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TERCEIRIZAÇÃO

Nutricionistas da Susipe garantem qualidade da alimentação servida nas casas penais

Por Redação - Agência PA (SECOM)
12/04/2015 17h36

Todos os dias, na cozinha do Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, são produzidas 2.250 refeições divididas entre café, almoço e jantar. Três nutricionistas e uma técnica de nutrição comandam uma equipe de mais de 10 pessoas responsáveis pelo trabalho na unidade penitenciária, que começa ainda de madrugada, no preparo do café da manhã às detentas do presídio feminino e aos internos da Central de Triagem Metropolitana II (CTMII), que fica no mesmo complexo.

O cardápio servido é criteriosamente planejado por nutricionistas da Cial Restaurantes Empresariais, empresa terceirizada responsável pela alimentação na unidade. O mesmo cardápio passa pela avaliação de nutricionistas da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), que verificam as combinações e fazem sugestões de mudanças quando necessário.

Desde 2013 a Susipe iniciou o processo de terceirização do fornecimento da alimentação nas 41 unidades prisionais do Estado. A medida visa melhorar a qualidade da alimentação servida aos detentos. A experiência em presídios de outros estados do Brasil trouxe inúmeras vantagens, entre as quais a redução de falhas no fornecimento, na produção dos alimentos, manutenção e reparos dos equipamentos, redução de riscos de armazenamento, perdas e desperdícios, desvios de materiais, e ainda dos riscos de contaminação e infecção alimentar.

Ao todo, cinco empresas especializadas fornecem comida aos mais de 12.700 detentos em todo o Estado. Por mês, são servidas mais de um milhão de refeições. A Lei de Execuções Penais determina que cada detento receba alimentação três vezes por dia (desjejum, almoço e jantar), a exceção do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) e da UMI, que recebem cinco refeições diárias (desjejum, almoço, lanche, jantar e ceia).

“Nosso trabalho é verificar se a comida sugerida pela empresa está de acordo com o contrato licitado, é de qualidade, variada e se a combinação dos pratos vai agradar. Às vezes mudamos um ou outro ingrediente ou acompanhamento. As mulheres são mais exigentes que os homens com a alimentação. Também fazemos a degustação e avaliamos o aspecto da comida antes de distribuí-la, além de fiscalizar a quantidade servida, que deve ter em média 600 gramas”, explica a nutricionista da Susipe, Antônia Nóbrega.

Quatro detentas do CRF são contratadas pela Cial para fazer a limpeza da cozinha. Ainda cumprindo pena no regime fechado, Josiane Teixeira, 36 anos, diz que se sente feliz por ter conseguido um emprego remunerado, previsto na Lei de Execuções Penais (LEP), dentro da unidade prisional. “O trabalho tem sido muito importante para ajudar meu marido e filhos que estão lá fora me esperando. Eu vejo todas as refeições sendo feitas e garanto que a comida é boa. Não tenho do que reclamar”, atesta.

A feijoada com farofa é um dos pratos preferidos dos detentos, mas há também comidas especiais elaboradas para dar variedade ao cardápio, como maniçoba, yakissoba e salpicão. “No Círio oferecemos maniçoba para as internas, no início desse ano fizemos um yakissoba e agora, pela Semana Santa, preparamos um peixe à dorê. Sempre que possível procuramos fugir do trivial para oferecer uma opção diferente a eles”, conta o nutricionista da Susipe, Caetano Freire.

Para os detentos hipertensos, com diabetes ou qualquer restrição alimentar é produzida uma alimentação balanceada e com baixo teor de gordura. Nas duas unidades prisionais são feitas 32 refeições diferenciadas todos os dias. Quem também ganha uma atenção especial são as detentas e os bebês assistidos na Unidade Materno Infantil (UMI). Além das três refeições diárias, elas também recebem um lanche com suco, frutas e biscoito; e ceia que pode ser sopa ou mingau de sabores variados. Para os bebês acima dos seis meses, a empresa envia carnes, legumes, frutas e verduras, que são preparados pelas próprias mães na UMI.

Além da cozinha, no CRF também ficam os estoques dos alimentos produzidos. “A cada 15 dias solicitamos os gêneros não perecíveis; uma vez por semana as proteínas - como filé de peixe, peito de frango e carnes - e três vezes por semana os hortifrutis. Os pedidos são feitos para a sede da Cial, em Goiania, e repassados para nós. Aqui fazemos o gerenciamento do que será usado nas receitas e também acompanhamos todo o trabalho dos cozinheiros e embaladores das quentinhas”, disse Simone Foro, nutricionista da Cial.

Depois de prontas, as refeições ficam armazenadas em caixas térmicas (hotbox), até o momento de serem entregues nos blocos carcerários, a partir do meio-dia. Já no início da tarde o jantar começa a ser preparado e a comida não é a mesma do almoço. Um novo prato começa a ser produzido pela equipe da cozinha que não mede esforços para fazer o melhor possível. “As pessoas falam mal da comida produzida nos presídios, pois não conhecem. Nem na nossa casa conseguimos comer tudo que gostaríamos toda vez. É difícil agradar todo mundo todos os dias. Nós também comemos o que cozinhamos aqui com a confiança do bom trabalho que fazemos”, revelou Aldriane Araújo, técnica de nutrição da Cial.

As empresas selecionadas foram as responsáveis pela adequação (com reformas) das cozinhas dos centros de detenção, de acordo com as normas da vigilância sanitária, além de empregar mão de obra carcerária.