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Egressos do sistema penal ganham nova oportunidade como catadores

Por Redação - Agência PA (SECOM)
28/08/2015 17h59

O retorno de ex-presidiários ao mercado de trabalho após o cumprimento da pena muitas vezes é marcado por dificuldades. É com o apoio de projetos de reinserção social que egressos do sistema prisional podem continuar a vida sem que caiam na reincidência do crime. Nesta sexta-feira (28), uma turma formada por 30 pessoas conseguiu mais um passo para o distanciamento do cárcere com a certificação do projeto “Reciclando Lixo, Transformando Vidas”, do Tribunal de Justiça do Estado (TJE).

Com a capacitação de egressos para o trabalho de reciclagem, o TJE dá continuidade aos esforços iniciados em 2009 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o Projeto Começar de Novo, em que são promovidas ações para ressocialização de pessoas que cumprem pena ou já saíram do cárcere. A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) é parceira na iniciativa, encaminhando homens e mulheres de dentro ou fora das casas penais para qualificações e oportunidades de trabalho.

Única mulher da primeira turma do projeto, a egressa Kathlyn Nazaré estava aliviada com a certificação como catadora de material reciclável. Ela saiu do Centro de Recuperação Feminino (CRF) há seis meses e hoje é uma das cerca de 500 pessoas monitoradas através de tornozeleiras eletrônicas pela Susipe. Presa por tráfico, ao sair da penitenciária, Kathlyn diz que chegou a ser aliciada para voltar ao crime, mas decidiu buscar outras oportunidades. “Estou muito feliz por ter feito esse curso e ter a certeza de que vou poder fazer algo de diferente na minha vida. Espero começar logo a trabalhar, sustentar meus filhos e seguir com a vida”, afirma.

A formação dos egressos em catadores de material reciclável durou cerca de um mês. A ideia para que o projeto fosse iniciado surgiu da demanda do Núcleo Socioambiental do TJPA que procurou a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves) e o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) para realizar a capacitação. “Vimos que a demanda no Tribunal estava muito grande e procuramos parceiros para nos ajudar a dar vazão ao projeto. Além de judicializar, também mostramos que o Poder Judiciário ressocializa. Isso faz parte do nosso papel”, explica Evelise Rodrigues, coordenadora do Núcleo Socioambiental.

A seleção dos participantes para o projeto “Reciclando Lixo, Transformando Vidas”, foi feita com base no cadastro do Tribunal de Justiça. Por não exigir escolaridade mínima, foi dada prioridade aos egressos que tinham o nível fundamental incompleto para que, assim, eles tivessem novas oportunidades por meio do trabalho. 

Para o coordenador estadual do Projeto Começar de Novo, juiz Cláudio Rendeiro, a capacitação através do manejo de recicláveis é uma iniciativa modelo. “Esse é um dos projetos mais bonitos que eu tive o privilégio de participar porque une a questão socioambiental com a reciclagem de vida”, afirmou. Durante a certificação, ele ainda deu um recado de esperança. “Que através dessa reciclagem vocês percebam que podem dar um novo final para a vida a partir da vontade de mudar”, ressaltou o juiz.

E foi com o desejo de uma nova vida que o egresso Artur Marinho também recebeu seu certificado. “Espero que no futuro eu não seja apenas um catador. Quero que esse seja o começo de uma nova profissão e que eu progrida cada vez mais, afinal a gente precisa querer crescer na vida e isso é o que todo mundo deseja”, disse.