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EXTRATIVISMO

Açaí garante mercado lucrativo para as famílias que moram nas ilhas de Belém

Com orientação técnica da Emater, cada hectare do fruto chega a render quatro toneladas e R$ 12 mil na safra total

Por Aline Miranda (EMATER)
16/01/2020 10h24

Com o fortalecimento da atuação do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) nas ilhas de Belém e a descoberta recente do potencial de turismo na região, as novas gerações ribeirinhas já começam a se envolver diretamente no extrativismo de açaí, possibilitando a sucessão das propriedades e a manutenção das tradições, bem como inibindo o êxodo rural e incentivando novos empreendimentos, como restaurantes e pousadas.

De acordo com estimativas da Emater, cada hectare de açaí manejado nas ilhas de Belém chega a render quatro toneladas do fruto e R$ 12 mil na safra total (de julho a dezembro), com venda direta para batedores. O manejo consiste na eliminação de algumas espécies e preservação de outras dentro de um espaçamento calculado e sob a perspectiva de diversidade ambiental e enriquecimento nutricional do solo.

A intervenção no mínimo dobra a produção original e garante produção mesmo na entressafra.
“Por muito tempo, ser agricultor era considerado por aqui uma profissão menor. Hoje, eu tenho certeza de que, com a minha escolaridade, com a minha idade, se eu tivesse mudado para Belém, estaria desempregado ou muito mal empregado”, conta Raimundo Nonato Trindade, 52, da Ilha Grande.

Raimundo é proprietário de 20 hectares e diz que “ganha bem e vive bem”. “Meus filhos, inclusive minhas três filhas, todos participam do negócio da família. Não tem esta de homem, mulher: todo mundo aprende e é capaz de exercer igual. Até minhas netas crianças já entendem e se ambientam no nosso trabalho. Estimulamos que os mais jovens estudem engenharia agronômica, engenharia ambiental, essas coisas, e voltem para aplicar mais conhecimento na comunidade”, diz.

A família Trindade foi uma das oito das Ilhas Grande e Cumbu que, na quarta-feira (15), no Porto da Palha, no bairro da Condor, receberam da Emater kits agroecológicos para manejos de açaizais nativos, com ferramentas e equipamentos de proteção, como botas para acesso às áreas de várzea e lonas para impedir que os caroços sofram contato direto com o chão quando do debulhamento. Todo o processo diz respeito a boas práticas de colheita e aumento de produtividade.

Os kits, cada um no valor de R$ 400, fazem parte de contratos individuais de quase R$ 10 mil da linha Floresta do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), vinculados a projetos elaborados da Emater e à liberação do Banco da Amazônia.

Dia a Dia

O Porto da Palha é um atracamento rotineiro das famílias das Ilhas Sul de Belém. Pelo menos duas vezes por dia chegam basquetas carregadas de açaí considerado “orgânico”, sem uso algum de agrotóxicos ou defensivos químicos. No local, também são comercializadas pupunha, cacau e farinha.

O engenheiro agrônomo da Emater Lucival Solin comenta que “o trabalho sobre a região representa não só uma estruturação da cadeia produtiva para abastecer as necessidades de consumo da capital, mas também um resgate de identidade sociocultural e a construção de um legado. Ser agricultor familiar não é sacrificante, é gratificante”, acredita.

Joelson Cunha, 41, mora na Vila Pestana, Ilha Grande, onde sete famílias aparentadas mantêm oito hectares. “Podemos dizer que a Emater promoveu uma revelação do açaí pra gente, porque antes não percebíamos a imensidão e só usávamos pro nosso próprio consumo. A Emater trouxe uma oportunidade ímpar de trabalho e renda”, comemora.