Prevenção contra febre aftosa aquece o mercado da pecuária
O empenho do Pará no combate à febre aftosa, infecção contagiosa que acomete os rebanhos e prejudica a exportação do gado brasileiro, foi reiterado na noite de quinta-feira, 30 de abril, com o lançamento em Santarém da Campanha Estadual de Vacinação contra a doença.
O evento foi realizado no Parque de Exposições Alacid Nunes e reuniu autoridades locais, sindicatos do setor rural e pecuaristas além de representantes do Governo do Estado. O início da campanha se deu com a vacinação de um exemplar bovino no local do evento, gesto simbólico que será replicado de forma sistemática por todo o Estado do Pará até o final deste mês de maio. Somente os municípios de Faro, Terra Santa e do arquipélago do Marajó estão fora da campanha.
“O Pará, detentor do quinto maior rebanho bovino do Brasil, após ter conquistado o certificado internacional de área livre de febre aftosa em maio de 2014, precisa se manter vigilante, com rigorosa proteção, em toda a extensão do nosso território, para garantir que as portas do mercado internacional se mantenham abertas para a nossa atividade pecuária”, explicou o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Luciano Guedes.
Segundo ele, no ano passado foram exportadas do Pará quase 600 mil cabeças de gado em pé, entre fêmeas e machos. “Imaginem se essa quantidade de rebanho estivesse no nosso mercado, sem ter para quem comercializar? O fato de contarmos com o mercado internacional é fruto do trabalho de certificação sanitária que fazemos no Estado”, argumentou.
A doença de fato prejudica a exportação e mesmo com o Pará livre da febre aftosa a produção bovina local ainda enfrenta restrições. “Nós não temos o mercado da Europa, do Japão, dos Estados Unidos, que são os melhores preços de toneladas de carne do mundo, porque ainda há estados que não são livres de febre aftosa, como o Pará é. Roraima, Amazonas e Amapá são exemplos”, lembrou Luciano Guedes. “Esses países entendem que não basta ser livre da febre aftosa com vacinação em um ou outro estado; tem que ser no país inteiro”, acrescentou.
A campanha tem o apoio decisivo dos produtores. “Quem faz a vacinação, quem erradica a aftosa, é o produtor rural. Ao vacinar o seu animal, está defendendo a sua produção, seja ela equivalente a dez cabeças de gado ou a 10 mil reses”, sublinhou Guedes. “Vacinar não é só cumprir a legislação. É garantir o preço do rebanho, a melhoria dele, é defender o interesse do Pará e do Brasil, tendo condições de exportar para a Europa e Ásia, por exemplo, a nossa produção”, explicou.
A Adepará é a responsável pela campanha, que tem importância estratégica para a balança comercial do Estado. Mais de 500 servidores estão envolvidos e acompanharão o trabalho para garantir que todo o processo de vacinação atenda às metas da Agência, que é alcançar o mais alto índice vacinal. A estimativa é que esta etapa da vacinação abranja, no mínimo, 108.102 propriedades cadastradas pela Adepara em 130 municípios paraenses, sendo que, destas, 2.500 terão a vacinação assistida pela Agência.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Santarém (Sirsan), Reinaldo Rabelo Alencar Monteiro, alerta que, além de vacinar, o pecuarista deve comprovar a aplicação da vacina na Adepará. “O Sindicato tem trabalhado na conscientização junto aos pecuaristas sobre a importância da vacinação contra aftosa e está dando todo o apoio necessário à Agência”, observa. Reinaldo destaca também o reconhecimento dado pela Organização Internacional de Episotíase (OIE). “Lutamos muito pela mudança de status para 100% livre da febre aftosa com vacinação. O reconhecimento permite que a região exporte produtos para o comércio internacional. Para nós, é de uma importância muito grande, o produtor rural assumir um compromisso com o governo, com a Adepará, e com toda a sociedade de manter a nossa região livre com vacinação e cumprir seu papel fazendo as vacinações e as confirmações”, revela.
Antônio Carlos Mocelim, representante do Ministério da Agricultura em Santarém, reitera a importância da vacinação contra febre aftosa neste mês. “O produtor rural é consciente sobre a importância da vacinação e este resultado reflete a sanidade do rebanho bovino e bubalino paraense, hoje reconhecido pela OIE como território livre da doença com vacinação”, declara.
Obrigatoriedade
É obrigatório verificar se as vacinas estão armazenadas na temperatura correta, entre 2º e 8º C. Para isso, a Adepará, por meio de seus médicos veterinários, técnicos em agropecuária e auxiliares de campos, realiza a fiscalização na revenda agropecuária no mínimo duas vezes na semana conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura.
O produtor tem até o dia 15 de junho, para notificar a Adepará da vacinação, devendo comparecer ao escritório da Agência onde sua propriedade é cadastrada, apresentando a nota fiscal de compra das vacinas, e declarando o rebanho conforme espécies, quantidades, sexo e idades.
Para se ter uma ideia das dimensões do rebanho paraense, e da abrangência das ações de defesa sanitária da Adepará, basta considerar que somente o município de São Félix do Xingú é detentor do maior rebanho bovino do Estado, tendo cadastrado 5.206 propriedades e 2.214.722 cabeças.
Marajó, Faro e Terra Santa
O Arquipélago do Marajó e dois municípios da Zona de Proteção na divisa com o Estado do Amazonas, Faro e Terra Santa, não receberão esta etapa de vacinação do rebanho de bovinos e bubalinos. O Marajó, que tem especificidades geoclimáticas, terá vacinação de 15 de agosto a 30 de setembro. Já Faro e Terra Santa finalizaram a vacinação no dia 30 de abril, com a participação do órgão no acompanhamento da Etapa de Combate à Febre Aftosa no Estado do Amazonas.
Calendário de Vacinação contra a Febre Aftosa
A Adepará realiza 5 etapas ao longo do ano:
15 de março a 30 de abril – etapa de vacinação das Zonas de Proteção de Faro e Terra Santa
1 a 31 de maio – campanha estadual de vacinação/maio 2015
15 de julho a 30 de agosto – etapa de vacinação das Zonas de Proteção de Faro e Terra Santa
15 de agosto a 30 de setembro – etapa de vacinação da Ilha do Marajó (etapa única, em função das condições geoclimáticas)
1 a 30 de novembro – campanha estadual de vacinação/novembro 2015