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Hospital Oncológico Infantil destaca a importância do diagnóstico precoce

Até fevereiro deste ano, 822 pacientes estavam em tratamento no Hoiol 

Por Leila Cruz (HOIOL)
19/03/2024 10h11

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado exercem importante influência no prognóstico da doença oncológica pediátrica, elevando as chances de cura em até 80%. Mas ainda existe por parte dos profissionais de saúde a dificuldade em suspeitar de uma neoplasia nessa faixa etária. Segundo a oncopediatra Renata Barra, que  coordena o Serviço de Oncologia do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), o desafio é determinar os sintomas que alertam para a possibilidade da doença por serem os mesmos de outras patologias comuns da infância.

“Não existem exames de rastreamento para cânceres que acometem crianças e adolescentes, porém os pais devem monitorar febre sem causa aparente, dor de cabeça constante, manchas roxas, vômito, palidez e fraqueza. O pediatra deve desconfiar quando já descartou qualquer outra doença e esses indícios não melhoram com medicação, então encaminhar para um médico especialista para que sejam feitos exames específicos”, enfatizou a oncopediatra.

Cerca de 8 mil casos novos de câncer infantojuvenil devem ser registrados no Brasil para cada ano do triênio 2023/2025, conforme estimativas do Instituto  Nacional do Câncer (Inca). Até fevereiro deste ano, 822 pacientes estavam em tratamento no Hoiol. A Unidade de Alta Complexidade em Oncologia é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Apesar de ser considerado raro e compreender uma taxa de 2% a 3% de todas as neoplasias na maioria das populações, o câncer é a principal causa de morte por doença na faixa etária de 1 a 19 anos no Brasil. Não é possível preveni-lo. As chances de cura  são associadas ao diagnóstico precoce em fase inicial, visto que não existem evidências científicas de que a doença é causada por algum fator ambiental, como tabagismo, alcoolismo e infecções por papilomavírus (HPV).

Oncopediatra do ’Octávio Lobo (Hoiol)’, Renata Barra“A medicina dispõe de vários exames para rastrear câncer em adultos, mas quando se trata de câncer infantil essa possibilidade é nula. Então, o trabalho é pautado na prevenção secundária, ou seja, identificar os sinais e sintomas, fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado para o tipo de neoplasia maligna que acomete o paciente”, esclareceu a médica Renata Barra.

Os tipos histológicos do câncer infantil são distintos, as células sofrem a mutação no material genético e permanecem com as características semelhantes da célula embrionária, multiplicando-se de forma rápida e desordenada. Os principais tipos são as leucemias (principalmente as linfóides agudas), tumores do sistema nervoso central, os linfomas, os neuroblastomas, hepatoblastomas e o tumor de wilms. As crianças com algumas síndromes têm risco aumentado de desenvolver câncer, como as síndromes de Down, Fanconi, Kinsbourne e Neurofibromatose tipo 1.

Renata Barra também pontua que o tratamento também é diferenciado, isso engloba as drogas utilizadas e os protocolos clínicos. “As principais modalidades terapêuticas são a quimioterapia, a  radioterapia e a cirurgia. As neoplasias linfoproliferativas como leucemias e os linfomas são tratadas com quimioterapia e, em alguns casos,  pode haver indicação de radioterapia. Já a abordagem dos tumores sólidos contempla as três modalidades terapêuticas. Também são utilizadas  as drogas-alvo que agem diretamente sobre o tumor para preservar células  saudáveis do corpo  e causam menos efeitos colaterais do que as drogas convencionais”, disse.

“É importante lembrar que enquanto o câncer no adulto se desenvolve lentamente, na criança é muito mais agressivo. Isso acontece porque as células se multiplicam rapidamente, devido a fase de crescimento.  No entanto, respondem melhor aos métodos terapêuticos, porque tumores infantis são quimiossensíveis e radiossensíveis, portanto, há grande e rápida destruição de células tumorais”, elucidou.

A oncopediatra destaca ainda que o principal desafio é “fazer chegar informação em todas as localidades do Estado, capacitar os profissionais da assistência básica para suspeitarem de uma neoplasia nesta faixa etária e aplicarem a conduta adequada para confirmar a doença e encaminhar essa criança para receber o tratamento adequado em tempo hábil”.