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ParáPaz combate abuso e exploração sexual com acolhimento, informação e serviços

Por Redação - Agência PA (SECOM)
19/05/2019 10h19

Mãe de uma menina e dois meninos, a secretária L.F, de 43 anos, conta que o atendimento recebido no polo ParáPaz da Fundação Santa Casa de Misericórdia foi fundamental em um dos momentos mais difíceis enfrentados pela sua família. É que alguns meses atrás, ela descobriu que a filha de 14 anos estava grávida de um abusador, que morava próximo à casa onde ela vivia com a adolescente, no município de Santa Bárbara, no nordeste paraense. “Foi um dos momentos mais difíceis das nossas vidas e trataram muito bem a gente quando mais precisamos”, afirma.

Na Semana Paraense de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o projeto reforça a importância de denunciar e lembra que oferece acompanhamento humanizado, feito por psicólogos, assistente social, peritos médicos e ainda policiais. Segundo L.F, foi graças ao atendimento que ela conseguiu compreender o quanto o seu apoio era importante para a filha, que havia perdido até mesmo a vontade de viver.

“Ela não estava conseguindo ir para a escola. As aulas começaram em fevereiro. A psicóloga conversou comigo, dizendo que eu precisava respeitar a decisão dela, porque não aceitava esse filho, que eu percebi que precisava apoiá-la de qualquer forma, e ela voltou a estudar mês passado”, diz.

Para essa mãe, a vida precisou tomar outro rumo. Os cuidados foram redobrados, o amor apenas intensificou e, todos os dias, ela faz questão de acompanhar a filha até a escola e buscar na saída. “Essa é a maneira que encontrei de demonstrar o meu amor. Ela diz que não digo sempre que amo, mas o que venho pedindo muito, principalmente depois desse apoio que estamos recebendo, inclusive eu, que faço acompanhamento também com a psicóloga sempre após a consulta dela, é para a minha filha confie em mim”, concluiu.

Acolhimento – Maria de Lourdes Monteiro integra o corpo técnico da Santa Casa há 26 anos, destes, já são 12 no polo do ParáPaz. A assistente social acumula todo esse tempo de experiência voltada para o atendimento infantil, após trabalhar 12 anos na pediatria. Segundo ela, o diferencial da unidade, que existe desde 2004, é a integração de vários serviços em um só lugar.

Antes, as perícias tinham até seis meses para entregarem um resultado e, atualmente, esse prazo diminuiu para no máximo 45 dias, quando o documento é entregue nas mãos de um delegado/a. Ou seja, é possível identificar mais rápido o crime, acompanhar a criança ou adolescente de perto e, ainda, facilitar a denúncia por parte dos responsáveis.

“Com a criação deste polo, acabou a nossa peregrinação. Muitas vezes tínhamos que sair do hospital para ir até o Instituto Médico Legal (IML), para a delegacia, para dar andamento ao atendimento. Isso ajudou no processo de convencimento das mães também, que acabavam tendo dificuldade, porque a maioria dos casos ocorre no ambiente familiar. Com tudo em um só espaço, fica mais fácil trabalhar na conscientização delas e, além de tudo, conseguimos garantir a preservação da identidade desse menor que foi abusado”, detalhou.

Registros - De janeiro a abril de 2019, 328 casos de abuso foram registrados na unidade – 134 somente em Belém. A assistente social lembra que os números são altos, mas que isso se deve também à ampla divulgação de informações sobre o assunto, o que faz com que as pessoas se sintam mais seguras ao denunciar.

Mesmo com a melhoria no serviço prestado na unidade, ainda há a preocupação com a subnotificação. “Quando temos uma tarde sem atendimento, pensamos até que bom, mas, ao mesmo tempo, ficamos pensando se faltou alguém ter coragem de vir. Mas vamos continuar encorajando as pessoas”, analisa. 

O polo também é responsável por organizar palestras nas escolas da Região Metropolitana de Belém, mas recebe casos de municípios de todo o Estado. As cidades que acabam demandando mais do atendimento, por serem mais próximas da capital, são Moju, Abaetetuba, Barcarena, Aurora do Pará, Acará, Vigia e Colares.

ParáPaz – Em quatro meses de gestão, a presidente da Fundação, Ray Tavares, afirma que, agora, o projeto se encontra pronto para ampliar os serviços. “Começamos organizando a casa, né? Tínhamos déficit de pessoal, unidades não funcionando, dívidas por quitar. Fizemos um diagnóstico de onde estamos na RMB e no Estado e lotamos funcionários. Com a restruturação dos serviços, passamos a contar com 13 polos, na Região Metropolitana e no interior”, destacou, lembrando que Breves, Bragança, Marabá e Parauapebas hoje possuem sede do ParáPaz.

Mulheres e crianças e adolescentes com idade entre 8 e 18 anos são o público-alvo do projeto. Por isso, pensando nas mulheres, na última sexta-feira (17), o programa lançou o projeto “Mãe”, voltado para grávidas em situação de vulnerabilidade. Neste primeiro momento da iniciativa, 300 gestantes serão contempladas com assistência médica e psicológica, um kit enxoval e atividades físicas.

Aulas de informática, de reforço no contraturno escolar, de esportes e voltadas para habilidades artísticas, como ballet, estão entre os serviços oferecidos para crianças e adolescentes. Ainda dentro da programação da Semana Paraense de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Ray Tavares destaca: pela educação é possível transformar a vida dos jovens beneficiados.

“Estamos trabalhando na multiplicação de conhecimento, por isso estamos atuando com a capacitação dos nossos funcionários, de lideranças comunitárias, pais, público em geral. O nosso objetivo é orientar para prevenir ocorrência de casos. E vamos continuar nessa luta, para que os resultados, que já são positivos, sejam ainda melhores”, concluiu.

Funcionamento – A unidade do ParáPaz da Fundação Santa Casa de Misericórdia funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Para ser atendido no mesmo dia, a equipe técnica orienta que as pessoas cheguem até às 17h, devido ao tempo necessário para realizar o atendimento de escuta, que dura de 1h30 a 2h. O número de consultas com os profissionais depende de cada caso, mas o acompanhamento pode ser feito por até dois anos.

Programação – Palestras, capacitações e ações recreativas fizeram parte das atividades oferecidas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Extraordinária de Estado de Cidadania e Fundação ParáPaz durante a última semana. Foram discutidos assuntos importantes, incluindo as políticas públicas executadas para coibir este tipo de crime.

A programação foi encerrada no sábado (18), com caminhadas em Belém e Ananindeua, e a ação “18 de Maio - Faça Bonito”. Foram repassadas informações sobre como reconhecer as situações de violência, estimulando a denúncia de casos por meio do Disque 100, número nacional e gratuito, para essas e outras situações de violação dos direitos humanos.

18 de Maio – O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído em 1998. A data faz referência ao dia da morte da menina Araceli Cabrera Sanches.

Com apenas oito anos de idade, ela foi sequestrada em 18 de maio de 1973, drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. A mobilização de entidades públicas e privadas resultou na criação desse dia de luta pelo fim da exploração sexual de crianças e adolescentes.

Cultura de paz – Órgão do Governo do Pará vinculado à Secretaria de Estado de Articulação da Cidadania, a Fundação Parápaz é responsável pela coordenação, articulação e integração das políticas públicas voltadas à infância, adolescência, juventude e às pessoas em situação de vulnerabilidade social, atuando por meio de ações de prevenção, redução e solução de conflitos, e promovendo a cultura de paz no Estado. A Parápaz tem unidades nos municípios de Belém, Marituba, Ananindeua, Altamira, Breves, Marabá e Bragança.