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ASSISTÊNCIA SOCIAL

Dados do Pro Paz apontam ex-maridos como principais agressores de mulheres

Por Redação - Agência PA (SECOM)
11/07/2015 08h58

Em 2014, o Governo do Estado criou o Pro Paz Mulher (PPM), localizado na Região Metropolitana de Belém (RMB), com o objetivo de fortalecer o atendimento à mulher em situação de diversas formas de violência. Somente na capital paraense, em um ano de atendimento, o setor psicossocial do PPM já acolheu 4.243 mulheres em situação de várias formas de violência, principalmente a doméstica, com uma média de 11 atendimentos por dia. Dados da Fundação Pro Paz mostram que os agressores denunciados pelas mulheres são, na sua maioria, ex-maridos, companheiro e ex-companheiro. Acompanhe os dados a seguir.

O total, incluindo o acolhimento realizado nos cinco núcleos regionais da Fundação Pro Paz, localizados nas cidades de Altamira, Paragominas, Tucuruí, Santarém e Bragança, mais de 10 mil mulheres já foram atendidas por uma equipe multidisciplinar formada por assistentes sociais, psicólogas, policiais, médicos e devidamente encaminhadas à justiça, quando oficializadas as denúncias por meio de boletins de ocorrência.

Os dados da Fundação Pro Paz, reunidos a partir do preenchimento das fichas de acolhimento, feito pelas assistentes sociais do PPM no primeiro atendimento realizado à mulher que sofre algum tipo de violência, apontam que, no período de janeiro a junho deste ano, 32,1% das mulheres que denunciaram seus agressores são jovens de até 29 anos; 40,8% são mulheres da faixa de 30 a 41 anos e 9,9% são mulheres a partir de 54 anos.

Se comparado o ano de 2012 ao ano de 2014 é possível notar um aumento de 177% no número de atendimentos, que saltaram de 1.633 em 2012 para 4.518 em 2014. A violência física lidera as ocorrências com 31,9%, seguido da violência psicológica com 26,3% e violência moral com 13,2%. A violência sexual registrou 3,4% dos dados.

Entre os agressores denunciados pelas mulheres no PPM ex-maridos lideram o número com 25,1%, seguidos de marido (23,1%); companheiro (11,3%); ex-companheiro (8,6%); ex-namorado (5,9%) e ex-cunhado (4,9%), seguido de outros agressores, agressores não informados, irmão, filho, vizinho, namorado, descoinhecido, sobrinho, padrasto, pai, amigo, cunhado, marido e cunhado, tio, genro e outros.

Os dados da Fundação mostram que o bairro com maior número de ocorrências recebidas, de julho de 2014 a junho de 2015 foi o Guamá (8,4%), seguido da Pedreira (8,3%), Marco (6.6%), Tapanã (6,5%) e Jurunas (4,9%), seguidos da Marambaia, Sacramenta, Parque Verde, Terra Firme, Telégrafo, Benguí, Val-de-Cans, Cabanagem, Pratinha, Tenoné e outros.

Objetivo - O projeto funciona a partir das diretrizes do projeto Pro Paz Integrado (PPI), que atende crianças e adolescentes vítimas de violência, e foi concebido em parceria com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) - por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) - que passou a atender, num único espaço, as demandas das mulheres que têm seus direitos violados na RMB e no interior do Pará.

Segundo Eugênia Fonseca, coordenadora do PPI, a evolução no atendimento à mulher em situação de violência pode ser atribuída à descentralização dos serviços com a criação do PPM na RMB e a ampliação dos núcleos no interior. “Este também é um compromisso firmado e cumprido pelo Governo do Pará juntamente com o Conselho Estadual de Direitos da Mulher, que possui representatividades estaduais e da sociedade civil. O conselho discute regularmente os problemas relacionados à garantia de direitos das paraenses na nossa região”, esclareceu.

Para a psicóloga do Pro Paz Adriana Meira, costuma-se discutir muito os danos físicos, mas ela aponta a importância dos cuidados com a saúde psicológica como fundamentais para que a mulher seja encorajada a enfrentar o problema de frente e consiga se curar da crise. “Se a mulher em situação de violência não estiver bem internamente o problema vai refletir em todos os campos da sua vida. Elas chegam aqui muito abaladas, sentindo medo, vergonha, indignadas por terem sido, inclusive, desacreditadas pela família e amigos”, explicou a psicóloga.

De acordo com o presidente da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt, o atendimento integrado à mulher é um projeto ousado e um sonho antigo do Governo do Pará, mas que só foi possível por meio de parcerias. “A atenção especializada oferecida às nossas mulheres é mais do que uma obrigação de Estado. Também é um sonho antigo deste governo. Mas é um sonho que só foi possível por meio de parcerias fundamentais com secretarias como Segup, Sejudh, Sespa, Seaster e Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”, assim como o apoio da Defensoria Pública do Estado, Ministério Público e Tribunal de Justiça. Trata-se da junção de forças para combater um mal que atinge tantas mulheres no mundo e o nosso papel, enquanto servidores públicos e cidadãos, é fazer com que seus direitos sejam garantidos”, assegurou Jorge.

Já para a psicóloga Priscila Taveira, que atua no Pro Paz, a Fundação, juntamente com os órgãos que compõem o Pro Paz Mulher/Deam, o objetivo é atender as mulheres em situação de violência com excelência. “Trabalhamos para prestar um serviço de referência no âmbito da violência doméstica, onde a usuária, independentemente de classe social, se sinta acolhida e receba todo o apoio e cuidado que necessita, encorajando-a a fazer um tratamento sem se sentir julgada e é por este motivo que definimos nosso trabalho como ‘acolhimento’. Ainda temos algumas dificuldades quanto à adesão das vítimas, pois a dor da agressão faz com que as elas, no momento da crise, busquem apenas uma resolução judicial para os seus problemas e acabam esquecendo que precisam ser cuidadas”, explicou.

Priscila Taveira ainda explica que cabe às vítimas a decisão de realizar ou não o boletim de ocorrência. “É uma decisão que cabe somente a essa mulher. Não podemos interferir nisso. Mas, caso ela realize o boletim, é dado o encaminhamento investigativo – por meio da Polícia Civil – ou jurídico, por meio do Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (NAEM), da Defensoria Pública do Pará. Além do mais, o PPM tem buscado formas de empoderar essas mulheres socialmente, buscando abranger todas as suas necessidades, desde documentação, tratamento de saúde, emprego e renda e oficinas de artesanato que as auxiliem a lidar com um momento tão doloroso”, reiterou.

Além da capital paraense, o PPI está presente no interior por meio de cinco núcleos nas regiões do Xingu (Núcleo de Altamira); Guajarina (Núcleo de Paragominas); Do Lago (Núcleo de Tucuruí); Baixo Amazonas (Núcleo de Santarém); Bragantina (Núcleo de Bragança), além de contar com o suporte nas unidades da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), localizadas em todas as regiões paraenses. Ainda este ano, a Fundação Pro Paz estenderá seus serviços a duas novas regiões do Pará – Marajó e Carajás - com a implantação dos núcleos do PPI nas cidades de Breves e Parauapebas.

Serviço:

O Pro Paz Mulher fica na Travessa Mauriti, 2394, entre as avenidas Rômulo Maiorana (antiga 25 de setembro) e Duque de Caxias, no bairro do Marco. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, de 7h as 19h, por meio de assistência multidisciplinar de áreas psicossocial, policial, pericial e jurídica. Para garantir pronto-atendimento, o espaço conta com agentes da Polícia Civil para registrar boletins de ocorrência e instaurar inquéritos 24 horas.