Pré-natal adequado evita casos de sífilis em mães e recém-nascidos
Uma doença que pode ser considerada muitas vezes silenciosa, a sífilis tem atingido muitos recém-nascidos. Na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, mulheres e bebês são diagnosticados diariamente com a doença. Levantamento feito no hospital, de janeiro a julho de 2015, mostra aumento nos casos de sífilis em pacientes internados. Em mulheres, as ocorrências subiram 75%, e nas crianças, 29%. Em julho, por exemplo, 32 gestantes e 22 recém-nascidos tiveram diagnóstico positivo.
O tratamento dos bebês dura em torno de dez dias. Eles passam mais tempo internados e demoram a voltar para o convívio familiar. As mulheres grávidas precisam ficar atentas para evitar a contaminação do bebê, pois quando a sífilis é diagnosticada e tratada no primeiro trimestre da gestação, é possível que a criança nasça saudável e sem nenhuma sequela. Para a infectologista Gerusa Ninos, o pré-natal feito de forma correta é a melhor forma de prevenção da doença.
“O exame deve ser solicitado a cada trimestre, para detectar se a mãe está infectada. A partir do momento que esse exame deu positivo, a gente trata a mãe e também o parceiro, para que ela não volte a ser infectada, mas o que ocorre na grande maioria dos casos é que elas recebem um diagnóstico tardio”, observa Gerusa.
A falta de informação e conhecimento em relação à doença acaba afetando muitas mulheres, como é o caso da mãe L. L. R., 31 anos, que descobriu a sífilis no terceiro trimestre da gestação e acabou transmitindo a doença para o filho. Ela conta que não sabia da existência da doença e sofre porque o filho, de apenas 7 dias, precisou ficar internado no hospital para fazer o tratamento adequado.
A mãe torce para que o bebê não fique com sequelas. “Quando fiz os primeiros exames, a doença não apareceu. Acabei adquirindo durante a gestação. Fiz o tratamento, mas meu parceiro se recusou a continuar tomando a medicação. Infelizmente nosso bebê nasceu com essa doença que eu nem sabia que existia, mas tenho fé que ele vai se curar”, diz.
A enfermeira Rosana Nunes conta que casos como o dessa mãe são comuns na Santa Casa. Se toda mãe tiver um acompanhamento correto, um pré-natal adequado, e fizer todos os exames necessários, os casos podem diminuir. “O problema social ocorre dentro do pré-natal. Muitas mulheres acabam não sendo orientadas, ou então muitas vezes deixam de fazer os exames necessários, e a contaminação acaba acontecendo. Já tivemos casos em que a mulher não sabe o que é uma doença sexualmente transmissível”, afirma.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada pela bactéria Treponema pallidum, que se desenvolve em diferentes estágios. Os sintomas podem variar conforme a evolução do quadro, mas as fases podem se sobrepor umas às outras. A doença pode ser diagnosticada com um exame de sangue, o VDRL, que faz parte da bateria de exames pré-natais.