiões da Amazônia Legal se reúnem no município de Santa Luzia do Pará, na aldeia sede do Alto Rio Guamá, para discutir sobre a atual conjuntura política brasileira. O evento, que foi aberto nesta segunda-feira (28) e segue até a quarta (30), é realizado pela primeira vez no Pará e considerado pelos indígenas como estratégico para definir o futuro e as pretensões do movimento indígena amazônico.
Cerca de 600 indígenas dos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins participam daprogramação, além de lideranças de países como Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Suriname. A XI Assembleia da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) é um dos mais importantes eventos do movimento indigenista, que terá como culminância a eleição geral dos novos representantes da entidade.
O cacique Naldo Tembé, anfitrião do evento, falou da satisfação em reunir indígenas de diversos estados em sua aldeia. “É uma imensa alegria receber todos os meus parentes aqui. Durante esses dias discutiremos o fortalecimento da Coiab, que é a organização que responde por todos os povos indígenas da Amazônia Legal. Vamos tratar sobre diversos assuntos, entre eles educação, saúde e, principalmente, sobre os territórios indígenas”.
Para Sônia Guajajara, da Terra Indígena Araribóia, localizada no Maranhão, atual coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a ocasião é bastante apropriada para a realização do encontro. “Vivemos um momento complexo, onde o ataque aos direitos dos povos indígenas, as ameaças de retrocessos e perdas de direitos, além de nos preocupar, ameaçam nossa existência, por isso a necessidade de reunir todos os representantes dos povos da Amazônia. Nossa luta ultrapassa fronteiras, esse é o momento de avaliarmos o contexto político, definir estratégias e fortalecer as parcerias em âmbito nacional e internacional com quem é da causa indígena”, complementou.
Convidado especial da Assembleia, o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Michell Durans, esteve na abertura do evento. “Participar desse encontro, organizado por uma entidade de tamanha credibilidade como a Coiab, é uma oportunidade ímpar para o governo do Estado. Nossa presença nesse debate não só reforça o compromisso do Governo do Pará com as políticas indigenistas, como também promove um diálogo, onde ouvimos as necessidades dos povos e junto com eles elaboramos soluções para diversos problemas. Precisamos fortalecer momentos como esses e descobrir a melhor forma de avançar nas políticas para os povos indígenas. Isso é essencial”, explicou.
Da terra indígena do Alto Rio Negro, do Amazonas, Nara Baré, coordenadora executiva da Coiab, agradeceu o apoio do Governo do Pará ao evento. “Essa é a primeira vez que temos o apoio total de um governo estadual nessa assembleia. O Governo do Pará garantiu não só o apoio financeiro, mas também apoio técnico com a presença de várias secretarias e parceiros”.
Representante do povo Tembé em uma das coordenações da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Pará (Sejudh), Puyr Tembé avaliou a realização o encontro. “Cheguei até o governo por meio da demanda do movimento indígena. Hoje atuo na Sejudh buscando sempre defender, proteger e fazer a promoção dos direitos dos povos indígenas, principalmente nesse momento complicado em que vivemos. Fazer parte desse processo é muito importante para mim e quando levamos ao governador essa demanda, para o apoio na realização dessa Assembleia, ele abraçou a causa de imediato. Por isso e só temos a agradecer. Hoje estão aqui também as secretarias de Esporte e Lazer (Seel), de Saúde (Sespa), representantes da Universidade do Estado (Uepa), dentre outras, possibilitando uma maior aproximação com os povos indígenas”, finalizou.