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Profissionais de Enfermagem enfrentam o medo para salvar vidas no combate à covid-19

Por Dayane Baía (ARCON)
12/05/2020 18h39

No Dia Internacional da Enfermagem, celebrado nesta terça-feira (12), profissionais que atuam na linha de frente ao combate do novo coronavírus, encontram na recuperação de pacientes o incentivo para perseverar.  A profissão, imprescindível na luta contra a pandemia, é ainda mais admirada pela dedicação ao salvamento de vidas. 

O secretário de Estado de Saúde Pública, Alberto Beltrame, homenageou os profissionais por meio das mídias sociais. “Vivemos momentos muito difíceis em que os profissionais de saúde, sobretudo de Enfermagem, colocam suas vidas em risco em favor da saúde das pessoas. Isso não tem preço e precisa ser valorizado e reconhecido por toda a sociedade. Nós esperamos firmemente que toda essa experiência que nós estamos acumulando, sirva, mais uma vez, para valorizar o trabalho de cada um de vocês no momento de tanto sofrimento e dor. Mais do que nunca o profissional de Enfermagem precisa ser compreendido, protegido e valorizado”, desejou Beltrame.

Bênção - Com 26 anos de profissão, a enfermeira Denise Silva conta que desde a faculdade já sonhava em trabalhar no Hospital Ophir Loyola, referência em tratamento oncológico na rede de saúde estadual. “Fui abençoada quando fiz a entrevista e fui direcionada para trabalhar na Quimioterapia. Durante todos esses anos têm sido uma grata satisfação, apesar de trabalhar com a dor e o sofrimento, procuro junto com meus colegas, da forma mais humanizada possível, trazer um pouco de alegria e felicidade durante um tratamento tão difícil. E cada vitória do paciente é uma vitória nossa”, afirmou Denise. 

Com o início da pandemia, ela está na linha de frente e revela que o dia a dia é marcado por uma mistura de sentimentos. “O medo, a preocupação com a família e com a nossa própria saúde estão o tempo todo num equilíbrio de forças com a necessidade do cuidar, pois o paciente precisa da nossa assistência. É uma doença nova, em que o desconhecido acaba, muitas vezes, despertando em nós o medo, mas a profissão e o amor ao trabalho, falam mais alto”, admite Denise.

Recuperação - O medo é o sentimento compartilhado por quem já foi acometido pela doença, como é o caso de Selma da Costa Coroa, enfermeira do Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) há mais de 15 anos. “Realmente dá muito medo, é uma sensação de pânico, eu moro só e tive de ficar sozinha em casa, ouvindo as notícias de que não havia atendimento e tudo estava cheio e fiquei com uma sensação de angústia. Agora estou aliviada, eu acredito que já passou e estou sem nenhum medo”, contou Selma.

De volta ao trabalho, ela fala da importância da união da categoria. “Somos um grupo que não pode trabalhar isoladamente. Enfermeiro não vive sem o técnico de enfermagem e vice-versa. É uma parceria profissional e até mesmo familiar porque a gente convive muito tempo juntos. Em relação à pandemia, nós estamos com medo, como todo mundo. Muitos profissionais estão se afastando, mas a gente continua na luta e não quer parar. Quem já se recuperou já voltou a trabalhar, está entendendo o afastamento dos colegas e está aqui junto acolhendo da melhor maneira possível”, explicou a enfermeira.

Além da união, as recuperações dos pacientes são um incentivo para quem precisa continuar na luta. “Quando um paciente sai de alta, nós ficamos tão felizes que diminui todo esse sentimento de tristeza causado pelo isolamento social. Naquele momento em que vemos o familiar recebendo seu ente querido de volta para o seio da sua família, o nosso coração se enche de orgulho, amor e satisfação de um dever cumprido de ter salvo uma vida. É o motivo mais importante para exercermos a nossa profissão”, conta Andreza Mota, chefe de enfermagem na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, referência em cardiologia e psiquiatria no Estado.

Gestão - A liderança de equipes é mais um dos muitos desafios na luta contra o coronavírus. “Há três anos estou na gestão, mas continuo trabalhando na assistência direta. Sou enfermeira intensivista, amo o que eu faço. Apesar de todas as adversidades que vivemos, é importante que todos os profissionais de Enfermagem sintam que é importante desempenhar a nossa profissão com amor, exatamente porque estamos cuidando de pessoas. Também sinto uma grande satisfação de poder contribuir com a melhoria dos serviços no qual atuo, tenho a responsabilidade de liderar um grupo de enfermeiros, de motivá-los a exercer a profissão com competência, humanização e ética profissional”, frisou Andreza.

Coordenadora e enfermeira do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, Anny Segovia tem na fé uma aliada na luta contra um inimigo invisível. “Eu como cristã e enfermeira, vi e vejo os milagres que Deus está fazendo na vida das pessoas. Ele também é invisível, mas se torna visível diante dos milagres. Estamos aqui na linha de frente, dando o melhor em prol do paciente porque a recuperação está em primeiro lugar.  Muito alegra nosso coração quando o paciente entra aqui muito grave, com 0% de vida e se torna 100% e tem alta”, afirmou Anny. 

Assim como Anny, Rafael Marques, trabalha no hospital desde a inauguração no dia 10 de setembro de 2019. Nos últimos meses, ele viu o setor que trabalhava, a Clínica Médica II, no 7º andar, ser transformado em setor de covid-19, para receber os pacientes com sintomas de síndrome respiratória aguda grave. “Estou trabalhando diariamente à frente da  UTI Covid como enfermeiro e é uma realização muito grande e uma satisfação poder estar ajudando a população dessa forma. Sou muito feliz pela profissão que exerço, entrego sempre na mão de Deus e sou muito feliz no que Ele me capacitou”, agradeceu Rafael.

Esperança - O sentimento de gratidão é compartilhado por Klelia Andrade, enfermeira há 19 anos, dos quais 14 foram dedicados à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. “Atualmente sou assessora da gerência geral de enfermagem e temos desenvolvido ações para o enfrentamento à pandemia de covid-19. É imensa a satisfação de estar participando deste momento porque sei que como enfermeira nós podemos fazer toda a diferença”, acreditou Klelia.

Ela atua na obstetrícia, onde novas vidas são dadas à luz, reacendendo a esperança de tempos melhores. Para Klelia, a assistência ao nascimento deve garantir a dignidade para parturiente e recém-nascido. “É com imenso prazer que a gente desenvolve as nossas atividades. Ser enfermeiro é poder doar-se. Somos profissionais que cuidam com competência técnica e científica e esse olhar holístico permite que os nossos pacientes passem por todo o processo saúde-doença mais fortalecidos ou com menor sequelas, principalmente na experiência maravilhosa que é o nascimento”, complementou Klelia.