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Ophir Loyola realiza primeira cirurgia torácica por via respiratória pelo SUS

Por Redação - Agência PA (SECOM)
11/06/2015 14h42

O Hospital Ophir Loyola realizou a primeira cirurgia do tórax por via respiratória na última terça-feira, 9. A técnica de enfermagem Aryana Padilha, 29, moradora do município de Castanhal, foi a primeira paciente na saúde pública estadual a passar pelo procedimento de ressecção endoscópica de tumor endobrônquico. A técnica utilizada pelo Serviço de Cirurgia Torácica possibilita uma recuperação mais rápida, menor agressão cirúrgica e excelente resultado estético, com mais qualidade e benefícios na assistência aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2013, Aryana foi diagnosticada com pneumonia. Quatro meses após o término  do tratamento, começou a tossir e a expelir sangue pela boca. Consultas e exames passaram a fazer parte da rotina da jovem, mas não foram suficientes para fechar um diagnóstico preciso.

Após a realização de vários exames como endoscopia, raios-x e tomografia, a causa do sangramento não foi identificada, motivo de preocupação para Aryana e a mãe, Ana Padilha, que acompanhou de perto todo o processo de adoecimento da filha. “Tinha um chiado no peito e cuspia sangue, alguns médicos chegaram a dizer que era crise de asma, meu estado só piorava e eu não sabia o que tinha para poder tratar até ser encaminhada para o Ophir Loyola”, disse Aryana.

A dificuldade em fechar o diagnóstico ocorre pelo fato de que esse processo tumoral poder ser confundido com uma crise asmática, explica o chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do hospital, Ricardo Vale. Ao perceber algo anormal, o cirurgião solicitou uma broncoscopia - uma conduta usada no diagnóstico e tratamento de diferentes doenças das vias aéreas.

“O tumor dificultava a passagem do ar, e o atrito do ar no brônquio gerava algo parecido com uma crise asmática. Toda vez que uma pessoa tiver crise de asma, deve-se considerar a possibilidade da presença de um problema como o dessa paciente. Aqui visualizamos a presença de uma lesão na tomografia e solicitamos logo uma broncoscopia que revelou esse tumor”, esclareceu o médico.

Com o resultado do exame, a equipe médica não teve dúvida. Aryana deveria ser submetida o mais breve possível ao tratamento cirúrgico. “O médico disse que se não operasse logo, poderia ter uma hemorragia e morrer asfixiada com meu sangue”, relatou Aryana. A mãe sentiu alívio por descobrir a causa do sofrimento da filha, mas ao mesmo tempo angústia pela gravidade da situação. "Disseram que era como ‘uma bomba dentro dela’, que poderia explodir a qualquer momento", recordou Ana Padilha.

O cirurgião Rafael Maia também explica que a pneumonia foi uma consequência da obstrução de um dos brônquios - órgãos de extrema importância para o processo respiratório - e retenção da secreção naquela região. “Apesar da melhora, poderia apresentar várias pneumonias de repetição, a passagem de ar estava parcialmente bloqueada pelo tumor”, completou.

A cirurgia evitou uma serie de complicações como a obstrução total do brônquio, retenção de secreção, entre outras, que levariam a infecções pulmonares repetidas. Poderia também ocorrer uma pneumonia com perfuração do pulmão que agravaria ainda mais o estado da paciente, bem como uma infecção generalizada.

Cirurgia - Para a realização do procedimento cirúrgico, a equipe médica utilizou pinças especiais e um broncoscópico rígido conectado a um sistema de vídeo. O aparelho possibilita a visualização das vias aéreas dentro e fora dos pulmões. A anestesia e cirurgia são realizadas pelas vias respiratórias, evitando assim a abertura do tórax (cirurgia convencional). A cirurgia dura cerca de três horas. O aparelho também é utilizado para a retirada de corpo estranho, colocação de próteses e serve de base para outros procedimentos cirúrgicos.

O especialista Augusto Sales destaca que essa cirurgia é minimamente invasiva, possui risco muito baixo de infecção em comparação a cirurgia aberta do tórax, além de trazer benefícios pós-operatórios. Reduz o tempo de permanência, infecção, dor pós-operatória e proporciona a satisfação de não ter uma cirurgia de grande porte. “A alta médica pode ocorrer em 24 horas. A paciente vai voltar à rotina normal, trabalhar e realizar atividades físicas em um tempo bem menor”, informou.

Sales também ressalta que nem todos os tipos de tumores histológicos podem ser tratados com essa metodologia. “É utilizada apenas nos tumores benignos menos agressivos, pois o nível de segurança é menor do que de uma cirurgia aberta ou por vídeo, é preciso muita atenção na hora de indicar a cirurgia”, afirmou o especialista.

O Serviço de Cirurgia Torácica do Ophir Loyola atua na resolução de patologias do tórax envolvendo pulmão, pleura, brônquios, traquéia, esôfago e parede torácica, com maior ênfase nas patologias malignas. Realiza diagnóstico, terapia e cirurgias por videotoracoscopia para a máxima preservação da estrutura do corpo do paciente.