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RESSOCIALIZAÇÃO

Projeto do CNJ oferece oportunidades de trabalho a detentos da Susipe

Por Redação - Agência PA (SECOM)
30/01/2015 19h59

Onze internos do Centro de Progressão Penitenciário de Belém (CPPB) e Centro de Recuperação Feminino (CRF) transformam em virtuais os processos do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE-PA), que ainda tramitam em papel. O trabalho faz parte do Projeto Começar de Novo, criado em 2009 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de promover ações de reinserção social de presos, egressos do sistema carcerário e de cumpridores de medidas e penas alternativas. A criação das Centrais de Digitalização de documentos de arquivos é um investimento do TJE em desburocratização e agilidade, iniciado em 2013.

O trabalho dos internos faz parte de um convênio firmado, há dois anos, entre a Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) e o TJE-PA. Quatro novos detentos, que cumprem pena no regime semiaberto, fizeram um curso de capacitação profissional no final do ano passado, e desde janeiro iniciaram o trabalho na Central de Digitalização.

O supervisor da Central instalada na sede TJE, Sérgio Moreira, avaliou como positivo s trabalho desenvolvido. “A ideia é intensificar o uso de tecnologia da informação, além de otimizar o fluxo de informações e processos, buscando mais agilidade. Com o trabalho feito pelos detentos na Central de Digitalização, o TJE conseguiu simplificar a burocracia e os processos de trabalho, e economizou tempo nos trâmites processuais”, ressaltou.

"Pela porta da frente" - Aleksei Ribeiro, 29 anos, que antes de ser preso trabalhava com serviços gerais em uma clínica particular em Belém, desde janeiro deste ano está no TJE, após finalizar um curso de Biblioteconomia na Colônia Agrícola Penal de Santa Izabel (CPASI). Ele também realizou um curso de computação, e está concluindo o Ensino Médio. “Vou sair pela porta de frente do CPPB, de pé direito e cabeça erguida”, afirmou o interno.

Aleksei foi preso em 2013, acusado de assalto. É pai de seis filhos, que moram com sua esposa, por isso ele contou que o projeto é importante para ajudar a manter a renda familiar. “Estou recomeçando uma nova etapa, mas acredito que o trabalho aumentou minha autoestima, me trouxe dignidade e respeito por mim e minha família. Agora penso neles, e tudo o que ganho procuro mandar para casa, para ajudar na alimentação e nas contas. É uma nova etapa, e me sinto feliz por isso”, afirmou. 

Os internos que participam do projeto de digitalização de documentos recebem por mês um salário mínimo, auxílio-transporte e auxílio-alimentação, e trabalham oito horas por dia.

Darlan Ritheli dos Santos é outro beneficiado, que entrou este ano no projeto. É o primeiro emprego dele, que aos 29 anos está preso há dois anos por tráfico de drogas. Agora, diante da oportunidade de trabalho no Tribunal, só pensa em conseguir superar o tempo perdido e alcançar seus objetivos. "Pretendo prestar vestibular na área de Serviço Social. Esse projeto é uma ferramenta de acesso a novos caminhos. É por aqui que vai iniciar o meu incentivo a continuar lá fora, e recomeçar de maneira lícita na vida, rumo a um novo emprego, independente do que seja”, garantiu.

Oportunidades - Para a gerente da Divisão de Trabalho e Produção da Susipe, Izabel Ponçadilha, o trabalho, além de ser um ofício para capacitar os internos, também os educa. “Ao tirarmos o preso de dentro das unidades e o levarmos para um local de trabalho, mostramos que há outras oportunidades na vida. Eles têm contato com um ambiente diferente, com histórias de sucesso, e esses exemplos são boas motivações para que eles queiram mudar suas histórias, e não retornarem para o cárcere. As empresas estão despertando cada vez mais para a importância da responsabilidade social", ressaltou a gerente.

O trabalho na Central de Digitalização envolve desde o recebimento da documentação, a identificação do lote, a conferência inicial para detecção e registro de problemas, limpeza e higienização do local, a digitalização, o controle de qualidade e a tramitação dos documentos.

Desde 2009, o Projeto Começar de Novo encaminha presos de qualquer regime e egressos para inserção no mercado de trabalho. No Pará, as ações do projeto são realizadas na Região Metropolitana de Belém (RMB), e nos municípios de Santarém, Altamira, Castanhal, Paragominas e Redenção. Em quatro anos, cerca de 250 internos já foram atendidos no Estado.

Para participar, o interno precisa ter sido avaliado por uma equipe psicossocial da unidade da Susipe, apresentar bom comportamento, cumprir regularmente a pena e estar disposto a recomeçar a vida sob uma nova perspectiva.

A Diretoria Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), no Pará, também contará com mais 30 novos internos a partir do próximo mês. O objetivo é dar oportunidade para novos detentos, já que nas próximas semanas vai expirar o contrato de outros 30 internos, que já trabalhavam no local. A substituição será gradativa, e faz parte do Projeto Começar de Novo, iniciativa do CNJ e dos Tribunais de Justiça, que estimula a ressocialização da população carcerária.