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Escola em Paragominas recebe o Projeto Conquistando a Liberdade

Por Redação - Agência PA (SECOM)
08/02/2015 17h20

A Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) levou a Paragominas, no nordeste do Pará, na última sexta-feira (6), o projeto Conquistando a Liberdade, que oferece a remição de pena a detentos por meio de serviços em unidades escolares e a conversa com estudantes sobre a vida no cárcere as consequências do mundo do crime.

“Hoje eu digo a vocês que gostaria de ter ouvido meus pais. Foquem no plano de estudar, se habilitem em fazer o que é certo. Deixei a minha mente ser poluída por pessoas que eu achava que eram amigas. Se tivesse escutado o mínimo que minha mãe dizia, não estaria aqui. A prisão foi a pior experiência por que passei, mas pelo meu exemplo vocês têm a oportunidade de não repetirem os meus erros”, disse o detento Gabriel da Silva, 20 anos, e que há dois cumpre pena pelo crime de tráfico de drogas.

Gabriel contou parte de sua história e as consequências de suas escolhas para cerca de 300 estudantes, na faixa etária de 15 a 18 anos, da Escola Estadual de Ensino Médio Presidente Castelo Branco, em Paragominas. O jovem foi preso quando tinha acabado de completar 18 anos e cursava o primeiro ano do ensino médio. Um fato interessante é que Gabriel estudava nesta escola, e agora, na condição de preso, retorna à instituição para alertar os colegas a não escolherem o caminho da criminalidade.

As alunas Gabrielly de Oliveira, 16 anos, e Ana Caroline Pereira, 17, do terceiro ano, que fizeram o primeiro ano com Gabriel, ficaram sensibilizadas com os relatos do colega. “Aprendemos que é um caminho que não vale a pena, pois só traz sofrimento, tanto para a família, como para os amigos. Ele sempre foi um aluno muito inteligente”, disseram. “Sentimos muita falta dele, por isso nos emocionamos. Vimos acontecer com um amigo próximo o que a gente nunca imagina que vai acontecer com a gente”, contaram.

Perto de ganhar a tão sonhada liberdade, Gabriel já se matriculou na escola, e faz planos. “Quero terminar meu estudados, ingressar na universidade e recuperar o tempo perdido”, revelou.

Benefícios – O “Papo di Rocha”, uma das ações do projeto, atua diretamente na prevenção primária, contribuindo para a redução da incidência criminal no público adolescente e jovem. Contribui também para uma nova conduta do preso enquanto cidadão, na medida em que ele se torna agente de transformações positivas.

Segundo o coordenador do projeto Conquistando a Liberdade, Ercio Teixeira, a fase da adolescência caracteriza-se como um período de busca e indecisão. “É exatamente nesse contexto que desenvolvemos nosso trabalho de prevenção. Com o diálogo, buscamos sensibilizá-los e orientá-los acerca de escolhas e consequências. Pretendemos, com essa conversa franca com os alunos, torná-los imunes ao assédio para a entrada no mundo do crime”, explica.

Além dos relatos dos presos, o projeto faz a recuperação física das instituições. Nesta edição, um grupo de dez internos fez serviços de poda, limpeza, revitalização do jardim, capina e pintura em geral, durante cinco dias, na escola.

Balanço – No ano passado, 65 estabelecimentos, entre escolas da rede pública municipal e estadual, instituições filantrópicas e outros prédios públicos receberam ações do projeto, em 18 municípios do Pará. Belém alcançou um número recorde de ações – onze. Cerca de mil internos participaram do projeto, que beneficiou mais de 50 mil estudantes com serviços de recuperação e manutenção predial nas instituições de ensino.

Em 2013, o juiz Deomar Barroso, idealizador do projeto, inscreveu a iniciativa no Prêmio Innovare, sendo agraciado com menção honrosa na categoria “Juiz”, passando a ser reconhecido como um projeto de referência nacional. O projeto é executado pela Susipe, em parceria com o Poder Judiciário, Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Polícia Militar e Pro Paz.