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Polícia do Pará cria nova diretoria para reforçar diálogo com a comunidade

Por Redação - Agência PA (SECOM)
16/01/2015 19h41

Intensificar as ações de prevenção e aproximar, cada vez mais, a polícia do dia a dia da sociedade, criando uma relação de confiança entre os policiais e a população. Esta será, a partir de agora, a principal diretriz do policiamento na capital e no interior do Estado, anunciou o coronel Roberto Campos na última sexta-feira (09), ao assumir o Comando Geral da Polícia Militar. Para atingir a meta, um novo braço da corporação, a Diretoria de Polícia Comunitária, que terá um papel estratégico do Sistema de Segurança Pública, já começou a ganhar forma.

O novo setor será comandado pelo coronel Carlos Emílio Ferreira, que nos últimos anos esteve à frente do Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp), e funcionará administrativamente no Palácio dos Despachos, junto com todo o Comando da Polícia Militar. A ideia é intensificar as ações em parceria com a sociedade e consolidar o policiamento comunitário, a partir da filosofia de trabalho já aplicada nas Unidades Integradas Pro Paz (UIPP), um modelo que, na avaliação do coronel Campos, vem dando resultados bastante positivos.

Na UIPP da Terra Firme, em Belém, somente no primeiro ano de funcionamento houve uma redução de cerca de 30% no número de crimes no bairro, um dos mais populosos de Belém. A Unidade passou a ser referência e, atualmente, 30 UIPPs estão instaladas em todas as regiões do Estado. No local, além dos serviços das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros, a comunidade conta com serviços de assistência social e mediação de conflitos, além de cursos de capacitação profissional e atividades de esporte e lazer, sobretudo para crianças e adolescentes.

Na Região Metropolitana de Belém, além da UIPP da Terra Firme, outras Unidades Integradas estão em funcionamento nos bairros do Guamá e no Distrito Industrial, e os resultados também são positivos. No Distrito Industrial, em Ananindeua, segundo o delegado Benedito Vilhena, o número de homicídios foi reduzido. “Ano passado a média era bastante elevada, de oito homicídios por mês. Depois, esse índice caiu para cinco, e agora estamos com dois. Ainda não é o que queremos, e a incidência de outros crimes, como roubos e furtos, ainda é grande, mas o trabalho integrado das polícias tem ajudado nisso”, afirmou o delegado.

Diálogo - Ainda segundo Vilhena, a violência doméstica é responsável por um dos maiores índices de ocorrências na Unidade. “Aí é que entra o papel da mediação de conflitos, e isso tem sido muito importante na resolução desses problemas junto com a comunidade”, ressaltou. Segundo o coronel Carlos Emílio, o serviço deverá ser intensificado pela Diretoria de Polícia Comunitária. “Muitos casos são de polícia, mas boa parte é de conflitos que podem ser resolvidos com o diálogo. E esse é um serviço que teremos como bandeira daqui para frente”, disse.

Na avaliação do coronel, o diálogo e a prevenção são as principais ferramentas para o avanço nas ações de segurança pública. “A polícia não vai deixar as ações ostensivas e repressivas, de combater o tráfico e os demais crimes. Mas temos que ir além e nos apropriarmos do nosso papel social. Se agirmos apenas quando os crimes acontecem, as medidas passam a ser meramente paliativas. Por isso, o foco agora é intensificar ações de prevenção. E, para isso, é preciso ir mais para as escolas, para os centros comunitários e dialogar com a população”, afirmou Emílio.

O coronel disse ainda que a atuação da polícia deve acontecer de forma integrada com os demais órgãos públicos. “Hoje tudo está interligado. Uma via congestionada é uma oportunidade para que ocorra um acidente de trânsito. E esse acidente pode levar a uma briga, que pode acabar em uma delegacia. Assim como uma praça deteriorada é uma oportunidade para que os criminosos ocupem, ao invés das famílias. Por isso, as parcerias, não só com a comunidade, mas com os demais órgãos, também serão essenciais nesse processo”, acrescentou.

Parceria - No Distrito Industrial, apesar de recente, o policiamento comunitário tem alcançado grande parte da população. O capitão Joaquim Barros informou que, diariamente, policiais visitam escolas e centros comunitários, e a cada mês duas ou três reuniões são realizadas com representantes da população. “Quando o assunto é apenas de caráter policial, identificamos o problema e mobilizamos o policiamento para aquela situação. Mas quando é de caráter social, o que é mais frequente, orientamos e direcionamos a comunidade para os órgãos que podem resolver”, explicou o capitão.     

A parceria com a comunidade, na avaliação do capitão Joaquim Barrros, tem sido um dos diferenciais no bairro. “Os avanços têm sido positivos. As ligações para os nossos telefones funcionais aumentaram, assim como as denúncias pelo 181. Isso é algo que sempre reforçamos nas reuniões. Mas é claro que ainda existe uma cultura muito forte de se ter medo da polícia. Muito ainda por resquícios da ditadura, ou por maus exemplos dentro da própria corporação. E essa mudança de mentalidade não vai ser de uma hora pra outra. O importante é que ela seja gradativa”, observou.

O presidente da Associação de Moradores do Conjunto Geraldo Palmeira, Raimundo Trindade, disse que concorda com a avaliação do capitão Barros, e destacou a importância da realização de palestras e demais ações de orientação para a comunidade sobre o verdadeiro sentido da polícia comunitária. “Muita gente pensa que vai apenas ‘dedurar’ e fica com medo. Eles pensam que vão fazer o papel da polícia, mas não é isso. Por isso, acredito que é preciso conscientizar a comunidade, porque a parceria com a polícia é muito importante, sobretudo na prevenção”, afirmou.

Estrutura - Além do coronel Emílio Ferreira, a nova Diretoria de Polícia Comunitária contará com a experiência do capitão Marcelo Ribeiro, que nos últimos anos comandou o policiamento no município de Oriximiná, na região oeste do Estado. Segundo ele, o trabalho feito no município será uma referência para que as diretrizes em nível estadual sejam traçadas a partir de agora. "Nós tivemos esperiências muito postivas. Elas vão sevir de base, mas cada região tem suas características e é preciso que as ações sejam aplicadas levando-se isso em conta", observa.

Na nova diretoria, Marcelo Ribeiro chefiará o setor de Polícia Comunitária. Além deste, outros três setores foram criados - de Direitos Humanos, de Políticas de Prevenção e de Relações com a Sociedade -, todos a partir da nova Lei de Organização Básica da Polícia Militar, sancionada em 2014.

A Diretoria de Polícia Comunitária também será responsável pelas ações do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que já formou mais de 100 mil crianças e jovens em todo o Estado, e deverá intensificar as palestras e demais ações preventivas no combate ao uso de drogas.

Outra atribuição será a realização de capacitações de policiais civis e militares e líderes das comunidades sobre policiamento comunitário. Desde 2008, mais de oito mil profissionais já foram capacitados e, desde 2009, o curso é requisito básico na formação de policiais militares, civis e bombeiros.