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Jogos Mundiais Indígenas seguem com demonstrações de modalidades tradicionais

Por Redação - Agência PA (SECOM)
26/10/2015 14h43

Os Jogos Mundiais Indígenas que estão sendo realizados em Palmas, no estado do Tocantins, seguem até o dia 1º de novembro com exibição das principais modalidades de caráter tradicional. Na tarde do último domingo, 25, na Arena Green, os indígenas fizeram exibições de cabo de guerra, arco e flecha e arremesso de lança.

Os jogos reúnem dois mil indígenas de 32 locais. Do Pará, estão participando os Gavião Parkatejê e Kykatejê, Assurini do Tocantins, Wai-Wai e Kayapó. Segundo o coordenador das modalidades tradicionais indígenas, Carlos Terena, esse evento no Tocantins celebra a integração dos povos brasileiros e estrangeiros, representados por países como Nova Zelândia, México, Argentina, Canadá e Mongólia.

Na manhã desta segunda-feira, 26, o clima em Palmas era de tranquilidade, com temperatura amena e sem chuvas. A rodada do futebol abriu a programação do dia. A tarde, a partir das 16h, começam as exibições na Arena Green. A programação tem encerrado com seletivas do concurso da mais bela jovem indígena.

Os moradores de Palmas também estão participando ativamente do evento. Na área interna da Arena Green há feiras de artesanato, espaços multimídias, praça de alimentação e uma ampla programação cultural e de lazer. A Arena Green tem capacidade para cinco mil pessoas, mas a segurança rigorosa tem evitado a entrada de muita gente e gerado filas quilométricas dentro e fora dos portões do estádio Nilton Santos, onde foi construída a arena.

Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas são uma iniciativa das Nações Unidas (ONU), por meio por Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud), Ministério do Esporte e Governo do Tocantins. Dados colhidos junto à imprensa de Palmas dão conta de que foram investidos R$ 17 milhões do Pnud e mais R$ 4 milhões da Prefeitura de Palmas, com a qual o Pnud assinou convênio. São 24 etnias, com delegações de países como Austrália, Equador, Nova Zelândia, Rússia, Etiópia, Mongólia e Estados Unidos, entre outros. As etnias brasileiras somam mais de 20, com destaque para os povos Terena, Xavante, Pataxó, Bakairi, Javaé, Karajá, Mamaydê e Kanela.

Confuso – Os Jogos também mostram a beleza das tradições indígenas, porém, a organização rigorosa tem recebido muitas críticas da imprensa, dos indígenas, artesãos e de muitos moradores da cidade que não conseguem ter acesso à programação no interior da Arena Green. Os protestos começaram desde o primeiro dia com moradores de Palmas revoltados com a presença da presidente Dilma Rousseff.

Os índios também reivindicam o fim da PEC 215, que transfere a prerrogativa da demarcação das terras indígenas para o Congresso Nacional. O credenciamento gerou outra dor de cabeça. As primeiras delegações indígenas que chegaram em Palmas amargaram horas na fila aguardando pela liberação do documento. Vários indígenas como o veterano Akazu-y Tabajara, de 68 anos, reclamaram da falta de atenção da comissão de organização. Sobre esse assunto, a organização não se manifesta e diz apenas que o credenciamento do evento encerrou dia 25 de setembro pelo site dos jogos.

Saúde – Na tarde de domingo, 25, o debate na Oca da Sabedoria foi sobre saúde da mulher e criança indígenas. Segundo Miriam Marcos Terena, do Movimento nacional de Mulheres Indígenas, o debate no evento internacional deverá dar mais destaque à luta das mulheres. Segundo o movimento, a discussão atual pede apoio para as políticas de saúde específica às mulheres indígenas, que segundo Miiram, estão passíveis de enfrentar as mesmas doenças da população não indígena. “Temos preocupação com os casos de doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a Aids, câncer do colo do útero e diabetes, entre outros”, disse a líder.

O consumo de refrigerantes entre as etnias também está preocupando as lideranças. Segundo relatos de mulheres que trabalham nas aldeias do Tocantins e Norte do Brasil, o problema está avançando e muitos casos de diabetes têm aparecido entre os idosos. A líder indígena Samila Xavante, que trabalha em uma unidade de saúde da reserva de seu povo, os casos são preocupantes e devem mobilizar a  comunidade para solicitar mais atenção por parte dos órgãos de saúde do governo federal.

O debate sobre saúde da mulher indígena contou também com a presença de Graciliana Celestina, do Rio Grande do Norte. Ela disse que entre seu povo a luta é pela qualidade da equipe que atende os indígenas. “Estamos avançando, pois nossa equipe de saúde já é composta por pessoas do nosso povo. E isso é importante porque existe a identidade e o respeito na hora de atender nosso paciente”, disse. O próximo encontro das mulheres será num fórum, em Brasília, antes do fim do ano.

Até o dia 1, os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas seguem em Palmas. Ainda faltam as provas de canoagem - que utilizarão canoas confeccionadas no Pará -, corrida de cem metros, natação e a final do futebol.