Feira do Ideflor-Bio oferece produtos sustentáveis no Parque do Utinga
Barbatimão para o útero e os gânglios; assacú para prevenir o câncer; óleo de rícino para fortalecer os cabelos e o de castanha para atenuar as rugas; castanha do Pará, urucum, goma, pimenta, tucupi, farinha. Esses são apenas alguns dos produtos que estavam disponíveis na Feira da Sociobiodiversidade, realizada no Parque Estadual do Utinga nesta quinta-feira (7).
Organizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio), a feira integra pequenos agricultores de diversos municípios paraenses, os quais oferecem produtos livres de agroquímicos, produzidos a partir de práticas sustentáveis e técnicas artesanais.
O administrador Renato Leal veio ao Utinga exclusivamente para aproveitar a oportunidade. “Minha mãe viu que ia ter e pediu que eu viesse comprar alguns produtos que ela gosta muito, como os óleos de andiroba e copaíba”. A presidente do Ideflor-bio, Karla Bengtson, aproveitou a manhã para renovar a dispensa com frutas, como o cacau e a carambola.
Era possível encontrar, ainda, licores de jambu, tucupi e ginja. Mas, além dos produtos alimentícios e fitoterápicos da Amazônia, a feira também trouxe artesanatos, ecojoias e mudas de espécies florestais, medicinais, artesanais e alimentícias.
Os produtos vêm dos agricultores do projeto AgroVárzea, da Cooperativa de Agricultores Familiares de Primavera (Cooprima), do Ecomuseu da Amazônia e do coletivo Flora da Amazônia.
Saberes tradicionais – Muitos dos produtos disponíveis são produzidos a partir de conhecimentos ancestrais, como os fitoterápicos da Flora da Amazônia, coletivo composto pelas mulheres andirobeiras do Marajó.
Edna Marajoara, que vem de Ponta de Pedras, conta que os sabões, óleos e xaropes são produzidos com conhecimentos transmitidos pelas pajés da etnia indígena Guayaná. “São conhecimentos que remontam há mais de nove mil anos, que foram repassados a mim pela minha avó e que dão origem a nossa farmácia nativa da Amazônia”, explica.
Já a presidente da Coprima, Joelma Nunes, diz que a associação nasceu há cinco anos para divulgar e comercializar os produtos de 39 agricultores do município de Primavera. Utilizando técnicas artesanais e sustentáveis, a cooperativa já ganhou até prêmios por seus produtos, como mel, pimentas, óleo de coco, licores, sabonetes.
As pedras são o forte de Mônica Moraes, artesã da ilha de Caratateua, atendida pelo projeto Ecomuseu da Amazônia. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Educação de Belém (Semec). Mônica produz anéis, brincos, cordões, pulseiras e braceletes com técnicas e produtos variados, como as sementes da Amazônica e pedras brasileiras.
“Cada uma das pedras tem uma ação e um significado, como a pedra olho de gato, que facilita a criatividade, e a pedra do sol, que atrai positividade e alegria”, ressalta a artesã.
Integração – Alguns dos agricultores são atendidos em diversos projetos do Ideflor-bio. Para Laura Dias, coordenadora do evento, a feira é uma forma de interação entre os trabalhos das unidades do Instituto.
“Nós já realizávamos mensalmente a Feira do projeto AgroVárzea, mas em 2019 resolvemos ampliar e agregar as comunidades trabalhadas em outros setores do Ideflor-bio, como as sociedades indígenas. Também congregamos agricultores de outras associações e cooperativas, assim conseguimos fazer uma Feira maior, com mais produtos para atender o público consumidor e também gerar renda aos agricultores familiares e comunitários”, afirma Laura Dias.
AgroVárzea – A Feira da Sociobiodiversidade iniciou há aproximadamente dois anos. Em outro formato, era realizada no estacionamento do Ideflor-bio, como uma iniciativa do projeto AgroVárzea, por meio do qual o instituto atende agricultores familiares e comunitários das quatro Unidades de Conservação da Grande Belém: o Parque do Utinga, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e as Áreas de Proteção Ambiental Metropolitana de Belém e Ilha do Combu.
O AgroVárzea auxilia os agricultores com assistência técnica em diversos estágios da cadeia agrícola, além de oferecer capacitações e auxiliar no estabelecimento de atividades turísticas nas propriedades rurais. “A feira iniciou como uma forma de agregar renda aos agricultores e possibilitar uma via direta de comercialização dos produtos, uma vez que nela há a interação mais imediata entre produtores e consumidores”, conclui Laura Dias.