Com foco na resiliência climática, Cosanpa expõe Prodesan Pará na Estação Amazônia Sempre
Ações sociais, inovação e financiamento internacional estruturam o projeto que beneficia mais de 1 milhão de pessoas
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) apresentou, nesta segunda-feira (17), os avanços do Prodesan Pará durante o evento “Construindo cidades amazônicas resilientes às mudanças climáticas: aliança em ação”, promovido pelo Fonplata – Banco de Desenvolvimento, na Estação Amazônia Sempre, no Museu Goeldi. A engenheira Tatiana Costa detalhou como o projeto, financiado pelo BID e Governo do Estado em 125 milhões de dólares, fortalece o saneamento em Belém, Ananindeua e Marituba e amplia o diálogo com comunidades diretamente impactadas pelas obras. A iniciativa integra a programação paralela que ocorre em Belém na segunda semana da COP 30, reforçando a presença do saneamento nas discussões climáticas.
Segundo Tatiana, o Prodesan Pará eleva o padrão de planejamento e operação da Cosanpa ao incorporar metodologias de escuta ativa em territórios urbanos e ribeirinhos. Ela destacou o trabalho na comunidade Maria Petrolínea, no bairro Curió-Utinga em Belém, onde cerca de 40 famílias — aproximadamente 200 pessoas — vivem às margens do rio. A comunidade foi incorporada ao Prodesan Cidadania, iniciativa que incentiva participação social e construção conjunta de soluções adequadas ao território.
“Sem diálogo e engajamento não é possível identificar a melhor solução. Essas famílias vivem às margens do rio que receberá o esgoto tratado de Belém, e isso exige responsabilidade social, ambiental e compromisso com a justiça climática”, afirmou.
A apresentação da Cosanpa foi um dos pontos centrais das discussões sobre a urgência de linhas de financiamento com condições diferenciadas, essenciais para que cidades amazônicas implementem projetos capazes de enfrentar os impactos das mudanças climáticas. O prefeito de Belém, Igor Normando, responsável pela abertura do evento, reforçou que a COP 30 é uma oportunidade estratégica para colocar o saneamento no centro da agenda global. “O saneamento está diretamente ligado à adaptação, à saúde e à justiça climática. Precisamos sair deste momento com projetos sólidos e parcerias estruturadas”, afirmou.
A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) também destacou essa necessidade ao apresentar o documento “Diretrizes para o Enfrentamento das Mudanças Climáticas”, parte da série Universalizar. O material reúne 60 recomendações desenvolvidas ao longo de um ano pelas companhias estaduais e orienta políticas públicas voltadas à resiliência hídrica, governança e financiamento climático.
O debate contou ainda com a participação da empresa Águas do Pará, representada pelo presidente André Facó, que destacou a importância da cooperação entre governo, concessionárias e bancos de desenvolvimento para acelerar a universalização. “Não existe cidade adaptada às mudanças climáticas sem saneamento resolvido. É a infraestrutura-base da resiliência. O Pará sai na frente ao combinar planejamento público, capacidade de captação privada e mecanismos de proteção social, como a tarifa social, garantindo justiça climática para os mais vulneráveis”, afirmou.
Representando o BID, a especialista Juliana Almeida ressaltou a relevância dos investimentos internacionais e anunciou pelo menos 1 bilhão reservado para iniciativas de adaptação e resiliência, além de mais de 5 bilhões de dólares aplicados em projetos na Amazônia, dentre eles, o Prodesan Pará.
O que é o Prodesan Pará?
O Projeto de Desenvolvimento de Saneamento do Pará (Prodesan Pará) prevê obras estruturais, modernização de sistemas, ações sociais em territórios vulneráveis, diálogo comunitário e iniciativas de equidade, como a Política de Gênero. O programa tem como objetivo ampliar a cobertura de abastecimento e esgotamento sanitário, reduzir perdas, fortalecer a resiliência hídrica e promover inclusão social nos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, beneficiando mais de 1 milhão de pessoas.
