Ambulatório da Mulher do HC celebra avanços na saúde cardiovascular feminina

No Dia Internacional da Mulher, celebrado no sábado, 8 de março, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, reforça seu compromisso com a saúde da mulher ao destacar o trabalho realizado em seu Ambulatório da Mulher Cardiopata. A iniciativa começou a ser planejada pela cardiologista Lucianna de Holanda em parceria com a ginecologista e obstetra Laises Braga e uma equipe multidisciplinar e busca oferecer cuidados especializados para mulheres com doenças cardíacas, com foco no planejamento sexual e reprodutivo.

A proposta do ambulatório é oferecer um atendimento integral e personalizado às mulheres que são pacientes referenciadas para o HC, em idade fértil, que enfrentam problemas cardíacos. "O ambulatório foi criado para atender mulheres com cardiopatias, orientando sobre os métodos contraceptivos mais adequados e realizando o acompanhamento de gestantes com cardiopatia já instalada", explicou Lucianna de Holanda. De acordo com ela, o hospital já realizava esse tipo de acompanhamento, mas não havia um espaço exclusivamente direcionado para as cardiopatas.

A equipe do ambulatório é composta por profissionais das áreas de cardiologia, ginecologia, psicologia, assistência social e enfermagem, trabalhando em conjunto para oferecer um atendimento completo e humanizado. "Nosso foco é garantir que as mulheres possam ter o controle sobre sua saúde reprodutiva, orientando desde o uso de métodos contraceptivos até a decisão sobre a viabilidade de uma futura gestação", afirmou.

As mulheres atendidas no ambulatório, recebem uma atenção especial, com exames regulares e acompanhamento contínuo. Entre as atividades realizadas, estão a análise dos riscos da gestação para aquelas com cardiopatias complexas, além do planejamento de tratamentos após o parto. Para algumas mulheres que apresentam contraindicações absolutas à gestação, o ambulatório oferece opções como a laqueadura, sempre com apoio psicológico e suporte da equipe de saúde.

A ginecologista obstetra Laises Braga, coordenadora da Obstetrícia Cardiológica do HC, enfatiza a importância do diagnóstico precoce no atendimento às mulheres com doenças cardíacas, especialmente para aquelas que estão grávidas ou planejando engravidar. "De forma positiva e até imperativa, devemos pensar que o pré-natal e a pré-concepção são de prioridade para a mulher portadora de cardiopatia. Ela vai não só prevenir as prováveis complicações que podem acontecer próprias da gravidez, inerentes à gravidez, mas também as complicações devido à cardiopatia", explicou.

Segundo Laises, durante a gravidez, a mulher tem uma série de alterações no seu sistema cardiovascular, o que pode implicar em sobrecarga do coração e prováveis complicações. "Por isso, é primordial que essa mulher planeje sua gravidez, tenha um acompanhamento cuidadoso com o cardiologista e com o obstetra durante toda essa gestação, parto e puerpério, pois no puerpério também pode haver alterações importantes para a mulher cardiopata", complementou.

Ana Caroline, 23 anos, mora em Imperatriz, Maranhão, e é acompanhada no HC desde os 10 anos, quando ainda morava no Pará. Grávida pela segunda vez, ela se sente mais segura e acolhida. "Na minha primeira gestação, eu senti muito medo, mas a equipe do HC me deu todo o suporte necessário. Agora, nesta segunda gravidez, me sinto muito mais tranquila, especialmente com o acompanhamento do Ambulatório da Mulher Cardiopata. Saber que tanto minha saúde quanto a do meu bebê estão sendo bem monitoradas me dá uma grande sensação de segurança", compartilha. "Eu só espero que tudo corra bem e que eu saia daqui com meu bebê no colo, para voltar para casa e encontrar minha outra filha me esperando", disse emocionada.

Importância do Diagnóstico - Laises Braga também destaca o papel fundamental do diagnóstico precoce na vida reprodutiva das mulheres com cardiopatia, especialmente no que diz respeito à escolha do método contraceptivo:

"O diagnóstico precoce de uma cardiopatia na mulher faz com que ela se prepare para a vida reprodutiva, caso ela queira engravidar. E para planejar a sua sexualidade e a família, também é importante, porque se ela fizer um diagnóstico precoce, jovem ou na adolescência, ela pode evitar gravidez e ter sua vida sexual tranquila, com mais segurança de que não vai engravidar, que vai poder cuidar de si mesma, da sua saúde. Assim, ela pode ficar menos angustiada em relação à gravidez e ter uma vida mais completa e tranquila. Tanto para a mulher que deseja ter filhos, como para aquela que não deseja, o diagnóstico precoce da cardiopatia é imprescindível para o seu planejamento sexual reprodutivo", destacou.

Além disso, ela ressalta a importância da colaboração entre os profissionais de saúde no planejamento familiar das mulheres com cardiopatias. "O diagnóstico precoce de uma cardiopatia faz com que o cardiologista possa guiar, dar parâmetros para o ginecologista sobre o melhor método contraceptivo, ou seja, aquele que não tem contraindicação. Lógico, quem vai decidir qual é o método contraceptivo melhor para ela é a própria mulher, mas é necessário que o cardiologista dê um norte para o ginecologista obstetra, para que ele possa apresentar para ela quais os métodos que ela poderá usar para evitar a gravidez ou para planejar uma gravidez", afirmou.

A importância da detecção precoce e do encaminhamento adequado dessas pacientes também é ressaltada por Lucianna. "Muitas mulheres não sabem que possuem doenças cardíacas até que um problema mais grave ocorra. Nossa missão é melhorar a identificação desses casos e garantir que as mulheres recebam o cuidado adequado desde o início de suas vidas reprodutivas", enfatizou.

Doenças cardiovasculares - Apesar dos avanços, Lucianna destaca que muitas mulheres ainda são subnotificadas em relação às doenças cardiovasculares. "A doença cardiovascular é a principal causa de morte entre mulheres, superando o câncer de mama, mas pouco se fala sobre a prevenção e o diagnóstico precoce. O nosso ambulatório, que existe há um ano, ainda atende um número reduzido de mulheres, o que é reflexo de uma falta de conscientização. Precisamos continuar educando e ampliando o conhecimento sobre a doença cardiovascular feminina", alertou a cardiologista.

Entre as mulheres, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 30% das mortes, superando o número de óbitos causados por cânceres ginecológicos, como o câncer de mama e o câncer de ovário. De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 300 mil indivíduos por ano sofrem de infarto agudo do miocárdio (IAM) no Brasil, com uma taxa de mortalidade de 30% desses casos. Estima-se que até 2040, o número de eventos de IAM aumentará até 250% no país, o que destaca a necessidade urgente de atenção à saúde cardiovascular feminina.

Serviço – O novo Serviço de Ambulatório Médico do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, funciona das 7h às 19h, na Avenida Rômulo Maiorana, nº 1717, entre as travessas Angustura e Barão do Triunfo.

Ele atende pacientes que receberam alta do HC, direcionados pelo Serviço de atendimento à Cardiologia e da emergência psiquiátrica, além de encaminhamentos pela Central Estadual de Regulação da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa).

Texto: Kelly Barros (Ascom HC)