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Dona Alcedina, poeta descoberta no "TerPaz", faz estreia na 24ª Feira do Livro e das Multivozes

Dona de casa dá ritmo às palavras que fazem parte do cotidiano no bairro do Guamá, onde o Programa do Governo do Estado leva suas ações

Por Luana Laboissiere (SECOM)
04/12/2021 16h19

"As palavras fluem de dentro de mim. Eu olho, eu penso, eu sinto, eu escrevo". É assim que dona Alcedina, de 63 anos, explica sua vocação para a poesia. Embora não tenha tanto tempo desde que a dona de casa se revelou como poeta, ela conta que sempre gostou de criar. "Desde que eu me entendi, comecei. Fazia na igreja, para aniversários... Você só precisa me falar o tema e eu crio", explica.

Atendida pelo programa "TerPaz" há alguns meses, no bairro do Guamá, foi no contato com a equipe técnica que ela tornou público seu talento. Neste sábado (4), veio como convidada até o estande do Programa na 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes para declamar algumas de suas criações - em particular, um poema que foi escrito especialmente para a ocasião.

Dona Alcedina chegou ao "TerPaz" em busca de cuidados médicos porque precisava de atendimento de especialistas, mas acabou encontrando, além de atenção à saúde, acolhimento e amizade. "A gente precisa muito de tudo na nossa vida. É muito difícil para a gente, da classe menos favorecida, conseguir. Eu vi na programação do TerPaz o amor que eles têm pelas pessoas. Eu fui lá atrás de uma consulta e consegui tantas coisas. Então, quis fazer uma poesia com palavras de agradecimento. Para mim, é algo que Deus mandou para nos ajudar".

Juliana Barroso, diretora geral do Núcleo de Articulação da Cidadania, é uma das fãs de Alcedina. "Eu coordeno uma instância de governança que é responsável tanto pela execução do projeto quanto pelo contato com a comunidade. Quando conheci a dona Alcedina, ela já participava das nossas ações há algum tempo. No último sábado, ela pediu licença para contar que tinha feito um poema sobre o TerPaz. Ela declamou e a gente se emocionou muito", relembra.

Juliana, então, convidou a artista para vir até a Feira. "Queríamos trazer os Territórios para dentro do estande do TerPaz. A gente a trouxe porque ela tem tudo a ver com a leitura, o conhecimento, a produção local e as vozes que esta Feira está propagando", elogia a diretora.

Dona Alcedina está ansiosa e empolgada com a estreia no evento. "Fiz um poema hoje para a Feira do Livro. Se deixarem, eu vou declamar. Fico muito feliz, porque a gente tem um dom que Deus nos dá e as pessoas não reconhecem. O TerPaz me reconheceu. Assim como eu vi neles um amor verdadeiro pelas pessoas que necessitam, eles viram também em mim um dom, que é a poesia". 

 

Geloteca

No estande do "TerPaz" na 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, chama a atenção uma geladeira cor de rosa, customizada com o rosto de mulheres fortes e emblemáticas - como Simone de Beauvoir e Maria da Penha. O eletrodoméstico, na verdade, é uma "geloteca": uma biblioteca portátil, que abriga livros em vez de alimentos.

Unidades como esta estão espalhadas em comunidades de Belém. A ideia de usar geladeiras como centros comunitários de leitura surgiu em 2019 e vem se expandindo desde então. De acordo com Sarah Fenelon, que organiza a geloteca Mandala, no bairro do Icuí, já são 7 na região metropolitana de Belém. "O nosso foco é implantar gelotecas, que são bibliotecas comunitárias, nas áreas periféricas onde há carência de incentivo à leitura. A gente trabalha com formação de leitores, mas também com muitas outras atividades em prol da educação e da cultura. 

Leila Nunes, da rede de bibliotecas comunitárias Amazônia Literária, acrescenta que esses inusitados instrumentos nascem do mote em comum de democratizar o contato com bens culturais. "A gente trabalha com esse objetivo de inserção sociocultural, incentivando a literatura e o acesso a outros direitos, como arte e cultura. Então envolvemos teatro, mediação de leitura e essa aproximação entre obras e leitores. Para além do saber ler, damos atenção à leitura do mundo", argumenta. "As gelotecas estão nesse trabalho com a gente, já que demandam menos infraestrutura que uma biblioteca comunitária de fato. Assim, conseguimos acessar outros territórios que antes eram mais difíceis de alcançar". 

A 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes vai até este domingo (5), e pode ser visitada das 9h às 21h na Arena Guilherme Paraense, o Mangueirinho.

 

Texto: Camila Barbalho/ Ascom FCP