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SAÚDE PÚBLICA

Oficina em Belém aborda atendimento a pessoas com vírus HTLV

Promovido pelo Ministério da Saúde na sede da Sespa, o evento debateu sobre sintomas da infecção causa pelo vírus, ainda sem cura, e a assistência disponível pelo SUS

Por Mozart Lira (SESPA)
18/06/2024 17h43

Com o tema “Saindo da Invisibilidade” foi realizada, em Belém, a Oficina Estadual sobre Vírus Linfotrópico de Células T Humana (HTLV), que causa doença infecciosa ainda sem cura, no auditório da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Promovida por especialistas da equipe técnica do Ministério da Saúde (MS), a atividade reuniu técnicos da Secretaria, gestores municipais dos Serviços de Atenção Especializada (SAES) e da sociedade civil, com o objetivo de compartilhar informações sobre a doença e o fluxo de assistência a pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Pará. Mesa de abertura da oficina sobre HTLV, na sede da Sespa

“A oficina vem com o intuito de associar a integralidade do SUS com os serviços que atendem pessoas vivendo com o HTLV. Assim, esperamos levar conhecimentos que possibilitem aos profissionais compreender desde a transmissão à prevenção”, destacou Jair Brandão, consultor técnico do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI), do Ministério da Saúde.

O vírus HTLV é uma doença infecciosa descoberta nos anos 1980. O HTLV é um retrovírus, assim como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e ambos causam doenças ainda sem cura. Assim como o HIV, o HTLV tem afinidade por células linfócitos T do corpo humano, encontradas no sistema imunológico.Técnicos da Sespa, gestores municipais dos Serviços de Atenção Especializada e representantes da sociedade civil participaram da oficina

Os sintomas podem ser inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce. Entre estes estão gânglios inchados; alterações na visão; fraqueza; dormência, formigamento nos membros, dor no corpo, dermatites e problemas neurológicos, além do desenvolvimento de doenças oncológicas, como leucemia e linfoma.

O vírus é transmitido por meio do contato sexual sem a devida proteção, do compartilhamento de seringas e agulhas, em transfusões sanguíneas e de mãe para filho durante a gestação, o parto ou na amamentação.

infectologista Romina Oliveira: parte dos diagnosticados não apresenta sintomasEstratégias - Os agravos que podem surgir em decorrência da infecção pelo vírus devem ser tratados com orientação médica. “A intenção dessa oficina é trazer informações sobre esse vírus, pois uma parte dos diagnosticados é assintomática, mas a outra apresenta sintomas sem saber do que se trata. Portanto, é importante que tanto os profissionais de saúde, como a sociedade civil, estejam munidos de estratégias de como agir com os pacientes”, explicou a médica infectologista Romina Oliveira, consultora técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

No evento foram debatidos temas como cenário estadual, cenário nacional, prevenção, diagnóstico, rede de cuidados e transmissão vertical. Os participantes participaram de discussões e esclareceram dúvidas.

Professor Antonio Vallinoto: capacitação aperfeiçoará a leitura sobre prevalência do HTLV Um dos palestrantes foi o professor Antônio Vallinoto, com doutorado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, atual chefe do Laboratório de Virologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), uma das referências no mapeamento da ação do vírus no Pará. “Importantíssima a realização dessa capacitação, que ajudará no aperfeiçoamento da leitura da prevalência do HTLV no território paraense”, afirmou.

Compartilhamento - O técnico da Coordenação Estadual de IST/Aids, Samuel Cruz, ressaltou a necessidade de alertar a população para a existência do vírus, orientou o fluxo do atendimento ao usuário identificado com HTLV dentro da rede e disse que, diante dos agravos que o vírus pode desencadear, a assistência deve ser compartilhada entre Atenção Primária em Saúde, SAES e serviços de pronto atendimento para casos agudos, e de média e alta complexidade para os casos mais graves.

Técnico Samuel Cruz orientou o fluxo do atendimento disponível ao usuárioPor ainda não haver vacina ou medicamento contra o vírus, o tratamento combate os sinais e sintomas, o que inclui a interrupção da amamentação para as lactentes expostas, com recomendação e garantia do uso de inibidores de lactação e de fórmulas lácteas infantis. Atualmente, a prevenção mais eficaz parte da informação e uso de preservativos internos (feminino) e externos (masculino) em todas as relações sexuais, além de não compartilhar seringas, agulhas ou objetos perfurocortantes.

Segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que haja de 5 a 10 milhões de infectados por HTLV no planeta. Pelo menos 800 mil estão no Brasil, com maior prevalência em pessoas do sexo feminino. No Pará, oito casos da doença foram confirmados em 2022, e mais sete no ano passado. Os exames são confirmados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), apesar de a doença ainda não ser de notificação obrigatória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.

Vozes da sociedade - A oficina realizada na Sespa abriu espaço para manifestações dos representantes da sociedade civil, com vários testemunhos em torno da luta por visibilidade, direitos e melhores condições para pessoas diagnosticadas com HTLV, que enfrentam estigma e discriminação.

Houve as participações de Adijeane Oliveira, presidente da ONG HTLVida, de Salvador (BA); Amélia Garcia, do Arte pela Vida, de Belém; Maria Elias, do coletivo Coisa de Puta; Antonio Ozair, da OSC (Organização da Sociedade Civil) de Hepatites Virais Para Vidda, e Márcia Passos, da OSC LGTQI+Lesbipará.