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'Cine Ophir' envolve pacientes oncológicos e acompanhantes na magia terapêutica do cinema

Abordagem utiliza a exibição de sucessos da sétima arte na transformação do ambiente hospitalar; programação muda rotina e agrada o público

Por Governo do Pará (SECOM)
25/06/2022 16h39

Pacientes atentos ao filme ''Um Senhor Estagiário'' na sessão do Cine Ophir dentro do Hospital Ophir Loyola, em BelémA experiência nova de socialização e integração entre os pacientes do Hospital Ophir Loyola (HOL) se estendeu na manhã deste sábado (25) a um dos corredores da Clínica Cirúrgica, envolvido pela atmosfera cinematográfica com a exibição de um grande sucesso dos cinemas: o filme “Um Senhor Estagiário” (2015). Por meio do projeto “Cine Ophir”, a Divisão de Terapia Ocupacional do HOL já exibe regularmente longas-metragens nas enfermarias e a iniciativa avançou agora aos corredores do hospital. 

A operacionalização do ‘Cine Ophir’ conta com a parceria da equipe médica e multidisciplinar. Antes da implantação do projeto nas enfermarias, a equipe hospitalar verifica as condições clínicas de cada paciente, a fim de saber se apresentam condições propícias para a atividade. Nos corredores, o monitoramento das terapeutas é contínuo para assegurar o efeito positivo sugerido na terapia.

As terapeutas do Hospital Ophir Loyola, Márcia Nunes e Grace Cabral, são entusiastas das sessões de cinema como terapias“O cinema já é rotina nas enfermarias e agora trouxemos para os corredores para promover a socialização de pacientes de enfermarias diferentes. Essa integração possibilita o senso de pertencimento. O ser humano gosta de falar, trocar experiências e eventos como esse atuam como propagadores de bons sentimentos. A escolha do filme de estreia partiu do intuito de exibir algo divertido, mas que trouxesse mensagens de esperança, enfrentamento, e de compartilhamento de experiências, fatores relevantes para o contexto hospitalar”, ponderou a terapeuta Grace Cabral.

Autoestima - A partir das produções cinematográficas contemporâneas, a equipe de Terapia Ocupacional do HOL traz, às enfermarias e aos corredores do hospital, histórias leves, com mensagens interessantes que possam contribuir para a melhora da autoestima dos pacientes e acompanhantes. A atividade de humanização do ambiente tem enfoque terapêutico e minimiza o estresse e a irritabilidade. 

Pacientes e acompanhantes prontos para a sessão do longa-metragem neste sábado (25), no Ophir Loyola em Belém “O cinema nos ajuda a entender o presente, o passado e até a repensar o futuro. No caso do filme escolhido para esta manhã, ele faz uma releitura sobre o processo de envelhecimento. Compreendemos que o envelhecimento é um encontro de gerações e que as pessoas podem modificar a forma de viver todos os dias ao se readaptar, se renovar ou criando novos hábitos. A reflexão estimula a visão de que nem sempre a vida é fácil, mas a gente pode escolher a melhor estratégia para enfrentar os desafios”, explicou a chefe da Divisão de Terapia Ocupacional do HOL, Márcia Nunes.

Natural de Ipixuna do Pará, Merisvalda Barbosa, 46 anos, trata um câncer de pele. Ela conta que começou a sentir dores na axila direita, mas que, por conta do excesso de trabalho, não deu tanta importância. “Depois surgiu uma vermelhidão e uma bolinha. Me preocupei mesmo quando apareceu uma ferida e, após consulta e biópsia, fui encaminha para o Ophir”, afirmou a cabeleireira.

Até a manhã deste sábado (25), Merisvalda nunca teve a experiência de uma sessão de cinema nas telonas. “Eu nunca tinha ido ao cinema e (o Cine Ophir) foi uma experiência maravilhosa. Com o filme, percebi que ainda posso mudar muita coisa. Antes, eu só queria me dedicar ao trabalho, passava da hora de comer e não ligava para o meu cansaço. Mas o câncer me fez repensar sobre a família, saúde, vida, fé e eu vou sair daqui dando mais valor a tudo isso. Eu vou viver tudo o que eu não vivi, em nome de Jesus. Essa luta (contra o câncer de pele) não será em vão”, afirmou, enquanto segurava um ingresso simbólico criado pelos servidores para convidar os pacientes para o ‘Cine Ophir’.

O psicólogo, Pedro Lobato, defende que as atividades lúdicas e audiovisuais trazem novas perspectivasPara o psicólogo do HOL, Pedro Lobato, a exibição de filmes muda a rotina dos internados e ajuda a trabalhar emoções, como a ansiedade e baixa autoestima. A comédia de Nancy Meyers garantiu risadas e, segundo o especialista, refletiu no humor e no bem-estar de pacientes e acompanhantes. “Essas atividades são muito importantes para que eles fujam da rotina hospitalar. Alguns têm muito tempo de internação, com pouco convívio com a família e estão com familiares em outras cidades e distrações como essas são importantes. É bom para que eles consigam levantar o ânimo e encarar o tratamento de outra forma. Atividades lúdicas e audiovisuais trazem novas perspectivas”, explicou.

Acolhimento - É na experiência da coletividade que o cinema permite maior imersão em sentimentos de afeto, atenção, empatia e solidariedade, fundamentais para a construção de espaços humanizados. Especialistas do HOL defendem que Cine Ophir vai muito além do mero entretenimento. “É a contribuição para a criação de laços de empatia e afeto, enquanto rompe-se com o estado de ‘ociosidade’ do paciente”, pondera Márcia.

De acordo com o psicólogo, tais experiências oportunizam pensamentos de resiliência e de otimismo aos usuários e acompanhantes. “O período de internação, a distância de casa e da família, e a preocupação de ser um fardo para os familiares são relatos recorrentes nos diálogos de quem enfrenta a doença. Logo, toda atividade que consiga tirar os usuários desse contexto de ficar no leito, pensando na doença, é extremamente válida”, assegura.

Texto de Ellyson Ramos / Ascom Hospital Ophir Loyola