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CULTURA

XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz encerra com celebração da inclusão

Por Iego Rocha (SECULT)
08/09/2024 10h29

O XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz, iniciativa do governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), encerrou sua temporada de 2024 consolidando-se como um dos principais eventos culturais do Brasil. O encerramento foi no sábado, 7 de setembro, com a ópera cômica Gianni Schicchi, de Giacomo Puccini, sob a regência histórica de Lígia Amadio, a primeira mulher a reger uma ópera no festival.

Gianni Schicchi também foi apresentada nos dias 3 e 5 de setembro, com sessões provocando gargalhadas do público com sua crítica social mordaz e seu humor sagaz, em uma trama envolvente com desfecho inesperado.

A ópera retrata a manipulação de um testamento por Gianni Schicchi, um camponês astuto, e traz uma abordagem cômica sobre ganância e intrigas familiares. Um dos momentos mais emocionantes foi a interpretação brilhante da soprano Kézia Andrade na famosa ária O mio babbino caro, que tocou profundamente o público.

Lígia Amadio celebrou sua participação no festival, declarando. "É um marco não só para mim, mas para todas as mulheres na regência. Voltar ao palco do Theatro da Paz é uma honra imensa". A diretora artística do festival, Dione Colares, expressou satisfação com o sucesso de Gianni Schicchi, ressaltando a importância de apresentar obras contrastantes, que equilibram drama e humor. As três apresentações de Gianni Schicchi reuniram mais de 1.750 espectadores.

Com uma programação diversificada e inovadora, o festival, que ocorreu entre 9 de agosto e 7 de setembro, homenageou Giacomo Puccini e apresentou produções que cativaram o público, destacando-se pela qualidade artística, inclusão social e inovação. Ao longo de suas apresentações, mais de 6.000 espectadores participaram do evento, reafirmando o compromisso do festival com a diversidade e a inclusão no cenário cultural paraense.

Entre os momentos mais marcantes, está a estreia histórica do musical O Príncipe do Egito, que promoveu a inclusão da comunidade surda no teatro. Apresentado nos dias 24 e 25 de agosto, sob a direção do maestro Pedro Messias, a adaptação da história bíblica de Moisés encantou mais de 1.600 pessoas, com destaque para a presença de 30 surdos sinalizantes, que participaram pela primeira vez de um espetáculo no Theatro da Paz.

Abertura com La Bohème

O festival abriu suas portas com uma poderosa versão em concerto de La Bohème, uma das obras mais amadas de Giacomo Puccini. Sob a regência do maestro Miguel Campos Neto, titular da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), a ópera emocionou o público com suas melodias envolventes e o drama profundamente humano. A história de jovens boêmios em Paris, vivendo amores e tragédias, ressoou especialmente com o público, destacando as icônicas árias de Puccini. Para muitos, foi também uma oportunidade de relembrar a conexão histórica entre La Bohème e o Theatro da Paz, onde a ópera estreou no Brasil em 1900.

A escolha de realizar uma versão em concerto permitiu que o público focasse inteiramente na qualidade vocal e na força dramática das interpretações, destacando o talento dos cantores e da OSTP. A produção abriu o festival com um tom dramático e sofisticado, preparando os espectadores para a diversidade de estilos e emoções das semanas seguintes.

Um dos momentos mais emocionantes e inovadores do festival foi a apresentação de O Príncipe do Egito. Nos dias 24 e 25 de agosto, o musical, sob a direção de Pedro Messias, trouxe uma adaptação épica da história bíblica de Moisés. Elogiado pela qualidade artística e pelo impacto visual, o espetáculo também marcou por sua inclusão inédita, proporcionando a 30 surdos sinalizantes a oportunidade de vivenciar uma apresentação no Theatro da Paz.

Com cerca de 1.600 espectadores ao longo de suas duas apresentações, O Príncipe do Egito destacou-se pela parceria com a dramaturga Barbara Gibson e a Companhia Aktuô. Figurinos deslumbrantes, cenários detalhados e os arranjos musicais emocionantes de Kim Freitas ajudaram a criar uma atmosfera mágica, transportando o público para o antigo Egito. Para a professora Deusa da Costa, uma das espectadoras, a apresentação foi particularmente tocante. "A mensagem de libertação e esperança foi transmitida de forma tão poderosa que tocou meu coração".

No dia 4 de setembro, o Duo Azulay, formado pelos irmãos Adriana e Humberto Azulay, subiu ao palco para um recital memorável. Com um repertório especialmente selecionado para o festival, o duo interpretou obras de grandes compositores, como Carlos Gomes e Bizet. A delicadeza e o virtuosismo dos irmãos trouxeram ao público paraense um espetáculo refinado e emocionante.

Com 220 pessoas na plateia, o recital foi um marco para o Duo Azulay, que estreou no festival. "É sempre um momento único e especial tocar no Theatro da Paz, e participar da programação do Festival de Ópera torna isso ainda mais significativo", comentou Adriana Azulay. A execução de Protofonia de Il Guarany, de Carlos Gomes, e da Suite de Carmen, de Bizet, emocionou a plateia, que pôde apreciar a sensibilidade e a maestria dos músicos.

Além do virtuosismo técnico, o recital emocionou pelo forte vínculo familiar entre os irmãos, trazendo uma dinâmica especial às interpretações. A combinação de talento, repertório e emoção fez do recital uma experiência inesquecível.

Ursula Vidal, Secretária de Estado de Cultura, destacou a importância histórica deste momento. "Hoje encerramos o nosso 23º Festival de Ópera do Teatro da Paz de uma maneira muito especial. É a terceira récita de Gianni Schicchi, de Giacomo Puccini, que está sendo homenageado no nosso festival este ano, por conta do centenário de sua morte. E em 23 anos de festival, mais de 45 montagens, essa é a primeira vez que uma ópera tem a regência de uma mulher. Nós entendemos que isso é muito significativo e simbólico, especialmente nesse momento em que toda a cultura, todas as atividades produtivas, todos os espaços precisam ser ocupados cada vez mais por mulheres", explicou a secretária.

Além disso, a secretária celebrou o público presente e os parceiros envolvidos no festival. "Estamos muito felizes, agradecemos às mais de 7 mil pessoas que acompanharam toda a programação do nosso Festival de Ópera este ano. Agradecemos à Fundação Carlos Gomes pela parceria em O Príncipe do Egito. Agradecemos aos solistas, aos músicos da nossa Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, a toda a equipe deste teatro extraordinário. Agradecemos a todos os técnicos que participaram de cada montagem, mas agradecemos, sobretudo, a esse público extraordinário, que é a vida, o brilho, a alma desta casa. Viva a ópera, viva o Festival de Ópera do Theatro da Paz".

Com casa cheia em todas as apresentações e uma programação que uniu tradição e inovação, o XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz deixou um legado de conquistas. O evento estabeleceu novos horizontes para futuras edições e consolidou Belém como um centro de referência operística no Brasil, mantendo viva a tradição cultural e abrindo caminho para uma ópera inclusiva e diversificada.

Texto de Úrsula Pereira / Ascom Theatro da Paz