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Videogame e outras tecnologias ajudam na reabilitação de pacientes

Por Redação - Agência PA (SECOM)
27/04/2015 11h16

Para muitos, o videogame é visto como uma brincadeira, para outros, competição, mas para Everton de Souza, é tratamento. Portador de paralisia cerebral, Everton é um dos pacientes atendidos pela “Gameterapia” – a terapia através de vídeo-games. O tratamento é ofertado gratuitamente pelo Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (Nedeta) da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

O núcleo presta, desde o ano de 2005, atendimento a pessoas com deficiência, desenvolvendo novas tecnologias de acessibilidade. Atualmente, cerca de 85 crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência são atendidas no núcleo, que funciona dentro da  Uepa, na Unidade de Ensino Assistência de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO).

A terapeuta ocupacional Ana Irene Alves de Oliveira, coordenadora do Núcleo, explica que o uso de tecnologias acessíveis tem sido cada vez mais utilizado na reabilitação de crianças e adolescentes. “A gameterapia começou a ser usada aqui no Estado há três anos. Foi através de uma pesquisa feita por três alunos da Uepa, que ficamos sabendo sobre os benefícios dessa terapia. Resolvemos investir, adaptar para nossos pacientes e conseguimos provar através de testes que o resultado estava aparecendo muito rápido”, detalha.

Everton de Souza, 23 anos, foi um dos primeiros jovens atendidos pelo núcleo. Quando iniciou o tratamento, Everton não andava, não falava e muito menos conseguia jogar vídeo game. Após nove anos de tratamento no Nedeta, Everton desenvolveu diversos avanços. “Até os 10 anos de idade, eu tinha que carregar meu filho no colo. Eu já não tinha mais forças e não saía mais de casa com ele. Quando vejo meu filho caminhando na praça, sorrindo e fazendo atividades normais, eu me emociono”, diz Rita de Souza, mãe do rapaz.

Roupa Biocinética

Outro projeto desenvolvido pelo núcleo que também vem alcançado resultados positivos é a roupa como órtese dinâmica para crianças com paralisia cerebral – a roupa biocinética. Criada em 2013, a roupa feita de laicra e anéis metálicos corrige a postura, dá firmeza e ajuda a executar movimentos. “A utilização desta roupa para tratamento de crianças com deficiência neuromotora já era utilizada em outros países. Resolvemos investir nessa área, adaptar para nossa realidade e o resultado foi o melhor possível”, ressalta Ana Irene. Atualmente, oito crianças no Pará utilizam a roupa biocinética como tratamento.

A terapeuta ocupacional explica que a roupa possui anéis de metal localizados nas regiões de alguns músculos, como joelho, tronco e quadril. Ela fica justa no corpo e, com isso, corrige a postura. A menina Taíssa Silva, 7 anos, utiliza a roupa há nove meses. Em pouco tempo de tratamento, os movimentos realizados por ela melhoraram consideravelmente. “Eu divido o tratamento da minha filha em dois momentos: antes e depois de começar a usar a roupa. É incrível como ela melhorou, como passou a ter mais postura e equilíbrio”, diz Lucidéia da Silva, mãe de Taíssa.

Os anéis metálicos fixados na roupa ajudam a executar movimentos e passam ao cérebro informações neurossensoriais. “As pesquisas em torno desta roupa continuam. Estamos mudando as versões do protótipo dela o tempo inteiro com o objetivo de aumentar, cada vez mais, sua eficácia. Já conseguimos provar sua eficácia através de diversos testes, mas agora vamos entrar com testes ainda mais eficazes, através de um acompanhamento de uma neurologista”, conclui.

As roupas são confeccionadas por profissionais terapeutas ocupacionais do núcleo, em parceria com uma malharia que se propôs a ajudar a causa. Após fazer o tratamento dentro da unidade, as crianças podem levar a roupa para casa, para continuar o tratamento.

Outras tecnologias

O núcleo também conta com outras tecnologias na reabilitação de pacientes, como o VoxLaPS, um vocalizador para língua portuguesa que auxilia no tratamento de pacientes com problemas ou limitações na linguagem oral. Há, ainda, o aplicativo chamado “Desenvolve”, um software especial com características adaptadas, com eixo principal de um sistema de escaneamento (varredura) trabalhando com imagens, textos e sons para favorecer o trabalho com as crianças com paralisia cerebral, possibilitando, assim, avaliar e desenvolver as habilidades cognitivas dessas crianças que apresentam alterações neuromotoras e sensoriais.

Em 2007, a professora Ana Irene Alves de Oliveira, coordenadora do Núcleo, recebeu, em Brasília, o Prêmio Direitos Humanos pela elaboração do Software Desenvolve. O projeto do software, assim como outros produtos desenvolvidos pelo Nedeta, foram financiados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa).

Serviço:
Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (Nedeta)
Endereço: Travessa Perebebuí, 2623 entre Avenida Almirante Barroso e 25 de Setembro, Bairro do Marco - Telefone: [91] 3277 1909