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Adepará participa do processo de Indicação Geográfica ao queijo do Marajó

A Agência permitiu, ainda em 2013, a padronização da produção do queijo artesanal no arquipélago marajoara

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
25/03/2021 18h27

O sabor diferenciado do queijo do Marajó, aliado ao modo de produção peculiar, ganhou destaque esta semana ao receber o conhecimento de Indicação Geográfica (IG) de tradicional produto para o Arquipélago do Marajó. Em mais essa conquista, a produção paraense é acompanhada pelos serviços de educação, detecção e fiscalização sanitária da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).

Atualmente, o Pará produz mais de 65 mil quilos de queijo artesanal certificados pela Agência. O pedido de indicação das áreas produtoras foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A concessão do registro da região marajoara como indicação de procedência para queijo foi publicada na Revista de Propriedade Industrial, no último dia 23.Já embalado e pronto para comercialização, o queijo do Marajó ganha reconhecimento internacional

O processo de reconhecimento começou em 2013, segundo dados da Adepará, que em 4 de março daquele ano permitiu a padronização da produção do queijo artesanal, atividade de importância socioeconômica para o Estado, por ser geradora de emprego e renda.

"A Adepará aprovou em 4 de março de 2013, por meio da Portaria n° 418, o regulamento técnico de produção do queijo do Marajó, com o objetivo de garantir as características históricas e culturais do Arquipélago do Marajó, estabelecendo normas higiênico-sanitárias e de boas práticas de produção. Agora esse produto tem sua Identidade Geográfica reconhecida, trazendo mais visibilidade e respeito aos produtores artesanais da região", explica a gerente do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) da Adepará, Adriele Cardoso.

A região com a IG de queijo do Marajó compreende os municípios de Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure, restringindo o uso do nome aos produtores e prestadores de serviços na região - em geral, organizados em entidades representativas, que como a Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó (APLQ).

Fórum Técnico - Após os exames preliminares, foram realizados os exames de méritos com a verificação de conformidades com as normas vigentes, como o caderno de especificações técnicas e o estatuto social. O Fórum Técnico de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará é formado por 32 instituições, entre elas o governo do Estado, com os seguintes órgãos: Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Adepará, e as secretarias de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e de Turismo (Setur).

O diretor-geral da Adepará, Jamir Macedo, destaca a importância socioeconômica da Indicação Geográfica para o Estado. “Sem dúvida, o reconhecimento da Identificação Geográfica do Queijo do Marajó representa uma grande conquista, um produto genuinamente paraense, com características de produção específicas e tradicionais. Não podemos deixar de enaltecer o trabalho dos produtores rurais do Marajó que fazem desta atividade sua fonte principal de renda e sustento da família, aos órgãos e entidades que uniram forças em prol deste projeto, como Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Emater, universidades, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Setur (Secretaria de Estado de Turismo) e a todo corpo técnico da Adepará que está presente no desenvolvimento deste produto”, frisa o gestor.

Destaque internacional - Em novembro de 2020, o queijo produzido na região do Marajó foi o primeiro produto a receber o Selo Arte no Pará, um registro que permite a comercialização em todo o Brasil.

A produção do queijo ganhou destaque internacional, após produtores de queijo do arquipélago, da Associação de Produtores de Queijo e Leite do Marajó, vencerem o concurso “Transformando Vidas”, do Programa AL-Invest 5.0, que premia histórias de sucesso. O programa é considerado a mais importante cooperação internacional, financiada pela União Europeia, para o setor empresarial da América Latina.

Gabriela Gouvêa, proprietária da Fazenda Mironga, no município de Soure, conta que "passamos por grandes marcos na trajetória do queijo do Marajó. Desde seu reconhecimento em 2011, com a Lei de Produtos Artesanais, em 2013 com a certificação do Queijo do Marajó, sendo o primeiro produto servido de inspeção sanitária, o Selo Arte em 2020 e hoje, com o reconhecimento da IG. Um sonho se materializando".

O processo de produção preserva os saberes tradicionais da cultura marajoaraEla também falou sobre as expectativas de crescimento no mercado. "Temos muito trabalho pela frente, como o fortalecimento dos produtores e estruturação do trabalho coletivo. É dia de gratidão a todos que passaram e deixaram uma semente aqui. Gratidão à Adepará por aceitar e acreditar na evolução dos produtores, e nossos agradecimentos aos consumidores de queijo, que nos motivam diariamente a produzir melhor e mais saboroso", completa.

Tradição - A produção do queijo do Marajó se reflete nas práticas culturais. Os produtores, ainda na infância, aprenderam sobre a produção quando eram ajudantes e aprendizes. O leite utilizado tem origem exclusivamente bubalina ou é uma composição de leites bubalino e bovino, desde que ambos sejam da região. A partir disso são produzidos dois tipos de queijo: creme e manteiga.

No processo de cozimento da massa do queijo tipo creme, denominado de “fritura”, adiciona-se o creme de leite obtido do desnate do leite a ser coagulado. No tipo manteiga, adiciona-se manteiga à massa.

A Adepará fiscaliza instalações, equipamentos e acompanha a produção do queijo artesanal. O selo de inspeção é emitido para as empresas que obedecem aos critérios de sanidade. O órgão de fiscalização faz o monitoramento microbiológico do produto, avaliando a qualidade do processo e do produto final.