Regulariza Pará fortalece criação e cultivo de ostras (ostreicultura tradicional) em Curuçá
Famílias da Comunidade Mãe Grande de Curuçá receberam uma embarcação de 9 metros com motor de 90 HP, entre outros equipamentos para a produção
A força do trabalho comunitário e do conhecimento tradicional ganhou novos aliados nesta semana em Curuçá, no nordeste paraense. Na comunidade Mãe Grande de Curuçá, famílias que há décadas desenvolvem a ostreicultura receberam equipamentos fundamentais para fortalecer o manejo sustentável do marisco, atividade que garante renda, segurança alimentar e preservação do manguezal.
A entrega oficial foi realizada à Associação dos Aquicultores da Vila Lauro Sodré (Aquavila) e integra o cumprimento parcial do Acordo de Adesão nº 001/2025, firmado entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) e a empresa New Fortress Energy, com apoio de parceiros institucionais e comunitários.
Nesta primeira etapa, foram entregues uma embarcação de 9 metros com motor de 90 HP, mais de dois mil travesseiros para manejo de ostras, lavadora de ostras e outros equipamentos essenciais para a rotina produtiva da associação. O conjunto de investimentos tem como foco garantir melhores condições de trabalho, logística e higiene no cultivo, sem promover aumento imediato da produção.
“Não se trata apenas de uma entrega simbólica, mas de um apoio concreto à atividade que a comunidade já desenvolve há muitos anos. Esses equipamentos vão permitir a manutenção da produção, com mais segurança, qualidade e dignidade para quem vive do manejo da ostra”, destacou o secretário-adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Bastos.
Atuação do Governo do Estado
Por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o Estado atuou como articulador do acordo de adesão, reunindo iniciativa privada, órgãos federais, poder público municipal e organizações comunitárias. A entrega dos equipamentos à Aquavila integra uma estratégia estadual voltada ao fortalecimento da socioeconomia da biodiversidade, reconhecendo a ostreicultura como atividade sustentável e estratégica para o litoral paraense.
Nesta primeira etapa, o apoio tem foco na manutenção da produção existente, melhoria do manejo e das condições de trabalho, respeitando os limites ambientais e o processo de licenciamento. A atuação do Estado também contempla o acompanhamento técnico e o diálogo permanente com a comunidade, garantindo que os investimentos estejam alinhados às boas práticas ambientais, à gestão compartilhada das unidades de conservação e à valorização do conhecimento tradicional.
Fortalecimento sem pressão sobre o ambiente
O projeto foi construído de forma coletiva, respeitando a realidade local e os limites ambientais da região, inserida em área de uso sustentável. Segundo os parceiros, a prioridade neste momento é qualificar o manejo, melhorar o deslocamento até as áreas de cultivo, a fiscalização e garantir melhores condições sanitárias, sem ampliar a pressão sobre os bancos naturais.
“A Vila Lauro Sodré é um exemplo de organização comunitária e de produção alinhada à conservação. Esse apoio reforça uma cadeia que já existe, valoriza o conhecimento tradicional e fortalece a gestão compartilhada do território”, afirmou Maria Augusta, do ICMBio.
A presidente da Aquavila, Taciara Galvão, ressaltou que a entrega representa uma conquista histórica para a associação, que completa mais de duas décadas de atuação.
“Essa conquista representa anos de luta, resistência e união da nossa associação e da nossa comunidade. A Aquavila tem mais de 20 anos de história, construída com muito esforço por homens e mulheres que nunca desistiram de acreditar no trabalho coletivo. Hoje, receber esses equipamentos significa reconhecimento. Significa que o nosso trabalho foi visto, respeitado e valorizado. Esses investimentos vão facilitar o nosso dia a dia, melhorar o manejo e garantir mais segurança para quem sai todos os dias para o cultivo, sem mudar a nossa essência, que é produzir com responsabilidade, cuidando do mangue e garantindo o sustento das famílias.”, disse Taciara.
Parceria que gera desenvolvimento local
Além da Semas e da New Fortress Energy, a iniciativa envolve o ICMBio, a Prefeitura de Curuçá, a Câmara Municipal, a RARE do Brasil, que fez a intermediação entre a comunidade e os órgãos, e lideranças comunitárias, reforçando um modelo de cooperação entre poder público, iniciativa privada e comunidades tradicionais.
Para o representante da empresa parceira, Paul Steffen, o projeto demonstra que é possível conciliar responsabilidade socioambiental e fortalecimento da economia local. “Aqui há uma soma de talentos, saberes e histórias. É uma alegria poder contribuir com um projeto que respeita a natureza e valoriza quem vive dela”, afirmou.
Primeiro passo de um processo maior
A entrega marca apenas a primeira fase do acordo. As próximas etapas preveem acompanhamento técnico e novos investimentos, sempre condicionados ao licenciamento ambiental e à manutenção das boas práticas de manejo.
“A Aquavila segue como protagonista da sua própria história. O Estado e os parceiros caminham junto, garantindo que o desenvolvimento venha acompanhado de conservação e justiça social”, reforçou Rodolpho Bastos.
Com a iniciativa, a comunidade Mãe Grande reafirma seu papel como referência em socioeconomia da biodiversidade, mostrando que é possível gerar renda, preservar o mangue e manter viva a tradição da ostreicultura na região costeira amazônica.
Texto de Lucas Maciel / Ascom Semas
