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Projeto viabiliza transplante de fígado em tempo recorde

Por Roberta Vilanova (SESPA)
15/11/2019 10h06

A paciente F.N.C.S. de 38 anos, de Belém, foi a primeira paraense beneficiada por um transplante de fígado, no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), por meio de Projeto IHAG – Insuficiência Hepática Aguda Grave do qual a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) faz parte desde o mês de julho de 2019. Ela era paciente de plano de saúde, mas a sua transferência e o transplante foram feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez quem transplante de fígado não é coberto por convênios no Brasil.

O Projeto IHAG foi criado pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Transplantes e Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, com o objetivo de disponibilizar um centro de referência nacional para tratamento de pacientes com IHAG.

Para o secretário de Estado de Saúde, Alberto Beltrame, o PROADI-SUS representa um avanço nas relações do setor público de saúde com o setor privado filantrópico.

“Com uma concepção audaciosa e inovadora, o PROADI tem se firmado, ao longo desses anos, como uma estratégia inteligente, sustentável e capaz de promover grande impacto nas Políticas Públicas de Saúde, no SUS e na atenção à saúde das pessoas”, disse Beltrame.

Ele disse que tem sido assim em relação aos transplantes de fígado na parceria da SESPA com o Hospital Albert Einstein, como em outras áreas de aperfeiçoamento da governança do SUS com os demais hospitais integrantes do programa. “Em breve, teremos novas ações com o Einstein, que deverão auxiliar o Pará e a região Norte a enfrentar grandes desafios no acesso à atenção à saúde, particularmente na alta complexidade e especialidades”, informou o titular da Sespa.

Com o Projeto IHAG, a Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT) desenvolve a Estratégia Nacional de Atendimento à Insuficiência Hepática Aguda Grave, que visa a organizar o fluxo de atendimento e de alocação de leitos para pacientes com diagnóstico de IHAG que necessitem de um centro de referência nacional para atendimento.

Segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplante do Pará (CTE-PA), Ierecê Miranda, o Projeto auxilia os hospitais e equipes médicas que lidam com pacientes com o diagnóstico de IHAG, possibilitando assistência médica e realização de transplante de fígado para os pacientes que estão em lugares, que não dispõem de centros, equipes ou leitos para o atendimento dos casos. “E a Central Nacional de Transplantes (CNT) atua como mediadora do fluxo de recebimento e encaminhamento dos pacientes para o Centro de Referência em Insuficiência Hepática Aguda Grave do Hospital Albert Einstein”, informou a coordenadora.

O Projeto garante, ainda, central de apoio 24h para instituições médicas no âmbito do SUS, que fornece suporte e consultoria médica para os centros que necessitem de apoio para o diagnóstico, manejo e encaminhamento de pacientes com IHAG ou hepatite fulminante e central de apoio e monitoramento multiprofissional para orientação e acompanhamento dos pacientes durante o período de tratamento pelo projeto.

Além disso, as instituições participantes integram a Rede de Referência para Manejo da IHAG contam com treinamento e suporte do Centro de Referência Nacional e os casos de maior prioridade podem receber financiamento para transporte aéreo e/ou terrestre para locomoção até o HIAE.

Caso - No dia 9 de novembro, a Central Estadual de Transplantes recebeu a informação sobre a paciente internada no Hospital da Beneficência Portuguesa com diagnóstico de IHAG e tempo de vida restrito. Então, cumpriu o fluxo estabelecido pelo projeto IHAG e solicitou avaliação do caso pela equipe do Hospital Albert Einstein mediante todos os documentos e informações fornecidos pelo médico responsável pela paciente no Pará, Rafael Garcia.

“Após análise, foi constatado que se tratava de um caso com prioridade máxima, um tipo de urgência para o qual o Projeto IHAG garante, inclusive, o transporte aéreo do paciente, ficando os casos menos graves por conta da UTI aérea do governo do Estado”, explicou Ierecê.

Dessa forma, a paciente embarcou para São Paulo às 2h da manhã do dia 10 de novembro e chegou às 7h30 à UTI do Hospital Albert Einstein, onde foi imediatamente inscrita na fila de prioridade do transplante. A partir daquele momento, era só aguardar até que surgisse um doador de fígado.

Graças à atitude solidária de uma família, que doou os órgãos do seu familiar falecido, a paciente foi transplantada, recebendo um novo fígado, no dia 11 de novembro, numa cirurgia que durou quatro horas, e prossegue em fase de recuperação no HIAE.

O médico Rafael Garcia, que também é coordenador do Centro Estadual de Referência para Doenças do Fígado da Fundação Santa Casa, disse que a paciente havia iniciado tratamento para tuberculose há mais ou menos dois meses. “Porém, por volta do dia 20 de outubro, passou mal, e dia 25 foi internada com icterícia e transferida para a UTI no dia 08 de novembro, por piora do nível de consciência”, relatou o médico. “Fui avalia-la, no sábado à tarde, fiz contato com o Einstein e. na madrugada de domingo, ela já estava no Hospital”, contou Rafael.

Rafael explicou que a insuficiência hepática aguda grave (IHAG) é caracterizada por uma necrose maciça do fígado, de pelo menos 50% do volume total do órgão. Pode ter várias causas, as mais comuns são hepatite B aguda e hepatite A aguda. “É uma condição relativamente rara, mas altamente letal, em torno de 80%. Porém, quando preenche os critérios para indicação de transplante, a mortalidade é de 100% sem o transplante”, afirmou o médico, acrescentando que a IHAG pode se manifestar de uma semana até dois meses após a agressão inicial ao fígado.

Novo serviço – Rafael informou, ainda, que a Fundação Santa Casa foi selecionada pelo Ministério da Saúde para receber um Programa de Tutoria em Transplante Hepático pelo Albert Einstein, com vistas a implantar o transplante de fígado em 2020. Ele disse que os profissionais já estão sendo treinados em São Paulo, com recursos do próprio Einstein. “Depois que os acordos foram firmados, o Einstein também indicou a Santa Casa como um dos Centros de Referência em IHAG em parceria com o Ministério da Saúde. Esse foi o primeiro caso atendido pelo Projeto IHAG, inclusive, uma cirurgiã nossa da Santa Casa, Fernanda Garcia, está em São Paulo e participou do transplante dessa paciente”, informou o médico.