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Exposição na Casa das Artes destaca o ofício e formação do luthier

Por Redação - Agência PA (SECOM)
05/08/2015 14h51

A arte de confeccionar instrumentos como violões, banjos, cavaquinhos e bandurras é o mote da exposição “O Som da Madeira”, que será aberta nesta quinta-feira, 6, às 19h, na Casa das Artes (antigo IAP). Todos os itens que compõem a mostra foram produzidos pelas mãos luthiers paraenses e alunos das oficinas do Curro Velho. São mais de 20 instrumentos musicais, de corda e de percussão, que revelam todo o talento e habilidade de um profissional cuja especialização confere às peças que produz um valor não apenas mercadológico, mas artístico. Promovida pela Fundação Cultural do Pará, a exposição estará aberta durante todo o mês de agosto, com exibição de vídeos, shows e visitas monitoradas para escolas. A entrada é franca.

Segundo o coordenador de linguagem sonora e idealizador da Lutheria do Curro Velho, Paulinho Moura, o título da exposição nasceu das influências musicais do mestre Cartola. “A Lutheria começou em setembro de 2011. Desde sua origem, já foram produzidos e restaurados centenas de violões, cavaquinhos e bandurras. Formamos vários instrutores de lutheria que hoje fabricam os seus próprios instrumentos em suas oficinas”, explica Moura. A Lutheria do Curro Velho começou com o instrutor Márcio Luthier, autodidata, um dos primeiros da capital paraense a ganhar projeção com o seu trabalho, produzindo instrumentos para grandes artistas nacionais como Paulinho da Viola e Jorge Aragão, entre outros.

Na abertura da exposição “O Som da Madeira” haverá um coquetel seguido de palestra com o luthier Paulo Matheus, que dará dicas de como se deve confeccionar e restaurar instrumentos de cordas, e Flávio Gama, instrutor das oficinas de reparos de instrumentos de percussão. Os visitantes vão poder manusear os instrumentos e constatar a qualidade das peças expostas. Haverá também um concerto com o violonista paraense Salomão Habib, acompanhado de Paulinho Moura.

Aprendizado - O aluno de Lutheria, Gilberto Silva, diz que seu interesse pela arte de confeccionar e reparar instrumentos de cordas partiu das experiências adquiridas com a música. A oportunidade surgiu a partir de anúncio de jornal sobre o curso de Lutheria, por meio das oficinas do Curro Velho. Para fazer parte da turma, ele teve que passar por um processo de seleção, que tinha como pré-requisito conhecimentos em música, habilidade com algum instrumento, boa audição e noções sobre os sons produzidos a partir da madeira. Aprovado, Gilberto Silva, aprendeu a confeccionar e fazer reparos nos instrumentos de cordas. Nesta etapa, estudou o processo de análise da madeira, que vem no estado “bruto”, em blocos, para em seguida ser lapidada, construída. “Trabalhar na minha área é muito gratificante e o retorno de minha experiência vem com o tempo. Aprender a confeccionar e criar instrumentos é muito gratificante”, pontua o aluno.

O técnico em confecção e manutenção de instrumentos, Paulo Matheus Oliveira, luthier há 20 anos, adquiriu experiência a partir de um curso de música e lutheria. Ele aprendeu a arte de produção e restauro de instrumentos com o professor búlgaro Nikola Minev, que na época atuava no restauro e confecção do acervo da Fundação Carlos Gomes, ja que não existiam profissionais que atuassem na área. “Foi uma semente passada de mestre para o aluno”, comenta o técnico em Lutheria.

Já como instrutor no Curro Velho, ele dá aulas de instrumentos de cordas (violão, cavaquinho, violino) para duas turmas, uma iniciante e outra avançada. No processo teórico e técnico, os alunos fazem uma análise do material de trabalho, no caso a madeira. A maior parte da matéria-prima das oficinas de Lutheria vem de entulhos de construções, da doação de instrumentos usados que servem como material didático ou sobras que são reutilizados para o processo de lapidação e produção de instrumentos musicais para os alunos.

Depois das atividades encerradas nas oficinas, Paulo Oliveira criou um projeto de extensão que visa o acompanhamento dos alunos na confecção e aprimoramento das técnicas adquiridas nas oficinas. Nesta última etapa, o professor direciona o aluno na produção de instrumentos mais refinados e na elaboração de projetos mais complexos. “O meu principal objetivo é formar novos profissionais que atuem na área, pois há uma carência de pessoas habilitadas nesta atividade”.

Paulo Mateus comemora os resultados da oficina da Lutheria. “Estou muito satisfeito, primeiro porque é algo muito prazeroso. Poder passar meus conhecimentos adiante é algo que me deixa muito gratificado, e foi exatamente o que o Nikola me pediu, que repassasse os conhecimentos adquiridos com ele. Ver meus alunos confeccionando instrumentos musicais me faz tercerteza de que o sonho de uma vida de trabalho terá continuidade”, declara o técnico em luthieria.

Serviço: Exposição “O Som da Madeira”. Nesta quinta-feira, 6, às 19h, na Casa das Artes (antigo IAP) - Ppraça Justo Chermont, nº 236, ao lado da Basílica Santuário.