Fundação Santa Casa alerta sobre casos de escalpelamento
Está internada na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, a primeira vítima de escalpelamento registrada no Pará em 2015. Uma dona de casa, de 30 anos, que preferiu não divulgar o nome, já passou por cirurgia de estabilização do trauma e, diariamente, realiza uma série de cuidados de enfermagem no hospital que é referência para este tipo de tratamento.
A dona de casa costumava utilizar o barco como meio de transporte uma vez por semana, geralmente, para auxiliar o trabalho do marido, em uma localidade próxima a Portel, município da região do Marajó. Segundo ela, por conhecer os riscos deste tipo de acidente, o motor do barco era coberto. No entanto, para fazer uma manutenção, o eixo ficou descoberto por alguns dias, tempo suficiente para que um ato de desatenção fizesse mais uma vítima do trágico acidente.
“Tinha conhecimento do que era o escapelamento e até tinha medo que acontecesse comigo. Infelizmente, foi um momento de esquecimento”, lamentou. Antes de chegar a capital paraense, ela passou por outros dois hospitais, onde recebeu os primeiros socorros. A Santa Casa foi notificada e disponibilizou o leito para a realização da cirurgia. Nesse momento, a mulher recebeu o tratamento de uma equipe multiprofissional, inclusive, com o auxílio de psicólogos, já que além de danos físicos o escalpelamento também causa sequelas psicológicas.
Números - Em um espaço de cinco dias, dois casos de escalpelamento foram referenciados para tratamento e, consequente, cirurgia na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Além da moradora de Portel, uma criança de nove anos, do município de Ipixuna do Pará, nordeste do estado, também foi vítima do acidente.
O acidente é causado pelo eixo exposto dos motores das embarcações, em que parte ou todo o couro cabeludo de meninas e mulheres ribeirinhas é arrancado, podendo levá-las à morte ou deixando-as com marcas para o resto da vida.
Socorro Ruivo, enfermeira e coordenadora do Programa de Atendimento às Vítimas de Escalpelamento (Paives), explicou que junho, julho e dezembro são os meses mais críticos, por conta de um deslocamento maior das pessoas. “As estatísticas mostram que esse período é o mais complicado com relação a demanda dos escalpelados. É necessário ter atenção e intensificar os cuidados para eliminarmos o acidente”, disse a enfermeira. Em 2014, 10 casos de escalpelamento foram atendidos na Santa Casa de Misericórdia.
Atendimento - Em geral, os primeiros atendimentos são feitos nos municípios, com curativo, cobertura e estabilização. Depois deste atendimento, é solicitado um leito na Santa Casa para a realização da cirurgia pelo Programa de Atendimento às Vítimas de Escalpelamento. Além disso, a Instituição presta a assistência após as cirurgias, no Espaço Acolher.
O Espaço Acolher é uma casa de apoio mantida pelo Governo do Estado na Santa Casa, onde as pacientes vítimas de escalpelamento podem se hospedar durante o período de longo tratamento. No local, as mulheres recebem o apoio de profissionais de psicologia e serviço social, além de participarem de cursos. Professores da rede estadual são responsáveis pelas aulas necessárias à conclusão do ensino fundamental e médio.
Recomendações
- Tenha cuidado principalmente com crianças;
- Manter o cabelo totalmente preso e coberto com bonés ou outro acessório é fundamental;
- Atenção com o uso de colares e cordões e a manutenção de uma distância segura do eixo da embarcação;
- Manter o eixo do motor protegido. A Marinha do Brasil oferece e instala gratuitamente a proteção do motor, sem multas ou punições aos proprietários ou condutores de barcos;
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