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Busca pela iconografia local leva consultores de moda ao Espaço São José Liberto

Por Redação - Agência PA (SECOM)
13/03/2015 19h52

Uma visita técnica ao Espaço São José Liberto integrou a programação do projeto “Iconografia Local Belém”, de pesquisa de material para compor cartelas de cor e decodificação de formas, que vão gerar novos produtos de joalheria, moda, acessórios, movelaria e em outras áreas criativas. Estiveram no espaço, na tarde da última quinta-feira (12), Walter Rodrigues, estilista e coordenador do Núcleo de Design da Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos); Daniel Herrera, fotógrafo, e Ana Lúcia Santos, gestora do Projeto Setorial Indústria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae).

Os consultores da Assintecal e a representante do Sebrae-PA foram recebidos por Rosa Helena Neves, diretora-executiva do Espaço São José Liberto, do Programa Polo Joalheiro do Pará e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), que gerencia o espaço e o programa, mantidos pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).   

Ana Lúcia Santos explicou que o projeto “Iconografia Local Belém do Pará”, cujo resultado será disponibilizado para as empresas de Belém, é uma parceria entre o Sebrae Nacional e a Assintecal. “Não vamos desenvolver uma coleção em cima desse material pesquisado, mas oferecer esse material para as empresas, o que dará subsídio para futuras coleções”, informou a gestora, acrescentando que Belém foi a primeira das demais cidades brasileiras que serão visitadas em 2015.

Segundo Walter Rodrigues, a ideia do projeto já existir em outras cidades e a demanda do Sebrae Nacional foi que “Iconografia Local” começasse, efetivamente,  por Belém. A pesquisa, disse ele, pretende revelar em imagens e informações (cartelas), o “encantamento” com a história de cada local visitado. “É contar a história do lugar através do olhar de um estrangeiro. Olhar, decodificar tudo isso e transformar em inspiração para as pessoas. Esse arquivo vai virar uma publicação, que ficará arquivada também no site do Sebrae. Então, um paulista que resolve criar uma coleção sobre o Pará, pode acessar esse material e desenvolver tudo”, acrescentou.

Toda a pesquisa está sendo registrada pelo fotógrafo Daniel Herrera, e inclui outros locais e pontos turísticos da capital paraense. “Hoje, na Basílica (Santuário de Nazaré), eu mostrei para ele (Herrera) uma parede de mármore com uma barra. Eu falei: ‘Lenço! Estampa um lenço de mármore com uma barra e vende’. É um pedaço da Basílica e dá para fazer um milhão de coisas só de estampas. É bem interessante, porque a gente vai olhando tudo isso e transformando, o tempo todo, em produto”, exemplificou Walter Rodrigues, lembrando que o Mercado Ver-o-Peso, o Mangal das Garças e o Palacete Bolonha foram alguns dos locais já visitados em Belém.

Destaques - Foi com toda a atenção e “olhar de encantamento” que o coordenador da Assintecal observou cada espaço no São José Liberto, como os detalhes da arquitetura do prédio erguido em 1749 para ser o convento de São José, e as gemas minerais do Jardim da Liberdade. Localizado na área central e considerado um museu gemológico a céu aberto, o jardim é um dos destaques do Espaço São José Liberto, inaugurado em 2002, depois de restaurado e ampliado para funcionar como espaço intersetorial e transversal para setores criativos.

O grupo também visitou a Casa do Artesão, o Memorial Cela Cinzeiro e a Capela de São José. Atento às explicações sobre a história do espaço e sobre o Programa Polo Joalheiro do Pará, e ainda sobre a diversidade do artesanato paraense exposto na Casa do Artesão, Walter Rodrigues conheceu, ainda, as cinco salas do Museu de Gemas do Pará, gerenciado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

No museu, com a orientação da técnica do Igama, Patricia Quemel, os visitantes conheceram um pouco sobre um dos mais completos acervos arqueológico e gemológico do país, além da primeira coleção de joias criada pelos profissionais que integram o Programa Polo Joalheiro do Pará.

Waçter Rodrigues ressaltou que o projeto pretende transformar em “fonte de inspiração” as observações sobre cultura, artesanato, natureza, arquitetura e demais características do Estado e da cultura paraense. “É uma fonte de reflexão, também, dos ciclos econômicos poderosos, da questão da natureza, que é um pilar absolutamente inegável de toda a cultura de vocês, dos sabores, cheiros... Mais pessoas terão chance de ter todo esse acervo e toda essa discussão facilitada através do projeto Iconografia Local”, completou.

Para Rosa Helena Neves, a visita técnica permitiu a socialização da experiência do Polo Joalheiro do Pará e do funcionamento do Espaço São José Liberto como território criativo amazônico.

Ao final, a direção do São José Liberto ofertou aos visitantes publicações e amostras de artesanato comercializadas no local, dentre elas - cuia regional inspirada em espécies de jabuti, em estilo indígena da aldeia Kayapó; estatueta de cerâmica marajoara, que representa uma figura humana; objetos decorativos de miriti; bombons de frutas regionais e "Varinha da Conquista", artesanato que serve de amuleto, criado e produzido por descendentes de índios da cidade de Soure, no Arquipélago do Marajó.  

Trajetória - O estilista Walter Rodrigues é reconhecido por suas criações, em especial os vestidos fluídos e longilíneos, inspirados nas silhuetas dos anos 30, bem como no seu fascínio pela cultura oriental. Suas coleções são comercializadas em lojas de multimarcas em todo o Brasil, dividindo espaço com outras marcas nacionais e internacionais. Em 1992 lançou a marca que leva seu nome, juntamente com Áurea Yamashita.

Seu trabalho inclui a pesquisa de novos materiais têxteis, pois acredita que o futuro da moda está na tecnologia, sendo a pesquisa primordial para o descobrimento de novas matérias, tingimentos e acabamentos. Desde 2012, data em que sua marca completou 20 anos, o estilista anunciou sua saída do “line-up” do Fashion Rio para seguir com seus projetos de consultoria.

É coordenador do “Inspiramais”, Salão de Design e Inovação de Materiais, realizado anualmente em São Paulo. O evento trabalha o desenvolvimento da identidade brasileira, e reúne profissionais envolvidos com moda do Brasil interessados em desenvolver produtos com assertividade em design e processos sustentáveis, criando diferencial para o mercado interno e externo e total conectividade com o consumidor final.

Em 2015, o Salão Inspiramais chegou a sua 11ª edição como parte do calendário da moda nacional, representando o lançamento oficial de materiais e produtos em que a indústria de componentes investiu e trabalhou um semestre inteiro, durante todas as etapas do Fórum de Inspirações. Representa o momento em que os fabricantes de calçados, bolsas, acessórios, vestuário e móveis têm o primeiro contato com as novidades desenvolvidas pela indústria brasileira de componentes para a próxima estação.

Walter Rodrigues também coordena o Núcleo de Design da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos. A Assintecal tem três décadas de atuação, e seu trabalho é reconhecido pela força do diálogo com todas as esferas de governo, pela consolidação do mercado internacional e a disseminação do conteúdo de moda, que inclui o desenvolvimento de produtos. A entidade responde por um setor que congrega 2.785 empresas.