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Acusados de chacina em Conceição do Araguaia são apresentados pela polícia

Por Redação - Agência PA (SECOM)
06/04/2015 17h36

A Polícia Civil apresentou nesta segunda-feira, 6, em coletiva na Delegacia Geral, em Belém, os irmãos Antonio Bernardo dos Santos Pereira, conhecido como "Tonho", e Genival dos Santos Pereira, o "Jhone", acusados de serem os executores da chacina no assentamento da Fazenda Estiva, zona rural de Conceição do Araguaia, sudeste paraense, em 16 de fevereiro deste ano. O crime teria sido motivado por disputa de lote de terra entre ocupantes. Os presos são naturais do Piauí.

O casal de agricultores Leidiane Souza Soares, 30 anos, e Washington Miranda Muniz, 42, e seus filhos Júlio César Souza Muniz, 11, Wesley Washington Souza Muniz, 15, e Samylla Letícia Souza Muniz, 12, e o sobrinho do casal, Matheus Sousa Barros, 14, foram mortos a golpes de facão e tiros.

A família vivia em um lote disputado por dois irmãos, conhecidos como "Oziel" e "Oliveira", que teriam abandonado a área, mas estariam querendo o terreno de volta. Segundo as investigações, os irmãos foram colocados como suspeitos inicialmente de terem contratado pistoleiros para matar a família, mas, no decorrer das investigações, o envolvimento dos dois no crime foi descartado. Para o delegado geral, Rilmar Firmino, com as prisões, o caso está encerrado. Os presos vão ficar recolhidos em unidades do Complexo de Americano, em Santa Isabel do Pará, nordeste paraense.

Na coletiva, o delegado Antonio Miranda, superintendente da Polícia Civil no Araguaia, deu detalhes sobre a chacina. No fim da tarde de 16 de fevereiro, por volta de 18 horas, Antonio e Genival foram até a casa de Dorvillê Azevedo Belém, o “Cabeça”, e pegaram as armas do crime, um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 32. Depois, os irmãos seguiram até o barraco da família Muniz, na fazenda Estiva, onde simularam um incêndio com a intenção de retirar a família do local para atraí-la a uma emboscada.

As vítimas foram amarradas com cordas e obrigadas a caminhar em fila indiana por quase três quilômetros em direção ao leito do rio Estiva, onde fica a casa de outro envolvido no crime, Batista Gomes Nascimento, conhecido como "Neto". Foi onde todos foram mortos, com golpes de facão, depois de terem sido obrigados a se deitar.

O casal foi morto a tiros e ainda com cortes. Os filhos foram mortos a golpes de facão no pescoço e depois tiveram as cabeças esmagadas. Uma das vítimas lutou e teve os braços cortados. Outra conseguiu mergulhar no rio para tentar escapar da morte, mas acabou morto por afogamento por Genival. Os corpos foram jogados no rio. Para facilitar o afundamento dos cadáveres, os criminosos usaram facões para abrir a barriga das vítimas.

Buscas – Na manhã do dia seguinte ao crime, equipes do 10º Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar de Redenção foram acionadas para ajudar nos resgates dos corpos de dentro do rio. As buscas aos criminosos tiveram apoio do helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) e trabalho de perícia do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. No mesmo dia, "Cabeça" foi preso acusado de dar apoio aos executores. Ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Com ele foi apreendida uma das armas de fogo usadas no crime.

Durante as investigações, diversas testemunhas foram ouvidas em depoimento pelo delegado Valdivino Miranda, titular da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), de Redenção. Entre elas, Batista Gomes Nascimento, o "Neto", que desapareceu depois de prestar depoimento sem deixar qualquer informação sobre seu paradeiro. No dia 22, a Polícia Civil solicitou à Justiça a prisão preventiva dos acusados. As ordens judiciais foram decretadas no dia seguinte. Nesse mesmo dia, "Neto" foi preso por ordem judicial. O trabalho de investigação teve apoio do Núcleo de Apoio à Investigação de Redenção.

No dia 1º de abril, Antonio Bernardo, o "Tonho", foi preso na fazenda Três Irmãos, localizada numa área conhecida como "Travessão", às margens do rio Araguaia, em Floresta do Araguaia, sul do Pará. A prisão ocorreu durante operação policial que contou com integrantes do Batalhão de Conceição do Araguaia e da Superintendência da Região do Alto Xingu, além de homens do Grupo Tático Operacional de Redenção, após os policiais fecharem o cerco na fazenda. As investigações mostraram que Antônio e Genival estavam escondidos em um grupo de colonos nessa fazenda, em Floresta do Araguaia.

Genival Pereira, o "Jhone", foi preso no dia 2, no terminal rodoviário da cidade de Araguaína (TO), por policiais militares e civis do Pará e do Tocantins, no momento em que pretendia fugir. Segundo o delegado Antonio Miranda, "Jhone" é um nome falso criado por Genival Pereira, quando foi preso, em Eldorado dos Carajás, sudeste paraense, após ter morto um mototaxista. Na época do crime, o acusado conseguiu fugir e estava com mandado de prisão decretado pela Justiça do município. Ele já respondia também a outros dois processos criminais por roubo e tentativa de homicídio, no Estado do Piauí, de onde também é foragido.