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BELÉM NOTURNA

Percurso convidou o público a redescobrir a história da cidade

Por Rodrigo Avelar (SECULT)
12/01/2020 11h14

Foi realizado na noite deste sábado (10) o “Belém Noturna”, caminhada facilitada por Michel Pinho sobre os detalhes e vestígios da história da Cidade Velha.

A noite chuvosa da véspera do Aniversário de Belém deu espaço para uma atividade didática educativa sobre o primeiro núcleo urbano da cidade: foi o “Belém Noturna”, que reuniu um público diverso para caminhar pelas ruas da Cidade Velha e exercitar um outro olhar sobre a cidade. O percurso teve mediação do professor de história Michel Pinho, que propôs uma redescoberta dos vestígios da história da capital paraense na ação que integra o Preamar Cabano, realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Cultura do Estado.

O cortejo teve como ponto de saída a Igreja de Santo Alexandre e finalizou no Museu do Estado do Pará (MEP), um dos cenários mais decisivos para a Cabanagem, um dos movimentos de insurgência popular mais importantes do Brasil, homenageado no Preamar Cabano. Michel conta com emoção sobre a oportunidade de ter levado pela primeira vez a caminhada aos espaços museais e da participação massiva do público em uma ação que conseguiu aliar história, cultura e arte: “É muito importante que a gente entenda que a história de Belém é a nossa história. Valorizar esse ponto é  valorizar essa narrativa, principalmente no aniversário de Belém. É importante perceber a importância de tanta gente ter saído de casa pra ver Belém, ter enfrentado chuva, é saber que a cidade vale a pena”, completa o professor.

Detalhes - O percurso teve como diferencial propor uma atenção às entrelinhas que normalmente não contam nos livros da história. Temas como a vida política e social em uma época sem energia elétrica ou até mesmo a tensa relação dos povos nativos - que também ocupavam e deixaram heranças no local - com os colonizadores foram destaques nas falas de Michel, despertando olhares curiosos do público e o olhar crítico sobre a história da cidade, marcada pela dominação e relação de poder. O estudante, Willam Freire, admitiu ser a primeira vez que participou de um percurso como este e destacou: “Eu não sabia, por exemplo, que a Igreja de Santo Alexandre tinha sido construída em cima de um cemitério. A gente não costuma aprender sobre essas coisas nas aulas de história do ensino médio, fundamental, mas é muito gratificante saber mais sobre a história de Belém”.

Marco inicial - O bairro da Cidade Velha recebe este nome não por acaso: foi o local do berço colonial da cidade. Foi ali no Forte do Presépio, edificado em 1616 - um dos pontos visitados pela caminhada - que se travou o primeiro choque cultural entre os colonos e o povo Tupinambá originário, que se rebelou contra a exploração da mão-de-obra indígena pela Coroa Portuguesa de Filipe III. O Espaço Cultural Casa das Onze Janelas que também abriga o mais importante Museu de Arte Contemporânea da Região Norte serviu como Hospital Real Militar e permaneceu sob tutela do Exército até o ano 2000 quando abriu para atividades museológicas. Foi no percurso que o público teve a chance de olhar para o passado com as lentes de hoje e perceber a vida social do primeiro núcleo urbano de 

“Belém Noturna” que agregou um importante objetivo da Secult: a ocupação dos espaços públicos pela população. Armando Sobral, responsável pela direção do Sistema Integrado de Museus (SIM) que abrange os locais visitados, atesta o sucesso desta missão institucional com a abertura dos espaços em um horário não-usual para um público vasto e diverso: “Tivemos a grata surpresa de acolher uma quantidade enorme de visitantes e eu acho que os museus têm que cada vez mais procurar estratégias de popularização e democratização de seus espaços para que possam ser, de fato, espaços reconhecidos pela população: Hoje, nós vimos a importância dessas aberturas, dessas estratégias, desses projetos”, conclui Armando.