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Projeto literário atende detentos e oferece oportunidade de ressocialização

Por Redação - Agência PA (SECOM)
17/08/2015 16h17

A Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI) foi palco da aula inaugural do projeto “A Leitura que Liberta”, na manhã desta segunda-feira, 17, e reuniu 60 internos custodiados pela Superintendência Penitenciária do Estado (Susipe) que terão a oportunidade de diminuir o tempo de reclusão através da leitura e produção textual de obras literárias. Esta é mais uma chance para que os presidiários participem do processo de ressocialização, além de garantir desenvolvimento intelectual.

A ação, que a nível nacional é chamada “Remissão pela Leitura”, é realizada pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH) através das 1ª e 2ª Varas de Execuções Penais, pela Secretaria de Educação do Pará (Seduc) e pela Susipe.

Com a implantação do “Leitura que Liberta”, estará instituída legalmente a possibilidade de apenados custodiados virem a diminuir parte de suas penas participando de atividades intelectuais. O projeto consiste no uso da metodologia “Sequência Didática” que visa desenvolver no leitor as potencialidades de leitura, interpretação e produção textual.

Segundo Aline Mesquita, gerente de Divisão da Educação Prisional, os detentos, assim como a sociedade, só tem a ganhar com este novo projeto. “É através da educação que conseguimos colher bons resultados. Com esse projeto tentamos dar um novo significado para a vida dessas pessoas, pois terão inúmeros benefícios, não só pela remissão, mas por muitas conquistas que podem conseguir, como a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio”, destacou. Segundo ela, um sarau literário deve ser programado no final do ano para apresentar os resultados do projeto. “Acreditamos que nem mesmo o trabalho muda tanto uma pessoa quanto o estudo”, diz.

Os internos são do Centro de Recuperação Especial Coronel Anastácio Neves (Crecan), do Centro de Recuperação Feminino (CRF), do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará II (CRPP II) e da CPASI. Oito professores – entre eles doutores, mestres e especialistas - acompanharão, exclusivamente, os detentos neste novo projeto.

Metodologia - O leitor escolherá a obra que irá ler, entre aquelas selecionadas pelo grupo de professores e de acordo com seu interesse e nível de escolaridade. O detento terá no mínimo 30 dias para ler e escrever um relatório de leitura ou uma resenha sobre a obra lida. Ao iniciar a obra o leitor participará de um conjunto de atividades com a finalidade de esclarecer sobre a remissão de pena pela leitura e sobre o gênero textual que terá que produzir para fazer jus ao benefício.

“Com este projeto, espero que a leitura me proporcione mais mudanças, além da redução da pena. Não penso em voltar a fazer o que fazia antes e a leitura me ajudou muito nisso, a tomar essa decisão correta”, disse um dos detentos, que está preso há sete anos, e que destaca a importância da leitura para a ressocialização.

O detento também deverá participar de duas sessões semanais de atendimento individual e de uma atividade coletiva para discussão sobre a leitura e o esclarecimento de dúvidas com professores e orientadores. “Todos os professores receberam capacitação para participarem deste projeto, pois existem especificidades nesta modalidade de ensino, na forma de abordar os alunos e na metodologia. O grande objetivo é despertar nestas pessoas o interesse pela leitura e assim ocorra uma transformação na sociedade”, enfatizou o professor Ribamar Oliveira, que trabalhará pela primeira vez com os detentos.

Serão admitidas duas formas de produção textual: relatório de leitura, para os detentos do Ensino Médio e resenha, para os detentos de nível superior. Após leitura e produção de texto, o trabalho do leitor será avaliado e encaminhado ao juiz que decidirá pela redução ou não da pena. Se for decidido pela redução, o juiz pode remir até quatro dias da pena a cada trabalho realizado.

De acordo com Núlcia Azevedo, coordenadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), esta é uma ação muito importante para tentar melhorar a vida do apenado. “Vejo a oferta de possibilidade de remissão da pena do preso através de um projeto de leitura e escrita um passo muito importante para a nossa educação. A Seduc e a Susipe estão de parabéns pela nobre iniciativa em ajudar as pessoas privadas de liberdade”, afirmou Núlcia.