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Ações itinerantes do Projeto ‘Entre Elas’ acolhem mulheres vítimas de violência doméstica

Por meio de bate-papo com mulheres especialistas, elas se sentem mais seguras para lutar contra a violência

Por Nathalia Mota (PARAPAZ)
25/08/2021 09h22

Durante as ações sociais promovidas pelo Governo do Estado, que garantem cidadania, assistência e saúde aos cidadãos paraenses, a Fundação ParáPaz encontrou uma forma de alcançar mulheres por todo o Pará e abordar sobre um tema que precisa ser discutido: a violência doméstica.  

Por meio do projeto “Entre Elas”, as mulheres são acolhidas em um espaço seguro e agradável para receber atendimento de profissionais capacitadas para ouvir a intimidade das participantes, como explica a delegada Claudilene Maia, chefe da Procuradoria Jurídica da Fundação ParáPaz e coordenadora atuante do projeto. “Procuramos tornar o ambiente intimista e sigiloso porque ali será exposto sua privacidade. Por isso, na ação, escolhemos um espaço que seja bem localizado, climatizado, mas que também não esteja em evidência, já que precisamos captar essa mulher, dando total conforto e deixando ela mais à vontade possível’, frisou.

O acolhimento é realizado por meio de roda de conversa, que dura em média de 30 a 40 minutos e para ter o resultado esperado, conta com a participação de uma equipe multidisciplinar formada por uma advogada, uma assistente social e uma psicóloga, que juntas, ficam à disposição para ouvir as angústias e experiências de vida através de uma dinâmica descontraída desenvolvida especialmente para o projeto. A equipe se apresenta e informa como a conversa fluirá a partir daquele momento, assegurando que tudo o que for exposto fica somente “entre elas”, como pontua a psicóloga Danielly Alcântara.

“É válido ressaltar que o contato e o diálogo feitos de uma forma humanizada tem muita eficácia na sensibilização dessas mulheres, principalmente àquelas que tem menos oportunidade de informações. Então, o modo como você se aproxima e interage, permite que essa mulher se sinta à vontade para expressar os sentimentos e reorganizar ideias e pensamentos”. 

Para esclarecer que a violência doméstica acontece independente da condição social e atinge de forma universal tantas mulheres, a delegada Claudilene enfatiza que é importante as próprias técnicas falarem sobre suas vivências e que o olhar humano e a sensibilidade precisam estar lado a lado. “Elas ficam muito mais confortáveis para falar delas e precisam entender que muitas vezes a gente só foca na nossa dor e quando ouvimos a dor da próxima, percebemos que a nossa não é superior e isso a encoraja a ir mais adiante, até chegar na denúncia, pois a maioria relata que já sofreu algum tipo de violência”, explicou.

Outra profissional atuante na execução do “Entre Elas”, a assistente social Rosa Paes, informou que “a interação oportuniza o trabalho de prevenção e multiplica as informações sobre as tipificações de violência e canais de denúncia, aproximando ainda mais a população das políticas públicas e serviços governamentais”.

Fase inicial 

Logo na implantação do projeto, iniciado há menos de um ano, havia uma falta de interesse da parte das mulheres, que ficavam extremamente ansiosas para serem chamadas para a emissão do documento de identidade, objetivo central da maioria. Percebendo essa dificuldade, a coordenação aderiu um novo formato mais atraente, utilizando recursos audiovisuais e criando estratégias para captar as participantes sem prejudicar o atendimento em outros serviços. 

A equipe passou a convidá-las com um incentivo, um brinde motivacional, que pode ser uma maquiagem, um porta documento personalizado, algo que estimule a autoestima, o que tem tudo a ver com o momento que discute sobre empoderamento feminino. O resultado tem sido muito satisfatório somando mais de 740 atendimentos em 18 ações em que esteve presente. Na Região Metropolitana de Belém, 348 mulheres já participaram do bate-papo, e nos municípios do interior do Estado, 397 foram atendidas. Dependendo da cidade, em cada ação o projeto promove de 3 a 5 rodas de conversas, geralmente com 10 a 12 mulheres, mas o público já chegou até a 20.

“O círculo entre elas possibilita um atendimento multidisciplinar para além do espaço de uma delegacia, pois conta com profissionais do gênero feminino capacitadas para orientar e atender as assistidas, essa necessidade surgiu a partir da ausência de profissionais do gênero feminino no interior do Estado”, acrescentou a assistente social, Micaely Carneiro, que ainda complementou que algumas chegam envergonhadas, sem expectativas, se sentindo inferior e saem totalmente diferentes, motivadas, com outro olhar. 

Compromisso

Algumas mulheres não se manifestam durante a roda e essa escolha é respeitada, por isso, tanto a advogada, quanto a psicóloga e assistente social, dão oportunidade para o atendimento individualizado. Caso seja detectada a violação de direitos, as profissionais encaminham para os órgãos competentes e redes de apoio, como à Unidade Integrada ParáPaz Mulher/Deam, Defensoria Pública do Pará, Ministério Público e até mesmo para a Secretaria de Saúde (Sespa), como já aconteceu.

Segundo a delegada, em breve, o projeto será ampliado com muito mais benefícios, pois a ideia é encaminhar as participantes para o “Mulher – Faça Você Mesma”, projeto da Fundação ParáPaz que qualifica mulheres para o mercado de trabalho através de cursos profissionalizantes. “Estamos ajustando o projeto para receber todas as mulheres porque depois que elas têm a consciência dos seus direitos, é uma saída para romper a relação abusiva. A inclusão no mercado de trabalho e a independência financeira pode ser uma provável solução para esse problema”, afirmou.