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Janeiro Verde: Ophir Loyola reforça a prevenção do câncer de colo de útero

Hospital adere à campanha nacional de prevenção contra a doença silenciosa que tem como principal causa à infecção persistente pelo Papiloma Vírus Humano (HPV)

Por Leila Cruz (HOL)
25/01/2021 14h17

Oncoginecologista do Ophir Loyola, Celso Fukuda afirma que o exame preventivo Papanicolau ajuda na prevenção da doençaHá sete anos, a doméstica Jeneci Xavier, 45 anos, moradora do município de Brasil Novo, na Transamazônica, começou a sentir dores pélvicas e sangramento intenso. Durante o tratamento de hepatite, fez exames, como a ressonância magnética, e o médico que a acompanhava detectou algo diferente. Encaminhada para outro especialista, a biópsia diagnosticou o câncer de colo de útero.

Para ela, a negação do carcinoma foi de imediato, não foi fácil acreditar que era uma paciente oncológica. “Eu só vim aceitar que estava com câncer quando cheguei em Belém, aqui no Ophir Loyola, pois encontrei várias pessoas buscando a mesma cura, o mesmo tratamento que eu, assim caiu a ficha”, revela. 

A motivação para Jeneci Xavier continuar a ter esperanças de recuperar a saúde são seus familiares, amigos e, principalmente, a fé. “Quando se tem uma família que te ama, que caminha com você lado a lado durante todo o processo do tratamento, não tem explicação, é o que me ajuda a ter vontade de viver”, acrescentou. 

Ophir Loyola encampa o movimento nacional Janeiro Verde e defende a vacinação contra o HPV como a forma mais eficaz de prevençãoNo País, durante o mês de janeiro, é realizada a campanha de prevenção Janeiro Verde contra o câncer de colo de útero, doença silenciosa que não apresenta sintomas na fase inicial e tem como principal causa à infecção persistente pelo Papiloma Vírus Humano (HPV).

Segundo o Ministério da Saúde, 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus e 5% delas desenvolverão um tumor maligno no prazo de dois a dez anos. 

De acordo com o oncoginecologista do Hospital Ophir Loyola, Celso Fukuda, as manifestações mais comuns do câncer de colo de útero, quando ocorrem, são sangramentos, dores pélvicas, corrimentos e dores na relação sexual. Contudo, esses sintomas nem sempre estão relacionados à neoplasia maligna, podem ser sinais de enfermidades benignas como o mioma. 

“Esse tipo de câncer pode ser prevenido em praticamente todos os casos por meio do exame preventivo, o Papanicolau, que deve ser realizado em mulheres com vida sexualmente ativa pelo menos uma vez ao ano. A análise do resultado do exame é realizada pelo ginecologista que avalia se existem lesões que são causadas pelo HPV e que podem levar à doença. Quando há alteração, o médico solicita outro exame chamado de colposcopia com biópsia que trará a confirmação ou não do câncer”, alerta o especialista.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 780 casos da enfermidade no Pará até o final de 2021. Um total de 895 pacientes estão em tratamento contra a neoplasia maligna no colo do útero no Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia no estado.

A maioria das mulheres que adquirem a doença, normalmente estão acima de 30 anos, possuem múltiplos filhos, têm baixos níveis de renda e escolaridade, e estão há anos sem realizar Papanicolau ou até mesmo nunca realizaram o exame, o que leva ao diagnóstico tardio. 

As principais opções de tratamento são a quimioterapia, a radioterapia, a cirurgia e a terapia-alvo, que é usada para combater as moléculas específicas, direcionando a ação de medicamentos às células tumorais. O tipo de tratamento dependerá do estágio de evolução da tumor, tamanho e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos.

“Com o diagnóstico tardio, nós não conseguimos realizar a cirurgia, o tratamento será através da radioterapia e da quimioterapia. A cirurgia é feita com tumores do colo do útero abaixo de quatro centímetros e lesões que não saíram do local de origem e estão restritas àquela região. À medida que o tumor vai para vagina ou para lateral do útero, o estágio já está avançando e o procedimento de retirada não traz mais o benefício”, esclarece Celso Fukuda.

A reabilitação na vida sexual, após a cirurgia ou quimioterapia e radioterapia, é realizada mediante a fisioterapia ginecológica, para a melhora da elasticidade vaginal e reposição hormonal, pois a vida sexual das mulheres fica desfavorecida após o tratamento do câncer. Já no ambiente de trabalho, as pacientes podem voltar às atividades normalmente depois de tratadas e curadas, pois não perdem nenhuma função motora. 

A vacinação contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção contra o câncer de colo do útero em 98% dos casos. A vacina está disponível nas unidades públicas de saúde para meninas dos 9 aos 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, em duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Também podem receber a vacina pessoas com HIV ou imunodepressão, dos 9 aos 26 anos, de ambos os sexos. Outra forma de prevenção é o uso de preservativos em todas as relações sexuais.

Moradora do município de Acará, a dona de casa, Floripes Miranda, 40 anos, está sem o câncer no organismo e passa apenas pelo controle com exames e consultas a cada seis meses. A descoberta do câncer foi em 2017, quando começou a ter sangramentos fortes. De início, ela suspeitava que era mioma até ser transferida para o Ophir Loyola e passar por consulta com o especialista Celso Fukuda. O tratamento durou dois anos e a cirurgia de retirada do tumor foi realizada em março de 2020. 

Floripes alerta as mulheres a realizarem os exames de rotina, especialmente, o preventivo, pois é um exame simples e rápido para a prevenção do câncer de colo de útero. “Eu senti que algo de errado estava acontecendo comigo. O sangramento era tão intenso que precisei usar até fralda geriátrica. É uma questão de observação, de conhecer o seu corpo, as mudanças, dores e sensações diferentes”, afirma. 

*Com informações de Viviane Nogueira.